Piolets – Qual escolher?

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A escalada em gelo e o moderno dry tooling necessitam um material sofisticado que se adapte sem contratempos a terrenos muito variados, porém de uma leveza e robustez tal que garantam sua facilidade de uso sem comprometer a segurança do escalador.

Obviamente que não é possível o alpinista ter um piolet para cada situação, mas sabendo de antemão qual o estilo de escalada que você mais gosta e conseqüentemente se desenvolverá mais, é muito mais fácil comprar o piolet certo.

História do Piolet

Em meados do século 19 os fabricantes que trabalhavam nas cidades aos pés das grandes alturas alpinas foram abordados pelos montanhistas que, a caminho das montanhas, pediam-lhes que modificassem as ferramentas, na época usadas para o trabalho no campo, em uma nova ferramenta mais leve e mais prática para o uso no gelo.

Assim nasceu o piolet!

A cabeça destas ferramentas era forjada a mão com o melhor aço que estas fábricas podiam dispor: recuperado das vias férreas, se elaboravam pacientemente dando quantidades enormes de marteladas. Mais tarde era acrescentado um cabo de sólida madeira e uma ponta também vinda da forja.

Apesar dos piolets de hoje estarem muito mais evoluídos, o desenho de base tem continuado igual, sendo substituído apenas o sistema de fabricação: Do artesanal para o industrializado.

Piolet de travessia. Muito útil como apoio e para parar uma queda em glaciar.

Utilização do piolet

O piolet possui três formas básicas de utilização:

Piolet Técnico Extremo – Muito utilizado para a escalada de cascatas de gelo

1 – Como apoio: É o chamado piolet de travessia. Possui um cabo longo e a ergonomia da cabeça e da pá é cômodo para as mãos, e tenha certeza que apesar deste ítem não parecer muito importante, depois de pouco tempo a diferença será notada. Se sua intenção é a de apenas utilizar o piolet como apoio, não escolha um cabo demasiadamente curto, abaixo dos 55 – 60 centímetros, pois nesse caso, será bem pouca sua serventia sobre uma crista afilada.

 

2 – Para talhar degraus: os antigos piolets eram mais pesados para esta finalidade, assim ficavam mais eficazes e “potentes”. Depois da invenção dos crampons e da evolução de técnica, esta operação é muito menos comum. De qualquer forma um “verdadeiro piolet” deve ser adequado para talhar no gelo apoios para os pés, para cortar uma cornija ou liberar o caminho de um trecho instável.

3 – Como ancoragem rápida no gelo: São os chamados piolets técnicos e é a forma mais comumente vistas em filmes e em fotos do uso do piolet, apesar de não ser tão comum assim na montanha. Esta forma é utilizada para quando se necessita usar o piolet como tração, ou em outras palavras, como se usaria um cliff numa escalada em rocha.

Lâminas e cabos de acordo com a atividade

Vários formatos de lâminas de piolets técnicos

Todas as Lâminas dos piolets técnicos atuais derivam da famosa curva catenária, empregada habitualmente na engenharia.

Os alpinistas as conhecem como “lâminas banana” por seu formato parecido com a fruta. Porém, em função da geometria do cabo, a inclinação da lâmina varia para facilitar a penetração, melhorar a tração, ou simplesmente a estabilidade quando o piolet é cravado ou quando é só apoiado em furos no gelo ou na rocha.

Quanto aos cabos, podemos dizer, a grosso modo, da existência atual de quatro tipos: o primeiro seria o reto, muito polivalente e válido para escaladas alpinas de gelo, mas especialmente para ascensões que alternem o uso de piolet entre tração e bastão.

O segundo formato é representado pelos piolets que, na parte inferior do cabo, justo no ponto no qual se empunham, possuem uma pequena curvatura que permite alojar a mão protegendo-a dos impactos e mantendo o punho em um ângulo de trabalho mais relaxado. Válidos para escalada em gelo e dry tooling.

O terceiro grupo inclui os piolets de cabo curvado, especialmente na parte superior (próximo da cabeça). O objetivo desta curvatura é permitir a adaptação da ferramenta a superfícies irregulares sem risco de que o cabo encoste em saliências fazendo inútil o trabalho da lâmina. Tratam-se de piolets adaptados tanto para gelo de cascata como de alta montanha.

O quarto grupo é o dos piolets de alta tecnologia, de cabo exageradamente curvado, pensados para conseguir uma estabilidade excepcional em ancoragens extremas de gelo ou dry tooling. Os cabos agressivos, com empunhaduras e desenho anatômico, protegem de forma incrível a mão do usuário, e as lâminas são tão finas que a penetração em todo tipo de gelo se torna uma simples brincadeira aonde se investe muito pouca energia. Contudo são piolets pouco úteis para a escalada em montanha, tanto pela sua falta de robustez, quanto pela periculosidade de ocorrência de um acidente.

Dragoneras: Um complemento imprescindível

Piolet Técnico. Excelente para escalada em montanhas com gelo de muita inclinação.

Embora atualmente os alpinistas mais destacados do mundo flertem com o vôo ao vazio eliminando as dragoneras de seus piolets técnicos, a verdade é que para escaladores médios ou de alto nível que busquem segurança em sua máxima expressão se trata de complementos imprescindíveis. A linha Charlet Moser oferece, basicamente, dois tipos de dragoneras: as fixas com o piolet (Saf Lock) e as automáticas, que podem ser separadas do cabo para facilitar operações como a colocação de parafusos (Saf Lock Clipper). A recomendação é empregar ao menos uma automática em um dos dois piolets: o empunhado pela “mão hábil”. O modo que for regulada a dragonera repercutirá no rendimento do piolet e a comodidade do usuário.

Como afiar o piolet

Usar uma lima de dentes finos e nunca uma grossa que pode danificar o tratamento térmico com uma temperatura excessiva. Quanto mais duro for o gelo, mais deverá ser afiado, contudo, também se desgastará antes. Pode-se dar à ponta um ângulo positivo ou negativo. Um ângulo positivo talha com maior facilidade o gelo, mas é mais frágil quando golpeia contra a rocha. Um ângulo negativo talha melhor os degraus sem permanecer cravado e em caso de uma autodetenção, devido a um possível escorregão, terá uma freada mais suave, sem trancos.

Considerações Úteis

Não aquecer nunca as partes de aço, por nenhum motivo, o tratamento térmico resultaria danificado e com isso a resistência e durabilidade do piolet.

Golpear o cabo do piolet contra os crampons para fazer a limpeza de eventuais acúmulos de neve pode danificar o verniz ou a borracha. Dentro dos limites razoáveis isso não compromete a integridade da ferramenta, somente seu aspecto estético.

Um piolet será um fiel aliado por longo tempo, procurar um modelo de boas características técnico-construtivas, com o tempo esquecerá o preço inicial e a cada investida à montanha levará consigo algo que vale a pena.

A Loja AltaMontanha é a uma das poucas, senão a única, a oferecer este equipamentos a seus clientes. Confira os piolets e crampons da Loja AltaMontanha.

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Sobre o autor

Texto publicado pela própria redação do Portal.

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