Ah! O que seríamos de nós, montanhistas, sem os fogareios?
Tudo começou em 1892, quando o primeiro fogareiro Primus foi inventado por F.W. Lindqvist. A idéia é bem simples (veja foto ao lado), são 2 ramos que dominam a tecnologia. O primeiro, usa um cano de vaporização que passa pelo queimador para se vaporizar. Vaporizado, o combustível alimenta o próprio queimador. O processo é alimentado por uma garrafa de combustível frio, que é pressurizada através de uma bomba de ar manual. O combustível vaporizado queima com muito mais intensidade que o líquido, deste modo, enquanto houver pressão no recipiente de combustível frio, o processo de queima será mantido. É necessário um empurrão inicial para que o processo comece. Isto é feito esquentando o cano que passa por cima do queimador.
O outro sistema é similar (Veja foto 3), mas não tem cano para vaporizar o combustível. No lugar, existe um radiador de alumínio, que transmite o calor e vaporiza o combustível diretamente na base do queimador. Em teoria, o calor transmitido pelo radiador (que é esquentado pela chama) é suficiente para vaporizar o combustível que entra ao queimador, mas na prática não é bem assim. Frio intenso pode esfriar o combustível antes dele ser queimado. Em outras palavras, não leve fogareiros com radiador para alta montanha. Em condições normais, o processo é até bem eficiente (ou mais eficiente) que o sistema com cano. Hoje em dia, seguindo o mesmo princípio, os fogareiros aproveitam o combustível da melhor forma possível. Empresas como a MSR (Mountain Safety Research) e a Primus, são responsáveis pela maior evolução no design e eficiência dos fogareiros à combustível líquido. Alguns deles queimam até diesel !
Leia as instruções do seu fogareiro para saber qual é o combustível ideal para ele. Se o seu fogareiro é um MSR, as instruções provavelmente recomendarão o uso gasolina branca MSR, no entanto, este aceitará o uso de qualquer tipo de gasolina. Segundo dizem, o uso de gasolinas convencionais diminui a vida útil do equipamento, pois corrói as partes metálicas. Mesmo assim, uso o meu há vários anos com gasolina de postos e não tive problemas. Ao comprar gasolina em postos, prefira a que tiver maior octanagem e menor quantidade de chumbo. A longo prazo usando gasolina com muito chumbo, haverão cristalizações, principalmente no cano de vaporização. As cristalizações começam a se desprender em forma de placas, somente após adquirirem certa espessura. Isso fará com que o seu fogareiro entupa constantemente, até não ser totalmente limpo.
O combustível ideal é a chamada gasolina branca. Esta é totalmente limpa tem uma octanagem superior a qualquer outro combustível disponível em postos de gasolina. Obviamente, é mais cara e mais escassa. Se o seu fogareiro aceita a queima de diesel, você vai ter um pouco mais de trabalho para acendê-lo. Geralmente este tipo de fogareiro tem um anel de lã de vidro para facilitar o acendimento no caso do uso de diesel ou acendimento em frio extremo.
Qualquer tipo de combustível inflamável deveria ser transportado em garrafas metálicas que são próprias para isso e aguentam pressão maior quando variam de altitude ou são bombeadas com ar. Outros tipos de garrafas plásticas são aceitáveis, desde que o polímero tolere o combustível e não se desfaça. As garrafas de refrigerante não são recomendáveis, já que o selo da tampa não tolera certos combustíveis e literalmente derrete. Ao queimar o fogareiro, o selo derretido se deposita no fundo da garrafa de combustível e se condensa no cano de vaporização do fogareiro. Em poucos minutos o fogareiro vai entupir e você vai ter um trabalhão para limpá-lo, tudo por causa de uma porcaria de selo de plástico!
Por sorte, as garrafas de combustível da maioria das marcas de fogareiros (MSR, Sigg, Optimus, Primus, Snow Peak), tem rosca compatível e você pode usar qualquer uma com qualquer fogareiro.
Whisperlite Internationale – MSR
O Whisperlite é um dos fogareiros mais baratos da MSR e caracterizado por funcionar com praticamente qualquer combustível derivado de petróleo. Como todos os MSR (menos o DragonFly), possui uma bomba plástica que não é uma maravilha, especialmente após muitos anos. Possui um cano blindado flexível que comunica o fogareiro à bomba. Se maltratado, este irá furar. A performance do fogareiro é muito boa em altitudes de até 6000 metros. O Whisperlite é desmontado facilmente para limpeza, e é bem compacto para transporte. A principal desvantagem do Whisperlite é o queimador que é grande demais e acaba desperdiçando muitas calorias pelas laterais da panela. O interior do cano de vaporização é preenchido por um cabo de aço usado para limpeza. Assim como a maioria dos fogareiros da MSR, este também tem desentupimento por agitação.
XGK – MSR
O XGK (foto 4) é uma obra prima! Ainda é possível encontrar o modelo velho (direita) no mercado. É o fogareiro de combustível líquido mais confiável em condições extremas. O modelo atual é a quinta geração de XGKs. Ele também tem um cano de vaporização e queima até altitudes de 6500 metros. A chama é concentrada, o que economiza muitas calorias. Esta lembra um maçarico. Por ter poucos ângulos pequenos no cano de vaporização, o XGK não tem tantos problemas de entupimento. O XGK é o fogareiro mais barulhento que já encontrei, é muito difícil conversar enquanto ele está funcionando.
A estrutura ao redor do queimador é flexível demais e acaba se deformando durante o transporte. Pelo fato do cano que liga a garrafa de gasolina ser rígido, o fogareiro é um pouco instável em terrenos irregulares, além de ser incômodo para transporte. A MSR vende uma base de metal para usar o XGK nestas condições. Recentemente, o XGK foi aperfeiçoado (passou a ser o XGK Expedition). O novo modelo (esquerda) tem a estrutura mais firme e o fogareiro ficou mais estável com as pernas novas, mas o barulho é o mesmo.
Nova – Optimus
Este caríssimo fogareiro da empresa sueca Optimus, seria perfeito se não usasse o sistema de radiador. Não recomendo o uso do Nova em grandes altitudes ou lugares muito frios. Fora o problema do frio, ele tem muitas vantagens. O cano que comunica a garrafa de combustível ao fogareiro é flexível. A bomba de ar feita em alumínio é excepcionalmente eficiente. As pernas são dobráveis e economizam espaço. A chama é concentrada, o que não desperdiça calorias durante a queima. A regulagem é muito sensível e de rápida resposta. O Nova possui um sistema de engate rápido com a garrafa de combustível. É o único fogareiro que conheço que tem desentupimento magnético.
Dragonfly – MSR
No Dragonfly, a pesquisa foi levada ao extremo pela MSR. Mesmo usando um sistema de radiador, este fogareiro é extremamente eficiente, porém é péssimo nas grandes altitudes e frio extremo. Dos fogareiros da MSR, este é o que oferece melhor regulagem à chama e resposta mais rápida à regulagem. Em contrapartida, o Dragonfly é o fogareiro mais pesado e mais caro da MSR. Vários combustíveis, até mesmo diesel, podem ser usados nele. A bomba de ar é a única da MSR que é diferente das outras.
Omnifuel – Primus
Este fogareiro foi a renascença dos fogareiros à gasolina da histórica Primus (foto 5). O grande avanço do Omnifuel, foi o de aceitar a maior variedade de combustíveis, mesmo latas de gás butano-propano. Praticamente, qualquer coisa que queime pode ser usada no Omnifuel. Alguns detalhes do Omnifuel não são tão perfeitos assim. O engate da mangueira (que é fina demais), tem detalhes demais que podem dar errado. Com o tempo, a mola da bomba acaba se desgastando e não fecha a saída de ar corretamente. Outro problema do Omnifuel é com o vento. Segundo a Primus, ele não precisa de proteção externa contra o vento pois isso já foi pensando no design. No entanto, uma brisa de 30 km/h já é suficiente para reduzir a potência absurdamente. O sistema de queima de combustíveis líquidos é de radiador. Para usar o Omnifuel com gás, basta trocar o engate e ligá-lo numa lata de butano-propano. Este detalhe faz o Omnifuel valer muito a pena.
FireJet – Sigg
O pior fiasco da Sigg. Praticamente todos os detalhes neste fogareiro foram mal pensados. Eu diria que as únicas vantagens do FireJet são, o design espiral das pernas, e o encaixe da mangueira de combustível, que é à rosca. Fora isso, é um fogareiro difícil de desmontar. Tem o cano de vaporização com rugosidades que permitem a cristalização de chumbo e isso causa entupimentos constantes. Além disso, possui um péssimo isolamento de calor na parte inferior. Apenas uma arruela de teflon flexível protege a sua barraca de uma catástrofe. Após alguns meses de uso, a arruela se deteriora e é necessário trocá-la, caso contrário, haverá vazamento de combustível. Como se não bastasse, o queimador é grande demais e desperdiça calor pelos lados. A trava da mola localizada dentro da bomba de ar é péssima e escapa com muita facilidade.
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MSR XGK | MSR Dragonfly | MSR Whisperlite | Primus Omnifuel | Optimus Nova | Sigg Firejet | |
Tempo para ferver 1lt. de água | 3.5 min | 3.5 min | 3.75 min | 3 min | 3.5 min | 4 min |
Lts. de H2O fervidos com 500ml de gasolina branca | 26.4 | 27 | 22.5 | 24 | 23 | 21 |
Comportamento em altitudes | muito bom até 6000 mt. | péssimo | bom até 6000m | regular até 6000m, ótimo com gás | péssimo | regular |
Peso Total | 489 gr. | 510 gr. | 411 gr. | 464 gr. | 434 gr. | 420 gr. |
De modo geral, fogareiros a combustível líquido não queimam muito bem em altitudes superiores a 6000 metros. No entanto, alguns modelos queimam razoavelmente bem a quase 7000. O oxigênio nestas altitudes não é suficiente e a maioria dos fogareiros falha na hora de queimar. O ideal, acima de 6000 metros, é usar fogareiros que funcionam com latas de gás. A mistura butano-propano parece ser a que melhor se comporta em altitude e frio extremo. Mesmo assim, à temperaturas inferiores a -20ºC, a mistura de gases queima com menos intensidade. Para piorar, a descompressão esfria o recipiente de gás mais ainda. Ainda assim, é a melhor opção em altitudes superiores a 6500 metros. A principal vantagem sobre os fogareiros à combustível líquido é no acendimento, que é instantâneo. Estes não poluem a sua barraca com monóxido e você não precisa cozinhar do lado de fora. Além de tudo são menores, mais leves e mais baratos que os de combustível líquido, fora o barulho.
As principais desvantagens estava no custo do gás, porém, com a popularização desse modelo de fogareiro, o custo vem baixando ano a ano. Atualmente, o cartucho é vendido por pouco mais de 3 dólares. A popularização também solucionou outro problema recente desse modelo de fogareiro: a escassez das latas de gás em lugares remotos. Hoje é possível encontrar estes modelos de cartuchos de gás mesmo nos locais mais remotos.
Também há casos em que a lata de gás (que teoricamente é descartável) é reaproveitada. Nepal e Paquistão são os atuais campeões no reaproveitamento de latas de gás. O problema é que nem sempre a válvula da lata se encontra em perfeitas condições após ser usado a primeira vez e isso se perpetua quando ele é reciclado. É muito comum que uma lata de gás reacondicionada vaze ou que você encontre uma que já vazou e não contém nem um terço do conteúdo original. Corrosões também são comuns. Há dezenas de tipos de fogareiros a gás. Existe uma infinidade de formas e tamanhos de queimadores. Alguns deles são “fogareiros de bolso“ após dobrados. Também existem muitos com acendedor automático (faísca elétrica). Particularmente, prefiro os mais robustos, que vão apresentar menos problemas após alguns anos.
Jetboil
Os fogareiros da Jetboil chegaram para revolucionar o mercado. São extremamente robustos e já são integrados à uma pequena jarra, suficiente para acomodar a refeição de um ou dois montanhistas. São leves e possuem indicadores de temperatura.
Porém, o grande diferencial desses modelos está no aproveitamento do calor gerado pelo gás. Com um sistema único de combustão, este fogareiro ferve 1 litro de água em menos de 5 minutos! O resultado? Comida mais rápida, neve derretida mais facilmente e um consumo bem menor de gás! E de quebra, possui um sistema que permite que seja utilizado pendurado na barraca. Isso pode não parecer tão atrativo para um camping ocasional, porém quando se está a 6 mil metros de altitude, com -20ºC fora da barraca, e um vento de 30km/h, faz toda a diferença…
O único porém, como tudo que é novo, é o custo, bem mais alto que dos concorrentes menos imponentes. Porém, para quem dispões de mais recursos financeiros, é um produto muito interessante.
Cozinhando em altitudes
Cozinhar em altitudes exige muito jogo de cintura. Como falamos, a -30ºC é inconcebível cozinhar do lado de fora da barraca. Não é nada fácil manter um fogareiro de pé com uma panela no topo, dentro de uma barraca onde escaladores se contorcem para entrar, sair, dormir e se equipar. Além de tudo isso, muito calor é desperdiçado pelas laterais da panela ao cozinhar. A Jetboil tem seus kits com radiadores que economizam calorias, mas nós também podemos construir a nossa própria cozinha de altitude utilizando um fogareiro ClassicTrail da Primus, como vítima.
Qualquer um pode construir esta “cozinha de altitude“ em 10 minutos (Veja foto ao lado). Não leve as medidas dos cabos e tamanhos das panelas no desenho tão a sério. O objetivo do texto é passar o conceito somente.
Material
- fogareiro com rosca para latas de gás
- panela e pegador de panela
- uma panela um pouco maior do que a que você escolheu acima
- 1,5 mts de cabo de aço fino. Calcule de acordo com a altura do teto de sua barraca.
- 12 cm de cano de cobre de diâmetro pequeno
- um mosquetão velho
- uma furadeira com alargadores para fazer furos de 2 cm de diâmetro na panela
- um alicate
- paciência
- autorização da mãe, pai, esposa(o) ou namorada(o) para usar a panela
Construção
Fure a panela maior exatamente no meio, no diâmetro do encaixe entre o fogareiro e a lata de gás. A idéia é colocar o fogareiro do lado de dentro e a lata do lado de fora e poder rosquear os 3 juntos, sem que haja vazamento de gás e a lata de gás fique folgada. Ao lado do furo, faça um furo razoavelmente grande para que você possa abrir e fechar a válvula de gás. Não faça o furo muito perto ao furo central para não perder resistência na panela. Faça outros furos menores ao redor de onde mais ou menos fica o queimador do fogareiro, estes serão para a entrada de ar. Faça 3 furinhos na borda da mesma panela, a cada 120 graus. Corte o cabo de aço em 3 partes iguais. Corte o cano de cobre em 6 partes iguais, sem amassá-lo. Passe o cabo de aço por dentro do canos de cobre, por dentro do buraquinho da panela e volte o cabo de aço para dentro do cano de cobre. Amasse-o com o alicate. Repita o processo para os buracos e também para o mosquetão na outra extremidade dos cabos de aço.
Pronto! pendure ele do meio da sua barraca e cozinhe! O ideal é usar uma panela de 2 litros, onde você pode colocar o fogareiro, o pegador e os cabos de aço dentro, assim economizando espaço na hora de transportar. A principal vantagem da cozinha é a economia de calorias. Além disso, você pode cozinhar com tempestades do lado de fora que fazem com que sua barraca se mexa muito.
Será um método bem eficaz, quase um Jetboil! 😉
- Atenção, jamais deixe um fogareiro aceso sem supervisão. As coisas só vão dar erradas quando você não estiver por perto.
- De nada adianta um bom fogareiro se não se pode fazer fogo. Leve mais que um isqueiro à montanha, pois este vai falhar mais cedo ou mais tarde. Isqueiros são péssimos em altitudes extremas, fósforos ainda continuam sendo a melhor opção. Uma boa opção, tendo como reserva, é uma pederneira… Funcionará mesmo se molhada!
- Se você quiser acender o seu fogareiro à combustível dentro da sua barraca sem fazer fumaça, pode usar álcool para esquentá-lo, e somente então abrir a válvula de combustível para acendê-lo normalmente.
- Se você usa um fogareiro a gás, sempre lembre de deixá-lo do lado de fora durante a noite. Uma válvula mal fechada ou uma imperfeição no anel de borracha pode fazer que seja a sua última noite.
- Ao fechar a válvula do seu fogareiro à combustível líquido, levante a garrafa (de modo que fique mais alta que o fogareiro), assim você consegue esvaziar o cano cheio de combustível e ao desconectar o engate à garrafa de combustível , ele não vai vazar na sua mochila.
- Se você pendurou o seu fogareiro a gás do teto da sua barraca usando o esquema acima, pode resolver o problema do congelamento das latas de gás usando uma vela posicionada 50 cm abaixo do recipiente de gás. Isso vai gerar calor suficiente para esquentar a lata de gás e melhorar a combustão (além de iluminar a sua barraca). Mas CUIDADO para não explodir a lata!
- Não é necessária muita manutenção em novos modelos de fogareiros à combustível líquido. No entanto, se você usa gasolina que tem chumbo e tiver tempo, limpe o cano de vaporização com o cabo de aço que vem com o fogareiro, mas cuidado para não danificar o cano. O pistão da bomba de ar geralmente contém um selo de couro, que precisa ser lubrificado periodicamente, caso contrário este não vai bombear ar dentro da garrafa de combustível. Você pode usar o óleo que vem com fogareiro para isso, mas se você o perdeu, óleo de cozinha ajuda muito.
- No caso de entupimentos em excesso causados por chumbo que cristalizou no cabo de aço que fica dentro do cano de vaporização (no caso de alguns modelos Sigg, também o Whisperlite, XGK e vários outros da MSR), é possível usar o seu fogareiro sem ele. Como o volume de combustível que permanece no cano é maior neste caso, haverá um golpe de pressão e a chama vai ter picos de maior ou menor intensidade. Há melhor condução de calor e melhor vaporização de combustível com o cabo de aço presente, principalmente quando se usa o fogareiro em frio intenso.
- Há dezenas de tipos de neve. Normalmente você vai precisar entre 2,5 a 3 litros de neve para cada litro de água, e isso demora até meia hora por litro. Use o saco de sua barraca para coletar neve.
- Tenha em mente que a cada 1000 metros de altitude, a temperatura de ebulição da água diminui 3ºC. Portanto, se você toma chimarrão, a sua altitude ideal é de 5853 metros (é onde a água ferve a exatamente 80ºC).
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Veja abaixo um vídeo do sistema de fogareiro em altitude funcionando!
Texto: Maximo Kausch