:: VEJA MAS – CERRO ACONCAGUA – HOTSITE SOBRE A MONTANHA MAIS ALTA DOS ANDES
O ponto mais alto das Américas, a maior montanha ao sul do mundo ou ainda a montanha mais alta do mundo fora do Himalaia, estas são algumas das muitas formas de se referir ao Aconcágua, montanha que localiza-se na província de Mendoza na Argentina, a poucos quilômetros da fronteira com o Chile.
Com 6.962 metros de altitude, esta incrível montanha foi conquistada em 1897, mas foi só a partir de 1934 que o feito passou a ser repetido de forma mais constante. Atualmente, a montanha tem sido palco de impressionantes ascensões em tempos recordes, além de consistir em cenário de superação para as mais de 5 mil pessoas que procuram um bom desafio todos os anos.
Como já comentado aqui anteriormente, o Aconcágua é muitas vezes considerado uma montanha fácil, ao menos considerando a sua exigência técnica. Mas não se deixe enganar, a altitude desta montanha exige muito física e psicologicamente e ter um bom planejamento, um ótimo preparo físico e estar bem equipado são determinantes para o sucesso de sua expedição.
Sendo assim, para ajudar você a estar mais bem preparado, montamos esse guia completo para que você saiba exatamente quais equipamentos irá precisar, seja para os 40 km de aproximação, para os acampamentos base e também para o dia de cume.
CABEÇA:
A cabeça é uma das extremidades do corpo e merece muita atenção no momento de se equipar. Lembre que além do frio, a altitude também aumenta a incidência de raios UV durante a ascensão no Aconcágua e a cabeça está entre as partes mais afetadas.
Óculos e Goggles:
Um bom óculos de sol é essencial para a sua expedição, já que além da maior incidência de raios ultravioleta, há também o reflexo da neve, que é muito prejudicial para a córnea. É necessário que o seu óculos possua boas lentes – de preferência de categoria 3 ou 4 – e que ele seja bem fechado, não é obrigatório o uso daqueles modelos com a proteção lateral, mas sim que se adapte e “feche” bem no seu rosto, sem a presença de vãos para entrada da luz. Em ambientes extremos, é muito fácil de perder os óculos, por isso não esqueça de levar um suporte que o mantenha preso ao corpo, é um item simples mas que pode evitar um grande problema.
Para momentos de tempestade e muita neve, entretanto, os óculos não são capazes de evitar a sua entrada e torna-se necessário a utilização dos Goggles ou Viseiras de ski, estas possuem lente dupla e de bom bloqueio da luminosidade.
Para quem utiliza óculos de grau, lembramos que existem algumas viseiras em que é possível utilizá-los ao mesmo tempo e também que a marca Julbo fornece opções em que pode ser acoplado um clip ótico, permitindo a proteção sem que tenha de recorrer a lentes de contato. E se você quiser saber mais sobre as lentes Julbo, clique aqui e veja este review.
Bandanas:
As bandanas são muito versáteis e devem ser utilizadas para evitar a exposição solar, proteger contra poeira e fornecer certo isolamento térmico. Recomenda-se a utilização das bandanas do tipo neck tube, que são mais versáteis e possibilitam a utilização em conjunto de uma para proteção do pescoço, boca e nariz e outra para proteção da cabeça. Como item opcional para o dia do cume indica-se também a balaclava, que exerce a mesma função que as duas bandanas juntas mas com maior isolamento, mas é importante ficar atento ao tamanho e flexibilidade da abertura deste item, pois pode acabar “sufocando” e gerando um desespero desnecessário. Para sua proteção completa contra os raios solares é opcional o uso de chapéu ou boné do tipo legionário para aproximação. Já para o frio, é importante levar ao menos um gorro de lã ou polartec para uso principalmente no acampamento.
Protetores:
Um dos problemas na altitude além das queimaduras pela alta incidência de raios UV, são os lábios rachados em decorrência do frio. Por isso, é indispensável um protetor labial e a utilização de um bom protetor solar também, dois itens simples e que podem fazer toda a diferença.
Capacete:
Apesar de o Aconcágua não exigir que se escale para a sua ascensão, durante o ataque ao cume existem dois pontos em que é comum o deslize de pedras, então é importante que você esteja utilizando um capacete de escalada para evitar qualquer tipo de acidente.
Como é mais comum a movimentação em momentos noturnos para evitar muita exposição e fugir do mau tempo na montanha, é obrigatório a utilização de uma boa lanterna, mais especificamente uma boa lanterna de cabeça para facilitar o manuseio de seus equipamentos. Para escolher a melhor lanterna para você, lembre-se que além da quantidade de lumens, é importante prestar atenção também à qualidade do LED. Há marcas mais especializadas em escalada como Petzl, Black Diamond e Beal, que possuem luminosidade superior à outras lanternas mais comuns, mesmo com indicativo de lumens inferior. Outro ponto importante é atentar ao índice IP – você pode saber mais sobre ele aqui – que indicará qual lanterna terá mais resistência à água e poeira, afinal você estará em um ambiente cercado por ambos. Como não existem pontos de carregamento, as lanternas técnicas possuem sempre carregamento por pilha, portanto não esqueça de levar ao menos uma reposição e dê preferência para pilhas de lithium que apresentam durabilidade maior em ambientes de altitude.
TRONCO
Por conta da alta incidência de raios solares em um ambiente de grande altitude, existe uma grande variação de temperatura durante a subida do Aconcágua. Por isso é recomendado a vestimenta em camadas – que serão 3 ou 4 – já que facilita que se retire ou coloque as peças rapidamente.
Camisetas:
Para a parte superior do corpo, é interessante levar ao menos três camisetas manga longa do tipo “dry” para a aproximação do Aconcágua. Há diversas marcas e tecnologias neste tipo de camiseta, portanto dê preferência para aquelas com boa proteção contra raios UV e que sejam capaz de eliminar a umidade e o mau cheiro.
Segunda Pele:
Obrigatório também é que se tenha boas blusas de segunda pele, podendo ser uma versão mais grossa para quando se estiver parado no acampamento e uma não tão grossa para momentos de aproximação. Assim como nas camisetas, há diversos materiais de segunda pele e a escolha daquele com uma boa transpiração, fará com que ele atue junto da camiseta para maior evaporação do suor.
Fleece:
A próxima camada fica por conta de um fleece – aquele tecido peluciado – e deve-se priorizar pelo seu formato em jaqueta – o que possui zíper da gola até a cintura – pois permite que se retire mais facilmente. Os fleeces são encontrados em diferentes gramaturas (100, 200, 300) – quanto maior este número, maior será a “grossura” do material. Deve-se observar junto desta medida a tecnologia empregada, já que algumas como o Polartec são capazes de aumentar ainda mais o poder de isolamento, sem que precise de uma peça mais grossa e volumosa.
Anorak:
Considerando o trecho até a base do Aconcágua, a camada seguinte é o Anorak, após este trecho passa a ser necessário a utilização de uma jaqueta de pluma. A função do Anorak é proteger contra o vento, que fica cada vez mais constante e agressivo com a altitude, bem como proteger contra neve e tempestades. Sua principal diferença para um corta-vento é o selamento das suas costuras e a existência de uma membrana que confere maior impermeabilidade. Existem diversos tipos de membranas (Gore-tex, eVent, Drytex, Omni-Dry), com diferentes tecnologias, que irão permitir maior ou menor impermeabilidade aliada com uma capacidade melhor ou pior de transpiração. Lembre-se que todas estas camadas atuarão juntas para permitir a dispersão da umidade enquanto mantêm o isolamento da temperatura corporal. Outro ponto importante para escolha do seu Anorak, além do tipo de membrana, é entre uma peça mais fina – como o anorak Dryzzle – ou então um mais “parrudo” do tipo hard shell como o L5 da The North Face ou o Tempest da Solo. Esta escolha dependerá do tipo de atividade que se planeja: quem pretende passar por trechos de escalada em que haverá muita abrasão na rocha deve dar preferência aos anoraks mais grossos e resistentes, enquanto quem planeja ir mais leve e deseja uma opção mais versátil, pode optar por modelos mais leves.

Anorak usado para isolar do vento e da umidade da neve.
Jaqueta de pluma:
Por último e com certeza não menos importante, você irá precisar de uma jaqueta de pluma pesada para uso a partir da base do Aconcágua. Este tipo de jaqueta não é encontrado com tanta facilidade e é comum que se confunda com jaquetas de pluma mais leves. Dentre os modelos disponíveis atualmente, a mais indicada para fazer o cume do Aconcágua com segurança seria a Parka Himalayan que faz parte da Summit Series da The North Face, que possui também membrana corta-vento, que evitará a queda de sensação térmica mesmo sem a utilização de Anorak, embora não o substitua. A pluma de ganso, além de ser uma opção leve e muito compactável, continua sendo o melhor isolante disponível, mesmo com o surgimento de novas tecnologias como o Primaloft e o Thermoball, isto porque quanto maior o fill power da pluma – 600, 650, 700, 800 – e maior a sua quantidade, maior também será a camada de isolamento gerada pelo ar que permeia o material. É imprescindível também que esta jaqueta seja com capuz, pois este ajuda a criar um “microclima” na região da cabeça.
O uso do anorak a partir da base do Aconcágua deve ser feito por cima da jaqueta de pluma em situações de muito vento, tempestades ou muita neve. Caso o clima se torne seco, é possível deixar o anorak de lado ou utilizá-lo por baixo da jaqueta.
Como item opcional, podem ser utilizadas também jaquetas de pluma mais finas, que são leves e super compactas, mas que não substituem a pluma mais grossa. É importante ressaltar que mesmo que estas jaquetas mais finas possuam o fill power, que é o poder de “expansão” da pluma, maior que de uma jaqueta mais pesada, esta medida não é determinante, visto que a quantidade de pluma empregada ainda é mais relevante.
Calças:
Para uma boa proteção da parte inferior do corpo, também se utiliza a vestimenta por camadas, entretanto estas serão diferentes que as do tronco, já que na parte inferior do corpo costumamos sentir menos frio, portanto calças de pluma de ganso podem ser dispensadas.
Segunda pele:
Uma boa calça segunda pele é importante tanto para o dia do cume, como também para dormir e ficar no acampamento. Uma segunda pele mais grossa pode ser boa para utilização durante a noite, mas prejudica muito nos momentos de ascensão, portanto é mais recomendável a utilização de segunda peles mais finas, mas feitas em material confortável e de boa transpiração.

Segunda pele e roupas de fleece – Fonte: Depois dos quinze
Calça de trekking:
Calças de trekking comuns – até três pares – serão necessárias principalmente para a aproximação ao Aconcágua, podendo ser utilizadas as calças-bermuda que são mais práticas e versáteis para a variação climática.
Calça de fleece:
Uma calça de fleece grossa será utilizada junto da segunda pele, apenas para o dia do cume, por conta da temperatura. São interessantes calças com tecnologias como o Polartec®, que criam uma camada de isolamento maior através de uma peça mais leve.
Calça anorak:
Externamente deve-se utilizar uma calça anorak para proteção contra ventos e tempestades, principalmente para o dia de ascensão ao cume. A escolha deste tipo de calça passa pela análise dos mesmos tipos de membrana que a jaqueta anorak, então é importante a preferência por uma opção com boa resistência a abrasão e que seja capaz de trabalhar junto com as outras camadas para evaporação da umidade.
Em resumo, as camadas da parte inferior do corpo para o Aconcágua seriam assim:
- Calça de trekking + Calça Anorak (em caso de chuva. neve ou muito vento) → Aproximação
- Calça segunda pele + Calça de fleece + Calça Anorak → Dia do cume
A depender da sensação térmica de cada um, será necessário também a utilização da segunda pele durante outros trechos de ascensão.
PÉS:
Para os pés precisaremos, basicamente, de dois tipos de meia, dois tipos de bota e um par de crampons.
Meias:
Serão necessários cerca de 4 pares de meias de trekking para a aproximação e idas e vindas entre acampamentos. As meias específicas para longos trechos costumam ter algumas características em comum, como a ausência de algodão, pois este absorve a umidade e aumenta a chance do surgimento de bolhas, e a presença de tecnologias como o coolmax, uma microfibra que proporciona alta respirabilidade e ajuda no gerenciamento de umidade, dando maior sensação de conforto e frescor. Além disso, existem as meias que também possuem lã, ideais para ambientes de clima frio, especialmente para as noites. Neste caso destacam-se as meias de lã merino, uma lã específica que tem a capacidade de regulação térmica.
Um par de meias grossas é obrigatório para o dia do cume. Este tipo de meia é muito específica, feita com tecnologias como o Polartec®, e justifica-se a sua necessidade por consistir em extremidade do corpo que, quando mal protegida, provoca incômodo constante e capaz de afetar muito o psicológico do montanhista. Existem meias famosas como a Lorpen Polartec® Trekking & Expedition, mas outros modelos também são indicados, o importante é que seja uma meia grossa e com tecnologias de alto isolamento aplicadas.
Um ou dois pares de meias liner também podem ser utilizados junto dos dois outros tipos citados acima. Liners são meias mais finas cujo objetivo é evitar bolhas, pois o atrito ocorrerá entre esta e a meia externa, ao invés do atrito com a bota, mas o seu uso não é obrigatório.
Botas:

Bota de trekking na aproximação do Aconcágua. Foto Pedro Hauck
Para a aproximação deve-se utilizar uma boa bota de trekking, preferencialmente impermeável e que já esteja amaciada. É importante lembrar que quanto mais irregular o terreno, como o é no Aconcágua, mais estável deve ser a bota, então é recomendado botas com uma boa altura de cano e que promovam boa segurança na pisada, o que não significa que elas devem ser completamente rígidas.
Durante a ascensão ao Aconcágua aí será obrigatório o uso de uma bota dupla, frequentemente chamada plástica, ou uma bota tripla. Estas botas possuem diferentes camadas, dentre elas geralmente uma plástica, com o objetivo de fornecer maior isolamento e proteção ao montanhista. Alguns modelos são bem comuns nesta montanha como a Scarpa Inverno e a La Sportiva G2, mas existem outros modelos que também são recomendáveis, desde que sejam ao menos duplas.
Crampons:
Caso tenha neve no dia do cume, será necessário utilizar um par de crampons. É importante que se realize testes para saber se o tipo de crampon que você alugou ou adquiriu caiba na bota que pretende se utilizar. Para quem possui pés com numeração mais incomum, é importante levar o crampon até a loja antes de comprar ou alugar a sua bota também. Não se exige um tipo de crampon específico, não sendo necessário aqueles mais agressivos, que tem a ponta para frente para fincar no gelo durante escaladas, podendo ser modelos que possuem esta ponta inclinada para baixo, cujo propósito maior é o trekking na neve. Quanto às técnicas para o uso, certifique-se de estar acompanhado de guias especializados que irão explicar detalhadamente a forma de utilizar este equipamento.
MÃOS:
Para as mãos serão necessários dois pares de luvas, sendo um par de luvas mais finas e um par de mitons.
A luva mais fina pode ser em fleece ou polartec, e não será exatamente em material fino, mas sim que possibilite o manuseio fácil de equipamentos. Já para maiores altitudes e para o dia do cume, é necessário o uso da luva tipo miton, que não possuem separação entre os dedos e é feita em pluma de ganso, como Miton Black Diamond Mercury. Assim, mantém-se os dedos agrupados, sem perder calorias entre eles, já que uma baixa temperatura em ambientes de altitude como o Aconcágua, tem efeitos diferentes que a mesma temperatura em altitudes mais baixas – o sangue torna-se mais espesso e demora mais para chegar às extremidades, por conta do maior número de glóbulos vermelhos e da desidratação – por isso é necessário que se utilize este tipo de luva. Este miton ficará fixado ao seu pulso, tornando fácil a sua retirada quando for necessário manusear equipamentos com a outra luva.

Mitons usados durante o ataque ao cume do Aconcágua.
Outro item recomendável para as mãos, são os hand warmers, “bolsinhas” que quando abertas criam uma reação química em contato com o oxigênio, gerando calor. Você deve colocar estas bolsinhas dentro do miton, em contato com a luva interna – nunca com a mão exposta – e este calor será gerado por até 8 horas, tempo que, em ambiente de altitude, pode ser menor, então é recomendável que se leve 2 para cada mão.
HIDRATAÇÃO:
Desidratação, congelamento, edema pulmo nar, edema cerebral, são todos problemas que podem ser evitados durante o Aconcágua com o consumo de água, neste caso, muita água. Isto porque a água evita que o sangue fique muito espesso, prevenindo tais problemas e auxiliando na aclimatação.

Garrafa térmica, um item importante.
Existem pontos para recarregar água durante a ascensão, mas é recomendado que se leve recipientes que comportem pelo menos 3 litros. São indicadas garrafas resistentes – como a Calmelbak Chute – e de preferência com boca larga, para facilitar a limpeza e a adição de suplementos, bem como evitar congelamentos. É possível levar os sistemas de hidratação, mas seu uso se limitara à aproximação, pois com a altitude as chances de congelamento da mangueira são grandes. Para o dia do cume é recomendado a utilização de uma garrafa térmica que, apesar de também possuir chances de congelamento na rosca da tampa, possibilitará o consumo de água. Existem diversos tipos de garrafas térmicas, mas o que as diferencia é a existência de uma boa “parede” de vácuo, que nas melhores marcas costuma ser dupla e não se perde com o tempo.
A água existente no Aconcágua possui menos minerais do que a que estamos acostumados no Brasil, então é provável que o corpo tenha dificuldades em se adaptar e que sejam necessários mais litros de água para uma melhor hidratação. Para diminuir este problema, é possível a utilização de alguns suplementos minerais para melhorar a absorção. Em compensação, não há registro de água contaminada no Aconcágua, não tornando o purificador (Clor-in) obrigatório, com a exceção do acampamento de aproximação em Confluência, no qual existe muito Magnésio, cuja ingestão pode causar diarreia, mas que não pode ser combatido com este item.
PARA DORMIR:
O saco de dormir que deve ser utilizado no Aconcágua deve ter -20°C de temperatura de conforto, lembre-se de não confundir esta com a temperatura extrema, que é aquela que você aguentaria por até 6 horas antes de ficar hipotérmico. Nesta temperatura será mais provável que se encontre sacos de dormir de pluma de ganso, que assim como as jaquetas, conseguem fornecer o melhor isolamento, ao mesmo tempo que são mais compactáveis.e mais práticos de carregar. Alguns sacos de dormir para esta faixa de temperatura se destacam, como o Deuter Astro Pro 1000 e o The North Face Inferno -29.
Um bom saco de dormir perderá muito de seu efeito se não for acompanhado de um bom isolante térmico também. É importante priorizar pelo isolamento antes que o conforto, visto que existem diversos tipos de isolantes infláveis ou auto-infláveis que são mais altos e confortáveis, além de serem pequenos e leves para o transporte, mas que podem apresentar baixo índice de isolamento. O fator R é uma classificação de capacidade de isolamento encontrada nos isolantes da marca Sea to Summit, em qual varia-se a classificação de 0 a 5. Em outras marcas não é fornecida a capacidade ao certo de isolamento, mas costuma-se priorizar por isolantes que possuam tecnologias como o Thermolite ou ainda aquele com tecido refletivo como Naturehike Egg Crate. Para quem já possui isolante inflável ou auto inflável, é importante que se utilize um isolante mais simples por baixo, para proteger contra qualquer tipo de furo ou rasgo que pode ser provocado pelas pedras do trecho, já que tratando-se de ambiente de altitude, não haverá forma fácil de identificar o possível furo ou rasgo, pois não há como mergulhá-lo na água.

Dentro da barraca em Nido de Condores
EQUIPAMENTOS DIVERSOS:
Apesar dos vários itens já citados, existem também vários acessórios, tanto obrigatórios quanto opcionais para que a sua ascensão ao Aconcágua seja mais agradável.
Um par de bastões de caminhada será utilizado tanto na aproximação quanto nos momentos de subida na montanha. É recomendável utilizar bastões de ajuste por meio de trava externa, ao invés da trava por rosca, já que além do travamento por rosca apresentar mais problemas em geral, é comum também o seu congelamento quando em altitude. É importante também a utilização do disco que acompanha o bastão e é rosqueado na sua parte inferior, que tem por função aumentar a superfície de contato para terrenos com neve (não é obrigatório o uso daquele disco maior, sendo o pequeno já suficiente, pois no Aconcágua, apesar das tempestades não é comum neve muito fofa). Lembre-se também que aquela borracha na ponta do bastão é apenas para proteção ou para uso em ambientes de preservação da rocha – como no Machu Picchu – e que uma boa ponta, feita em tungstênio ou vídia, aumentam a tração durante a caminhada.
Caso tenha gelo no dia do cume, será necessário levar um piolet, para proteção em casos de queda. Não deve ser do tipo piqueta – aqueles mais curvos e “agressivos” para escalada em gelo – mas sim modelos semi-curvos e mais compridos, chamados de piquetas de travessia. Assim como o crampon, certifique-se que os guias que te acompanharão saibam repassar a técnica para devida utilização deste produto.
Para carregar todos estes itens será necessário uma mochila cargueira, sendo suficientes as opções a partir de 55L. O investimento em uma boa mochila cargueira, apesar de alto, é determinante para um ascensão confortável. É imprescindível que a mochila possua uma barrigueira estruturada e confortável, fornecendo ótima transferência de carga para a região do quadril, que é onde você deve sentir o peso. Por tratar-se de local com condições extremas, é interessante prezar por opções feitas em nylon resistente para dar conta da abrasão Sempre que possível, recomenda-se experimentar as mochilas antes da compra, principalmente simulando o peso que será carregado, pois o encaixe será muito pessoal, de acordo com o corpo de cada um.
Muitas pessoas questionam se seria interessante levar uma mochila de ataque para poder utilizar no dia do cume. Ao contrário de outras montanhas, para a ascensão ao Aconcágua, a mochila de ataque acaba não sendo interessante, já que será um peso extra que você deverá carregar durante toda a excursão. Além disso, por conta do frio, o próprio costado de uma mochila cargueira, acaba sendo um bônus no seu conforto térmico.
Os rastreadores da Spot são também muito interessantes para uma excursão como essa, embora não sejam obrigatórios, pois manterão seus familiares e conhecidos sempre informados e atualizados. Dentre suas funções estão o envio de sua localização atual que podem ser programados para até 2 minutos e meio; botão de resgate para situações de emergência; botão de “OK” para acalmar quem te acompanha de longe e até envio de mensagens por satélites disponível na versão Spot X.

Mochila cargueira no Aconcágua. Foto Pedro Hauck
Para manter seus eletrônicos e outros itens pessoas importantes secos, é importante levar pelo menos dois sacos estanques, que além da impermeabilidade, podem ser utilizados como organizadores em sua mochila.
Um dos fatores cruciais para que você consiga chegar ao cume do Aconcágua, é a sua alimentação. Em ambientes de altitude, é muito comum que as pessoas sintam falta de apetite, já que as condições extremas afetam muito psicológica e fisicamente. Para diminuir este fenômeno, é muito importante que você leve comidas liofilizadas nos sabores da sua preferência. Devem ser comidas liofilizadas por conta da leveza que proporcionam e da praticidade no preparo (em altitude elevada podem ser necessários 5L de neve para obter 1L de água, portanto é bom facilitar). Além disso, também pensando em manter o seu apetite e melhorar os fatores psicológicos, recomendamos que sejam levados mais ou menos 2kg de snacks, as famosas besteiras como batata chips, chocolate, entre outros que sejam de sua preferência, doces e salgados.
Apesar de não ser muito baratas, existem duchas disponíveis nos acampamentos e caso pense em utilizá-las, não há nada melhor do que as toalhas para trekking, que além do tamanho reduzido, possuem secagem incrivelmente rápida.

Duffel Bag
A lista é longa, mas já estamos chegando ao final e você deve estar se perguntando aonde é que todos os itens serão carregados. A resposta para esta pergunta é o Duffel Bag, ou então bolsa marinheira, este tipo de bagagem deverá ter pelo menos 120L e deve ser muito resistente, já que será carregada por mulas. Por isso são recomendadas as opções feitas em material como o vinil que apresenta altíssima resistência à abrasão e à água. Será sempre interessante buscar por opções totalmente impermeáveis, que são poucas no mercado, ou então pelas mais resistentes, para maior proteção dos equipamentos em caso de chuvas.
Por último, é sempre interessante que sejam levados alguns medicamentos para uso pessoal, complementando o kit primeiros socorros que já será levado pela equipe responsável pela excursão. Dentre os principais problemas enfrentados no Aconcágua, estão as dores de cabeça por conta da altitude (ibuprofeno), e as diarreias por conta da diferença de quantidades de minérios na água ou pela falta de oxigenação (imosec ou loperamida). Lembramos que estas são apenas indicações, já que problemas como alergias podem exigir outros medicamentos e que é crucial que você informe previamente e não esqueça de qualquer remédio que você já faça o uso contínuo. Para que você não esqueça deste item, não deixe de levar o seu próprio kit primeiros socorros, deixando ele bem sinalizado nos seus pertences.
Documentário sobre uma escalada no Aconcágua.