Guia completo de Equipamentos para o Aconcágua

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:: VEJA MAS – CERRO ACONCAGUA – HOTSITE SOBRE A MONTANHA MAIS ALTA DOS ANDES

O ponto mais alto das Américas, a maior montanha ao sul do mundo ou ainda a montanha mais alta do mundo fora do Himalaia. Estas são algumas das muitas formas de se referir ao Aconcágua, montanha localizada na província de Mendoza na Argentina. Aqui você confere o Guia completo de Equipamentos para o Aconcágua.

Para cégo ver: a fotografia mostra um homem sentado de costas em cima de uma pedra, olhando para a face sul do Aconcágua, vista de Plaza Francia.

Face Sul do Aconcágua vista de Plaza Francia

Com 6.962 metros de altitude, esta incrível montanha foi conquistada em 1897, mas foi só a partir de 1934 que o feito passou a ser repetido de forma mais constante. Atualmente, a montanha tem sido palco de impressionantes ascensões em tempos recordes, além de consistir em cenário de superação para as mais de 5 mil pessoas que procuram um bom desafio todos os anos.

Como já comentado aqui anteriormente, o Aconcágua é muitas vezes considerado uma montanha fácil, ao menos considerando a sua exigência técnica. Mas não se deixe enganar, a altitude desta montanha exige muito física e psicologicamente. Ter um bom planejamento, preparo físico e estar bem equipado são determinantes para o sucesso de sua expedição.

Para te ajudar, montamos esse Guia de Equipamentos para o Aconcágua. Ele te ajudará tanto para os 40 km de aproximação, quanto para os acampamentos base e o dia de cume.

CABEÇA

A cabeça é uma das partes do corpo que mais merece atenção no momento de se equipar. Além do frio, a altitude também aumenta a incidência de raios UV e a cabeça está entre as partes mais afetadas durante a ascensão ao Aconcágua. Por isso, invista em equipamentos que garantirão proteção e conforto durante toda a expedição ao Aconcágua.

Óculos e Goggles

Para a proteção dos olhos, um bom óculos de sol é essencial durante uma expedição em alta montanha, já que além da maior incidência de raios ultravioleta, há também o reflexo da neve, que é muito prejudicial para a córnea.

É necessário que o óculos possua lentes com tratamento UV e categoria de proteção 3 ou 4.  Além disso, ele deve ser bem fechado, evitando a entrada de luz e de vento.

E falando sobre o vento, em ambientes extremos é muito fácil de perder os óculos, por isso tenha um suporte de óculos que o mantenha preso ao corpo. É um acessório simples mas que pode evitar um grande problema.

Para cégo ver: a fotografia foca o rosto de um montanhista homem usando uma viseira para proteger os olhos do reflexo da neve.

Utilizando viseira para proteger os olhos

Para momentos de tempestade e muita neve, pode ser necessária a utilização dos Goggles ou Viseiras de ski, estas possuem lente dupla e de bom bloqueio da luminosidade.

Para quem utiliza óculos de grau, lembramos que existem algumas viseiras que permitem o uso do óculos por baixo. Além disso, a Julbo e a GOG têm opções de clip óptico, que se encaixam em alguns modelos de óculos. Para saber mais sobre como proteger os olhos mesmo utilizando óculos de grau, clique aqui.

Bandana e chapéu

As bandanas são muito versáteis e são recomendadas por diminuir a exposição solar e proteger contra a poeira e o ar seco. Recomenda-se a utilização das bandanas do tipo neck tube, que são mais funcionais e possibilitam a utilização em conjunto, protegendo o pescoço, boca e nariz.

Alguns modelos de bandana têm função térmica, que auxilia no conforto durante os dias de frio.

Para sua proteção completa contra os raios solares também é indicado o uso de chapéu ou boné do tipo legionário para aproximação.

Gorro e balaclava

Como item opcional para o dia do cume ou para pernoite nos momentos mais frios, indica-se também a balaclava, que exerce a mesma função que as bandanas juntas mas com maior retenção térmica. Porém é importante ficar atento ao tamanho e flexibilidade da abertura deste item, pois pode acabar “sufocando” e gerando um desespero desnecessário.

Além disso, é importante ter um gorro de fleece ou lã. Ele é indispensável para proteger sua cabeça do frio, tanto no dia do cume quanto durante a noite, pois perdemos muito calor por essa região.

Protetores

Um dos problemas na altitude são as queimaduras, que ocorrem tanto na pele exposta aos raios UV quanto nos lábios rachados em decorrência do frio. Por isso, é indispensável um protetor labial e a utilização de um bom protetor solar, dois itens simples e fazem toda a diferença.

Capacete

Apesar de o Aconcágua não exigir que se escale para a sua ascensão, durante o ataque ao cume existem dois pontos em que é comum o deslize de pedras. Então é importante que você esteja utilizando um capacete de escalada para evitar qualquer tipo de acidente.

Lanterna de cabeça

É comum a movimentação noturna para evitar muita exposição e fugir do mau tempo na montanha, é obrigatório a utilização de uma boa lanterna, mais especificamente uma boa lanterna de cabeça para facilitar o manuseio de seus equipamentos.

Uso de lanterna de cabeça é vital em alta montanha

Para escolher a melhor lanterna para você, lembre-se que além da quantidade de lumens, é importante prestar atenção também à qualidade do LED. Há marcas mais especializadas em escalada como Petzl, Black Diamond e Beal, que possuem luminosidade superior à outras lanternas mais comuns, mesmo com indicativo de lumens inferior.

Outro ponto importante é atentar ao índice IP, que indicará qual lanterna terá mais resistência à água e poeira, afinal você estará em um ambiente cercado por ambos. Quanto maior o índice IP, melhor é a impermeabilidade da lanterna e sua proteção contra o suor de sua cabeça que provoca os famigerados mal contato.

Com as lanternas de bateria, conseguimos economizar com pilhas. Baterias são boas pois duram bastante, mas fazem necessário a posse de power bank e placa solar para carregamento. Caso você não queira levar tantos eletrônicos, compre lanternas a pilha, mas não esqueça de levar ao menos uma reposição e dê preferência para pilhas recarregáveis ou pilhas de lithium que apresentam durabilidade maior em ambientes frios.

TRONCO

Por conta da alta incidência de raios solares em um ambiente de grande altitude, existe uma grande variação de temperatura durante a subida do Aconcágua. Por isso é recomendado a vestimenta em camadas – que serão 3 ou 4 – já que facilita que se retire ou coloque as peças rapidamente.

Para saber mais sobre o sistema de camadas, clique aqui.

Cume do Aconcágua.

Camisetas

Para a parte superior do corpo, é interessante levar ao menos três camisetas manga longa do tipo “dry” para a aproximação do Aconcágua. Há diversas marcas e tecnologias, dê preferência para aquelas com boa proteção contra raios UV e que sejam capaz de eliminar a umidade e o mau cheiro.

No Aconcágua usamos camisetas dry nos primeiros dias de aproximação.

Segunda Pele

Obrigatório também é que se tenha uma boa blusa segunda pele. Elas podem ser uma versão mais grossa, para quando estiver parado no acampamento, e uma não tão grossa, para usar durante a aproximação.

Nossa indicação é que você tenha uma blusa segunda pele exclusiva para pernoitar e para o dia do ataque ao cume, assim você garante que ela não estará úmida e nem molhada com o suor.

Fleece

A próxima camada fica por conta de um fleece – aquele tecido peluciado – e deve-se priorizar pelo seu formato em jaqueta – a que possui zíper da gola até a cintura – pois permite que se retire mais facilmente.

Os fleeces são encontrados em diferentes gramaturas (100, 200, 300) – quanto maior este número, maior será a “grossura” do material. Deve-se observar junto desta medida a tecnologia empregada, já que algumas como o Polartec são capazes de aumentar ainda mais o poder de aquecimento, sem que precise de uma peça mais grossa e volumosa.

Para saber mais sobre fleeces, clique aqui.

Anorak

Considerando o trecho até a base do Aconcágua, a camada seguinte é a jaqueta anorak, após este trecho passa a ser necessário a utilização de uma jaqueta de pluma.

A função do anorak é proteger contra o vento, que fica cada vez mais constante e agressivo com a altitude, bem como proteger contra neve e tempestades. Sua principal diferença para um corta-vento é o selamento das suas costuras e a existência de uma membrana que confere maior impermeabilidade.

Existem diversos tipos de membranas, com diferentes tecnologias, que irão permitir maior ou menor impermeabilidade aliada com uma capacidade melhor ou pior de transpiração. Lembre-se que todas estas camadas atuarão juntas para permitir a dispersão da umidade enquanto mantêm o isolamento da temperatura corporal.

Outro ponto importante para escolha da sua jaqueta impermeável, além do tipo de membrana, é entre uma peça mais fina ou mais “robusta”. Esta escolha dependerá do tipo de atividade que se planeja.

Quem pretende passar por trechos de escalada em que haverá muita abrasão na rocha deve dar preferência aos anoraks mais grossos e resistentes. Enquanto quem planeja ir mais leve e deseja uma opção mais versátil, pode optar por modelos mais leves.

Para cégo ver: A foto é uma selfie e conta com três montanhistas em meio a uma nevasca fraca. O montanhista que está tirando a foto está dando risada e apontando para os dois colegas que estão ao fundo.

Anorak usado para isolar do vento e da umidade da neve.

Jaqueta de pluma

Por último e com certeza não menos importante, você irá precisar de uma jaqueta de pluma pesada para uso a partir da base do Aconcágua. Este tipo de jaqueta não é encontrado com tanta facilidade e é comum que se confunda com jaquetas de pluma mais leves.

Dentre os modelos disponíveis atualmente, a mais indicada para fazer o cume do Aconcágua com segurança seria a Parka Pumori Down que faz parte da Summit Series da The North Face.

A pluma de ganso é a melhor opção de isolante, pois é leve e compacta. Quanto maior o fill power da pluma – 600, 650, 700, 800 – e maior a sua quantidade, maior também será a camada de isolamento gerada pelo ar que permeia o material.

Jaqueta de pluma grossa é essencial para fazer cume no Aconcágua.

Outro detalhe imprescindível é que esta jaqueta tenha capuz, pois este, junto com o gorro, criará um “microclima” na região da cabeça.

O uso do anorak a partir da base do Aconcágua deve ser feito por cima da jaqueta de pluma em situações de muito vento, tempestades ou muita neve. Caso o clima se torne seco, é possível deixar o anorak de lado ou utilizá-lo por baixo da jaqueta de cume.

Como item opcional, podem ser utilizadas também jaquetas de pluma mais finas para a aproximação, que são leves e super compactas, mas que não substituem a pluma mais grossa para o cume. É importante ressaltar que mesmo que estas jaquetas mais finas possuam o fill power esta medida não é determinante, visto que a quantidade de pluma empregada é mais relevante.

PERNAS

Para uma boa proteção da parte inferior do corpo, também se utiliza a vestimenta por camadas, entretanto estas serão diferentes que as do tronco, já que na parte inferior do corpo costumamos sentir menos frio, portanto calças de pluma de ganso podem ser dispensadas. 

Calça segunda pele

Uma boa calça segunda pele é importante tanto para o dia do cume, como também para dormir e ficar no acampamento.

Uma segunda pele mais grossa é uma boa opção para utilização durante a noite e o dia do ataque ao cume, mas prejudica muito durante a aproximação. Portanto é mais recomendável a utilização de segunda peles mais finas para a aproximação.

Para cégo ver: a imagem mostra um conjunto de roupas segunda pele, que inclui a blusa e a calça. O outro conjunto de roupas também incluem a blusa e a calça, mas em material fleece.

Segunda pele e roupas de fleece – Fonte: Depois dos quinze

Calça de trekking

Calças de trekking comuns – até três pares – serão necessárias principalmente para a aproximação ao Aconcágua, podendo ser utilizadas as calças-bermuda que são mais práticas e versáteis para a variação climática. 

Calça de fleece

Uma calça fleece grossa será utilizada junto da segunda pele, apenas para o dia do cume, por conta da temperatura. São interessantes calças com tecnologias como o Polartec®, que criam uma camada de isolamento maior através de uma peça mais leve.

Calça anorak

Externamente deve-se utilizar uma calça anorak para proteção contra ventos e tempestades, principalmente para o dia de ascensão ao cume. A escolha deste tipo de calça passa pela análise dos mesmos tipos de membrana que a jaqueta anorak, então é importante a preferência por uma opção com boa resistência a abrasão e que seja capaz de trabalhar junto com as outras camadas para evaporação da umidade.

Em resumo, as camadas da parte inferior do corpo para o Aconcágua seriam assim:

  1. Calça de trekking + Calça Anorak (em caso de chuva. neve ou muito vento) → Aproximação
  2. Calça segunda pele + Calça de fleece + Calça Anorak → Dia do cume

A depender da sensação térmica de cada um, será necessário também a utilização da segunda pele durante outros trechos de ascensão.

PÉS

Para os pés precisaremos, basicamente, de dois tipos de meia, dois tipos de bota e um par de crampons.

Para cégo ver: o montanhista tirou uma foto dos seus pés cruzados enquanto estava sentado avistando a paisagem. Seus pés estão em primeiro plano, no canto direito da imagem. Ao fundo está um acampamento que está bem pequeno devido a distância em que a foto foi tirada. Em terceiro plano está uma imponente montanha, parcialmente nevada.

Os pés merecem atenção especial

 

 

 

Meias

Serão necessárias cerca de 4 pares de meias de trekking para a aproximação e idas e vindas entre acampamentos.

Procure meias sem algodão, pois este absorve a umidade e aumenta a chance do surgimento de bolhas. Existem algumas meias que possuem tecnologia Coolmax, uma microfibra que proporciona alta respirabilidade e ajuda no gerenciamento de umidade, dando maior sensação de conforto e frescor.

Além disso, existem as meias que também possuem lã, ideais para ambientes de clima frio, especialmente para as noites. Neste caso destacam-se as meias de lã merino, uma lã específica que tem a capacidade de regulação térmica.

Um par de meias grossas é obrigatório para o dia do cume. Este tipo de meia é muito específica, feita com tecnologias como o Polartec®, e justifica-se a sua necessidade por consistir em extremidade do corpo que, quando mal protegida, provoca incômodo constante e capaz de afetar muito o psicológico do montanhista. Existem meias famosas como a Meia Lorpen T3 Trekking & Expedition Over Calf, mas outros modelos também podem ser usados, o importante é que seja uma meia grossa e com tecnologias de alto isolamento aplicadas.

Um ou dois pares de meias liner também podem ser utilizados junto dos dois outros tipos citados acima. Liners são meias mais finas cujo objetivo é evitar bolhas, pois o atrito ocorrerá entre esta e a meia externa, ao invés do atrito com a bota, mas o seu uso não é obrigatório.

Para saber mais sobre meias para frio extremo, clique aqui.

Botas

Para cégo ver: o montanhista tirou uma foto dos seus pés cruzados enquanto estava sentado. Ele está sobre rochas e pedregulhos.

Bota de trekking na aproximação do Aconcágua. Foto Pedro Hauck

Para a aproximação deve-se utilizar uma boa bota de trekking, impermeável e que já esteja amaciada. É importante lembrar que quanto mais irregular o terreno, mais estável deve ser a bota. Por isso recomendamos botas com uma boa altura de cano e que promovam boa segurança na pisada. Isso não significa que elas devem ser completamente rígidas.

Durante a ascensão ao Aconcágua é obrigatório o uso de uma bota dupla, frequentemente chamada plástica, ou uma bota tripla. Estas botas possuem diferentes camadas, dentre elas geralmente uma plástica, com o objetivo de fornecer maior isolamento e proteção ao montanhista.

A melhor bota dupla disponível no Brasil é a Bota Dupla La Sportiva G2 SM. Para saber mais sobre ela, clique aqui e assista a análise que fizemos em nosso canal do YouTube.

Crampons

Caso tenha neve no dia do cume, será necessário utilizar crampons. É importante realizar testes para saber se a sua bota encaixa com o tipo de crampon que você está adquirindo. Caso você já tenha o crampon e vá comprar a bota, é importante levar o crampon até a loja para testar.

Não é exigido um tipo de crampon específico. Então não é necessário aqueles mais agressivos, que têm a ponta para fincar no gelo. Os modelos que possuem a ponta inclinada para baixo, com o propósito de caminhar na neve, são boas opções.

Quanto às técnicas para o uso, certifique-se de estar acompanhado de guias especializados que irão explicar detalhadamente a forma de utilizar este equipamento. A Soul Outdoor conta os melhores guias para o Aconcágua.

Para cégo ver: o montanhista tirou uma foto apenas do seu pé direito calçado com uma bota e um crampon. Ele está sobre a neve.

Crampon utilizado nas botas para ter mais segurança e facilitar a caminhada na neve

MÃOS

Para as mãos é necessários dois pares de luvas, sendo um par de luvas mais finas e um par de mitons.

A luva mais fina pode ser em fleece ou polartec, e não será exatamente em material fino, mas sim que possibilite o manuseio fácil de equipamentos.

Já para maiores altitudes e para o dia do cume, é necessário o uso da luva tipo miton, que não possuem separação entre os dedos e é feita em pluma de ganso. Assim, mantém-se os dedos agrupados, sem perder calorias entre eles, já que uma baixa temperatura em ambientes de altitude como o Aconcágua, tem efeitos diferentes que a mesma temperatura em altitudes mais baixas.

Um desses efeitos é no sangue, que torna-se mais espesso e demora mais para chegar às extremidades, por conta do maior número de glóbulos vermelhos e da desidratação – por isso é necessário que se utilize este tipo de luva. Este miton ficará fixado ao seu pulso, tornando fácil a sua retirada quando for necessário manusear equipamentos com a outra luva.

Para cégo ver: a foto mostra dois montanhistas. Um está sentado de lado para a foto e o outro está atrás dele encostada em uma rocha, enquanto segura seu bastão de caminhada. A imagem demonstra que ambos pararam brevemente para descansar.

Mitons usados durante o ataque ao cume do Aconcágua.

Outro item recomendável para as mãos, são os hand warmers, “bolsinhas” que quando abertas criam uma reação química em contato com o oxigênio, gerando calor. Você deve colocar estas bolsinhas dentro do miton, em contato com a luva interna – nunca com a mão exposta – e este calor será gerado por até 8 horas, tempo que, em ambiente de altitude, pode ser menor, então é recomendável que se leve 2 para cada mão.

HIDRATAÇÃO

Desidratação, congelamento, edema pulmonar, edema cerebral, são todos problemas que podem ser evitados durante o Aconcágua com o consumo de água, neste caso, muita água. Isto porque a água evita que o sangue fique muito espesso, prevenindo tais problemas e auxiliando na aclimatação.

Para cégo ver: a foto centraliza uma garrafa térmica da marca Stanley sendo aberta por um homem. Em primeiro plano apenas a garrafa e as mãos aparecem na imagem. Em segundo plano estão um homem e uma mulher que parecem estar conversando. Além deles, uma barraca está armada.

Garrafa térmica, um item importante.

Existem pontos para recarregar água durante a ascensão, mas é recomendado que se leve recipientes que comportem pelo menos 3 litros.

São indicadas garrafas resistentes – como a Calmelbak Chute – e de preferência com boca larga, para facilitar a limpeza e a adição de suplementos, bem como evitar congelamentos.

Também é possível levar os sistemas de hidratação, mas seu uso se limita à aproximação. Pois a altitude aumenta os riscos de congelamento da mangueira.

Para o dia do cume é recomendado a utilização de uma garrafa térmica. Isso diminuirá o risco de congelamento na tampa. Existem diversos tipos de garrafas térmicas, mas o que as diferencia é a parede de vácuo, que nas melhores marcas costuma ser dupla.

A água existente no Aconcágua possui menos minerais do que a que estamos acostumados no Brasil, então é provável que o corpo tenha dificuldades em se adaptar e que sejam necessários mais litros de água para uma melhor hidratação.

Para diminuir este problema, é possível a utilização de alguns suplementos minerais para melhorar a absorção. Em compensação, não há registro de água contaminada no Aconcágua, não tornando o purificador (Clor-in) obrigatório, com a exceção do acampamento de aproximação em Confluência. Lá existe muito Magnésio, cuja ingestão pode causar diarreia, mas que não pode ser combatido com este item.

PARA DORMIR

Saco de Dormir

O saco de dormir para o Aconcágua deve ter -20°C de temperatura conforto. Lembre-se de não confundir esta com a temperatura extrema, que é aquela que você aguentaria por até 6 horas antes de ficar hipotérmico.

Nesta temperatura as melhores opções de sacos de dormir são de pluma de ganso, pois fornecem maior isolamento, ao mesmo tempo que são compactáveis e leves para transportar.

Alguns sacos de dormir para esta faixa de temperatura se destacam, como o Deuter Astro Pro 1000 e o Naturehike Arctic Colding Series -30ºC. Esse da Naturehike é ideal para você que tem pouca resistência à temperaturas muito baixas e sente frio facilmente.

Isolante térmico

Um bom saco de dormir perderá muito de seu efeito se não for acompanhado de um bom isolante térmico também.

É importante priorizar pelo isolamento antes que o conforto, visto que existem diversos tipos de isolantes infláveis ou auto-infláveis que são mais altos e confortáveis, além de serem pequenos e leves para o transporte, mas que podem apresentar baixo índice de isolamento.

O fator R é uma classificação de capacidade de isolamento encontrada nos isolantes da marca Sea to Summit, em qual varia-se a classificação de 0 a 5. Em outras marcas não é fornecida a capacidade ao certo de isolamento, mas costuma-se priorizar por isolantes que possuam tecnologias como o Thermolite ou ainda aquele com tecido refletivo como Naturehike Egg Crate.

Para quem já possui isolante inflável ou auto inflável, é necessário usar um isolante de EVA por baixo, para proteger contra qualquer tipo de furo ou rasgo que pode ser provocado pelas pedras do trecho. Se tratando de ambiente de altitude, não haverá forma fácil de identificar o possível furo ou rasgo, pois não há como mergulhá-lo na água.

Para cégo ver: a foto mostra dois montanhistas dentro da barraca, sentados em cima do isolante térmico. Em volta deles têm diversos equipamentos de montanha. O montanhista que está a esquerda está bebendo algo em sua garrafa vermelha e o que está a direita está lendo o livro "Arrisque-se", do montanhista Pedro Hauck.

Dentro da barraca em Nido de Condores

EQUIPAMENTOS DIVERSOS

Apesar dos vários itens já citados, existem também vários acessórios, tanto obrigatórios quanto opcionais para que a sua ascensão ao Aconcágua seja mais agradável.

Bastão de Caminhada

Um par de bastões de caminhada será utilizado tanto na aproximação quanto nos momentos de subida na montanha. É recomendável utilizar bastões de ajuste por meio de trava externa, pois são mais resistentes.

É importante também a utilização da roseta (disco que acompanha o bastão e é rosqueado na sua parte inferior). Ela aumenta a superfície de contato para terrenos com neve.

Não é obrigatório o uso daquele disco maior, sendo o pequeno já suficiente. Pois no Aconcágua, apesar das tempestades, não é comum neve muito fofa.

Lembre-se que a borracha na ponta do bastão é apenas para proteção durante o transporte ou para uso em ambientes de preservação da rocha, como no Machu Picchu. Uma boa ponta, feita em tungstênio ou vídia, aumentam a tração durante a caminhada.

Para cégo ver: a foto mostra um homem segurando dois bastões de caminhada para cima, quase formando um V com eles. Ele está em um vale cercado por montanhas. Ao fundo têm uma grande montanha nevada que está bem distante.

Os bastões de caminhadas ajudam a manter o equilíbrio e dão um apoio durante a caminhada.

Piolet

Caso tenha gelo no dia do cume, será necessário levar um piolet, para proteção em casos de queda. Não deve ser do tipo piqueta – aqueles mais curvos e “agressivos” para escalada em gelo – mas sim modelos semi-curvos e mais compridos, chamados de piquetas de travessia. Assim como o crampon, certifique-se que os guias que te acompanharão saibam repassar a técnica para devida utilização deste produto.

Mochila

Para carregar todos estes itens será necessário uma mochila cargueira, sendo suficientes as opções a partir de 55L.

O investimento em uma boa mochila cargueira é determinante para uma ascensão confortável. É imprescindível que a mochila possua uma barrigueira estruturada e confortável, fornecendo ótima transferência de carga para a região do quadril, que é onde você deve sentir o peso.

Por tratar-se de local com condições extremas, preze por opções feitas em nylon resistente à abrasão. Sempre que possível, experimente as mochilas antes da compra, simulando o peso que será carregado. Pois o encaixe é muito pessoal, de acordo com o corpo de cada um.

Para saber como regular sua mochila, assista o nosso vídeo Como ajustar uma Mochila de TRILHA!

Para cégo ver: Na foto o montanhista Pedro Hauck está em primeiro plano transportando uma mochila cargueira bem volumosa e aparentemente pesada. O fundo está desfocado.

Pedro Hauck e sua mochila cargueira

Muitas pessoas questionam se seria interessante levar uma mochila de ataque para poder utilizar no dia do cume. Ao contrário de outras montanhas, para a ascensão ao Aconcágua, a mochila de ataque acaba não sendo interessante, já que será um peso extra que você deverá carregar durante toda a excursão.

Além disso, por conta do frio, o próprio costado de uma mochila cargueira, acaba sendo um bônus no seu conforto térmico.

Os rastreadores da Spot são também muito interessantes para uma excursão como essa, embora não sejam obrigatórios, pois manterão seus familiares e conhecidos sempre informados e atualizados. Dentre suas funções estão o envio de sua localização atual que podem ser programados para até 2 minutos e meio; botão de resgate para situações de emergência; botão de “OK” para acalmar quem te acompanha de longe e até envio de mensagens por satélites disponível na versão Spot X.

Para cégo ver: a foto é de uma mochila cargueira em meio a neve. Ela está com um pouco de neve. Externamente um isolante está amarrado em sua base e um capacete está fixado na cabeceira dda mochila.

Mochila cargueira no Aconcágua. Foto Pedro Hauck

Saco estanque

Para manter seus eletrônicos e outros itens pessoais importantes secos, é importante levar pelo menos dois sacos estanques, que além da impermeabilidade, podem ser utilizados como organizadores em sua mochila.

Alimentação

Um dos fatores cruciais para que você consiga chegar ao cume do Aconcágua, é a sua alimentação. Em ambientes de altitude é muito comum sentir falta de apetite, já que as condições extremas afetam muito o psicológico e físico.

Para diminuir este fenômeno, é muito importante que você leve comidas liofilizadas nos sabores da sua preferência. Devem ser comidas liofilizadas por conta da leveza que proporcionam e da praticidade no preparo (em altitude elevada podem ser necessários 5L de neve para obter 1L de água, portanto é bom facilitar).

Além disso, também pensando em manter o seu apetite e melhorar os fatores psicológicos, recomendamos que sejam levados mais ou menos 2kg de snacks, as famosas besteiras como batata chips, chocolate, entre outros que sejam de sua preferência, doces e salgados.

Apesar de não ser muito baratas, existem duchas disponíveis nos acampamentos e caso pense em utilizá-las, não há nada melhor do que as toalhas para trekking, que além do tamanho reduzido, possuem secagem incrivelmente rápida.

Para cégo ver: a imagem é de um Duffel Bag verde oliva da Deuter.

Duffel Bag

Duffel Bag

Para transportar seus equipamentos o Duffel Bag é indispensável. Ele deve ter pelo menos 120L e ser muito resistente, pois poderá ser carregada por mulas.

São recomendadas as opções feitas em material como o vinil que apresenta altíssima resistência à abrasão e à água. Busque por opções impermeáveis e resistentes, para maior proteção dos equipamentos em caso de chuvas.

Kit Primeiros Socorros

Por último, é sempre importante ter alguns medicamentos para uso pessoal.

Dentre os principais problemas enfrentados no Aconcágua, estão as dores de cabeça por conta da altitude (ibuprofeno), e as diarreias por conta da diferença de quantidades de minérios na água ou pela falta de oxigenação (imosec ou loperamida).

Lembrando que todo medicamento deve ser prescrito por seu médico. Então leve o seu próprio kit de emergência, a partir da recomendação do seu médico. Importante também deixar seu kit bem sinalizado nos seus pertences.

Acessórios

No Aconcágua há vários equipamentos acessórios que podem te ajudar a ter mais conforto. Tolhas super absorventes e compactas são importantes para tomar aquele banho em Plaza de Mulas ou então resolver algum acidente se você derrubar água na barraca.

Devido ao uso de celulares hoje torna-se indispensável o uso de power banks. Recomendo um ou dois de 20.000 Mh. Para recarregar uma placa solar.

VEJA MAIS: Quer ir ao Aconcágua? Vá com Pedro Hauck através da Soul Outdoor.

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Sobre o autor

Texto publicado pela própria redação do Portal.

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