Este minúsculo e revolucionário aparelho serve para medir a porcentagem de oxigênio no sangue. Esta medida diz muito sobre o estado geral de uma pessoa e é uma medida essencial para os que escalam grandes montanhas. O oxímetro ajuda a detectar doenças mortais como o edema pulmonar que é responsável pela maioria das mortes causadas por altitude no mundo. É hoje uma ferramenta obrigatória na mochila de qualquer guia ou pessoa que vá frequentemente à altitude.
Como funciona?
Para medir a saturação de oxigênio, basta colocar o oxímetro em seu dedo. Ao contrário do que muitos acreditam, o aparelho não faz nenhum tipo de perfuração no dedo. Ele parece um pregador de roupas e em segundos dá o resultado. Vale lembrar que a leitura do aparelho melhora quando a mão do paciente está mais quente. É importante pedir para o paciente esquentar a mão antes de usar um oxímetro.
A medição é feita através da emissão de pequenos diodos de luz na parte superior do aparelho. Do outro lado do oxímetro existem fotodiodos que receptam e medem a quantidade de luz atravessando o dedo do paciente. Um dos LEDs é vermelho e o outro infra-vermelho.
Usando oxímetro em montanha
Quando a luz passa pela hemoglobina do sangue, é refratada de forma diferente quando este tem mais ou menos oxigênio. Passa a ter o nome de oxiemoglobina. O comprimento de onda difere significativamente entre a oxiemoglobina e sua forma desoxigenada. Dessa forma o pequeno aparelho consegue definir uma porcentagem na quantidade de O2 que está sendo transportado no sangue do paciente.
O sinal monitorado varia com o tempo no ritmo na frequência cardíaca, porque os vasos sanguíneos expandem-se e contraem a cada batida do coração, portanto o aparelho também mede o ritmo do batimento cardíaco.
Diferença entre pacientes
Vale a pena lembrar que cada pessoa tem um organismo completamente diferente da outra. E a velocidade do processo de aclimatação varia muito. Portanto o oxímetro não deve ser usado para comparar a leitura entre pacientes, mas usado somente para acompanhar a evolução de cada um. Portanto não é uma boa ideia “passar” o oxímetro para um grupo e deixar que eles comparem suas leituras.
Monitorando a evolução ou recuperação de doenças de altitude
Em 1991 foi realizado em Lake Louise, no Canadá, o Simpósio Internacional de Hipóxia, onde foi elaborado o protocolo que recebeu o nome desta cidade que é ainda hoje um importante método de detecção da evolução de um quadro de mal de altitude.
A tabela de Lake Louise (abaixo) é um índice qualitativo dos principais sintomas das doenças de altitude, sendo bastante empregada em expedições de alta montanha, tanto em comerciais, quanto pessoais, durante o período de aclimatação.
Tabela de Lake Louise
A tabela deve ser impressa e levada em expedições a alta montanha. Usando um oxímetro, deve-se medir pelo menos uma vez ao dia a taxa de saturação do sangue e o batimento cardíaco. Em pessoas saudáveis e em altitudes normais, a taxa de saturação varia entre 95 a 99% e a o batimento cardíaco por volta de 70 batimentos por minuto.
O nível de oxigenação irá depender muito da altitude. Como geralmente os problemas com ela começam a aparecer por volta dos 4 mil metros, é comum que uma pessoa que acaba de chegar nesta altitude deva estar com uma saturação de 90%. A tendência é que ao passar dos dias, esta oxigenação comece a aumentar. Numa altitude que já passa a ser perigosa, como a 5500 metros, é normal que uma pessoa que está aclimatando chegue a 85%. Aclimatada, a pessoa normalmente satura em torno de 95%. Em altitudes maiores, sempre haverá menos saturação, a ponto do montanhista ter uma saturação de gente doente situações normais, mesmo ele estando sadio lá em cima.
Há um estudo famoso acontecido no Everest em 2002: No estudo, os nomes dos pacientes e a altitude onde eles estavam foi mantido no anonimato. Dados como saturação, ritmo cardíaco e dados da tabela Lake Louise foram passados para diversos médicos. Após os médicos fazerem a avaliação dos pacientes somente baseados nos dados disponíveis, foi perguntado qual seria o tratamento que eles fariam com os pacientes. Em todos os casos os médicos responderam que colocariam os pacientes na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). No fim do estudo foi revelado que os pacientes estavam no colo sul do Everest jogando cartas. Neste caso a altitude é de 8000m e é normal que um paciente tenha uma saturação de 75% e em alguns casos menos de 70%.
Estas são consideradas leituras normais para pacientes recém chegados em determinada altitude:
Metros % saturação:
0-95:100%
3000: 88-93%
4000: 83-88%
5000: 75-80%
6000: 70-75%
Os batimentos cardíacos acompanham esta tendência, sendo que, de princípio os batimentos são acelerados para compensar o pouco oxigênio da altitude. Isso pode alcançar níveis muito altos chegando até 120 batimentos por minuto durante o descanso. Com o passar do tempo e o corpo respondendo à aclimatação, os batimentos irão diminuindo até níveis normais. Isso varia em cada pessoa.
Através de prévias experiências, é importantíssimo que cada pessoa saiba como é a sua reação à curto e longo prazo na altitude. Utilizando apenas um oxímetro e uma folha de papel, qualquer um pode monitorar sintomas e prevenir doenças graves ao tempo.