Montanhista sem as pernas escala o Monte Elbrus

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O Monte Elbrus com 5.642 metros de altitude esta localizado na Rússia e é o ponto mais alto da Europa. No início do mês, esse clássico dos 7 cumes foi palco de uma história de superação e vitória. O montanhista russo, Rustam Nabiev, se tornou o primeiro escalador sem pernas a chegar no topo dessa montanha.

Nabiev  foi militar e paraquedista até 2015, quando perdeu as suas pernas em um desastre que atingiu o quartel onde trabalhava. Um deslizamento de terra soterrou ele e os seus companheiros de trabalho. Ao todo 24 amigos do montanhista morreram na ocasião. Ele sobreviveu, mas ficou gravemente ferido e precisou amputar ambas as pernas.

Atualmente, Nabiev está com 27 anos e chegou ao cume do Elbrus após 15 horas de subida utilizando as suas mãos. Na época do desastre, Nabiev era jogador de hóquei no gelo e conta que isso o ajudou a se recuperar. Assim, ele passou a jogar de forma adaptada, chegando a vencer campeonatos na Europa em 2017 e 2018.

Com a sua recuperação, Nabiev decidiu que queria escalar o ponto mais alto da Rússia sem depender de ninguém. “Meu foco principal é mostrar que por mais difíceis que sejam os problemas que você enfrenta, com certeza você pode superá-los e mudar as coisas para melhor. Quero mostrar que a deficiência não é uma sentença de prisão, mas uma nova página em uma nova vida com suas próprias aventuras”, escreveu o montanhista em sua conta no Instagram.

A escalada

Assim, no inicio do mês, Nabiev e mais dois amigos escaladores decidiram buscar esse sonho. Ele começou escalando com a ajuda de um trenó. Todavia, com a altitude aumentando ficou mais difícil e ele decidiu ir até o topo usando apenas as suas mãos e piolets.

Nabiev decidiu continuar apenas com os Piolets e as mãos.

“Tudo começou com calma e nas primeiras duas horas não me senti pesado ou difícil. Um pouco depois, quando comecei a ficar cansado e minhas mãos começaram a se cobrir, percebi que o caminho não seria fácil. Foi difícil. Eu parei, mas continuei”,  relatou ele.

Ele conta também que pensou em desistir diante da dificuldade. “Deitado de costas, abri os olhos e vi um céu estrelado, claro. Não entendo porque não prestei atenção nisso até agora! Olhei para o céu e esperei algum tipo de apoio, ajuda. De quem? Eu não me conheço. Foi difícil para mim, mas não pensei em desistir. Eu estava me perguntando: O que estou fazendo aqui? Por que isso é necessário? Quem precisa disso? O que eu quero mostrar com isso?

Eu me fiz essas perguntas, mas não entendi o que estava acontecendo comigo. Em algum momento, olhei para o céu novamente e vi uma estrela cair bem em cima de mim. Estava tão claro que era impossível não notar. E decidi que era um sinal. Um sinal para seguir em frente. Eu entendi que era difícil, mas decidi que talvez fosse um sinal do Todo-Poderoso e, claro, era para mim. Depois disso, levantei-me com raiva e continuei andando”, escreveu.

“A vida é linda, aconteça o que acontecer. Sempre digo a todos que não devemos reclamar e desperdiçar a vida de outrem. As 24 pessoas que morreram nos escombros teriam ficado muito felizes se pudessem estar onde você ou eu estamos hoje. No entanto, eles agora estão enterrados. Acho que este é um bom motivo para não desistir”, refletiu.

Rustam Nabiev comemora emocionado a conquista.

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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