Mulheres são proibidas de escalar em setor no Irã

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Sim, essa notícia é atual. Parece muito estranho para a população dos países ocidentais em geral se quer imaginar esse tipo de proibição. Mas as restrições à liberdade feminina ainda estão muito presentes na cultura e na tradição de países como o Irã. Assim, um incidente envolvendo um grupo de escaladores e a comunidade local extremista em fevereiro, resultou na proibição das mulheres escalarem em Kooh Sefid.

As mulheres só poderão escalar em academias.

O setor de escalada Kooh Sefid esta localizado em Dorche uma cidade de 50 mil habitantes na província de Isfahan, e fica próximo ao Centro Cultural e da Tumba dos Mártires Desconhecidos, um local sagrado. Todavia ele é bastante isolado e poucas pessoas vão até lá além dos escaladores. O local conta com cerca de 40 vias esportivas.

De acordo com o relato de escaladores iranianos para a revista Climbing, é comum que homens e mulheres pratiquem as atividades esportivas juntos no local. Entretanto, em 22 de fevereiro desse ano, alguns escaladores foram abordados por integrantes da comunidade local com uma visão extremista.  “Os alpinistas foram interrompidos durante a escalada e espancados depois de se oporem aos interruptores”, contou um escalador.

Após esse incidente, o chefe do Conselho de Montanhismo de Isfahan, Mehdi Nasr Esfahani , proibiu a escalada ao ar livre para mulheres em Dorche. A medida seria para evitar conflitos com o a comunidade local. Isso ocorreu após um líder religioso, o Imam da grande mesquita de Dorche, apoiar o agressor e condenar os escaladores. Na visão desse Imam, escaladores homens e mulheres estavam fazendo “trabalhos sujos” que vão contra o Islã ao viajar juntos em um carro para chegar ao local de escalada. “10 meninas e 5 meninos vão escalar em carros. Agora, considere o que acontece com todas essas pessoas em carros! É muito sujo! E escalar é diferente de montanhismo; eles vão com uma corda “Sobe e desce!”, disse o Imam.

Mulheres proibidas

Assim, as mulheres da região de Isfahan só podem escalar em academias. Além disso, não podem ter treinadores homens e o tempo para prática do esporte é limitado. Para as iranianas viajarem para fora do país é preciso autorização do marido, além de serem obrigadas a cobrirem os cabelos e o pescoço. Muitas mulheres recebem multas pelo uso de “hijab impróprio”, e podem ser condenadas a 10 anos de prisão se não usarem. Além disso, elas também não podem andar de bicicleta livremente e até 2019 eram proibidas de entrar em estádios de futebol.

Farnaz Esmaeilzadeh, membro da equipe nacional de escalada iraniana.

Todavia, as mulheres não se entregam fácil. Em 2003, o montanhismo foi considerado o esporte feminino mais popular no Irã. “’Quando fui para as montanhas com meu pai, me senti igual. As montanhas de repente ofereceram um mundo totalmente diferente. Um mundo onde não havia problema em deixar o lenço escorregar”, disse Shirin Shabestari em entrevista a UK Climbing.

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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