Quais os principais problemas de saúde na trilha e como preveni-los

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Fazer trilhas em meio a natureza, subir montanhas e outros atrativos naturais traz uma sensação única de liberdade e superação para seus praticantes. É uma atividade que faz bem para o corpo e para a mente e tem atraído cada vez mais interessados em se aventurar na natureza. No entanto, essa atividade também oferece alguns riscos.

Separamos os principais problemas de saúde que podem ocorrer durante uma aventura:

Insolação e Hipertermia

Nem sempre uma trilha percorre apenas locais fresquinhos e com sombra. É comum no montanhismo brasileiro as trilhas passarem por cristas ou campos onde a vegetação é menor e não há sombra. Dependendo das condições do tempo e hora do dia, a caminhada é embaixo de sol.

Esse excesso de exposição ao sol e ao calor podem causar uma insolação que levam a uma hipertermia. Os principais sintomas são pele avermelhada, quente e seca; dor de cabeça; aumento dos batimentos do coração e da respiração; sede, boca seca e olhos secos e sem brilho; enjoos, vômitos e diarreia; E podem chegar até a uma confusão mental e a perda da consciência ou desmaio.

Longas caminhadas no sol podem causar insolação e desidratação.

Nesses casos deve se levar a pessoa vítima de insolação para um local fresco e abrigado do sol, remover o excesso de roupas e oferecer água para que o corpo volte a temperatura normal. No entanto, caso a pessoa não melhore em 30 minutos, deve se buscar ajuda médica.

Para prevenir situações como essa é importante usar roupas leves e adequadas. Camisetas de mangas longas de tecidos finos com proteção UV ou os manguitos irão proteger você do sol. Um chapéu, viseira ou boné também são recomendados para proteger a cabeça e rosto. Todavia, use sempre protetor solar e beba bastante água. Outra dica é conferir a previsão do tempo e começar a atividade cedo pela manhã, mas sempre se programando para evitar os terrenos descobertos nas horas mais quentes do dia. Se for uma atividade de escalada, escolha um horário em que a parede desejada esteja na sombra.

Desidratação

A desidratação também esta bastante associada a dias de calor intenso. No entanto, pode ocorrer mesmo no inverno, pois durante uma trilha, perdemos muitos sais minerais e líquidos através da transpiração e eles precisam ser repostos. A falta de uma hidratação correta pode levar a essa doença potencialmente grave.

Os sintomas são semelhantes ao da insolação e hipertermia, mas a desidratação é dividida em dois graus leve e grave. Sede exagerada, boca e pele secas, olhos fundos, diminuição da sudorese, dor de cabeça, sonolência, tonturas, fraqueza, cansaço e aumento da frequência cardíaca são sintomas de desidratação leve.

No entanto o agravamento desses sintomas pode levar a desidratação grave como a queda de pressão arterial, perda de consciência, convulsões, coma, falência de órgãos e pode chegar até a morte se não tratada a tempo.

Diante de casos de hidratação é preciso repor os líquidos e sais minerais. Ofereça água, sucos ou isotônicos. Também é importante colocar ela em um local fresco e arejado e caso ela não se recupere sozinha é preciso tomar soro e até mesmo buscar ajuda médica.

Para prevenir as consequências mais graves da desidratação beba bastante água durante a atividade e não espere dar sede para fazer isso certifique-se que haverá fontes de água em seu trajeto. Leve recipientes de pelo menos dois litros para coletar água no caminho e caso não haja fontes potáveis, não tem jeito, é preciso carregar a água em sua mochila. Os sistemas de hidratação são uma boa opção para isso, pois ocupam menos espaço e tornam a ingestão de água mais fácil.

Hipotermia

O frio intenso também pode trazer problemas para os praticantes de trekking e o montanhismo. Hipotermia é quando a temperatura do corpo se encontra abaixo dos 35°C. Os sintomas vão desde tremores leves, mãos e pés sem circulação sanguínea, dormência, cansaço excessivo e lentidão nos movimentos até a diminuição da frequência cardíaca e respiratória, perda do controle dos membros inferiores e superiores, a perda dos sentidos, pupilas dilatadas e parada cardíaca-respiratória.

Ao contrario do que muita gente pensa, a hipotermia pode acontecer inclusive no verão, e principalmente quando as pessoas se molham com uma chuva e não podem se secar. Então o corpo começa a perder calor e entrar em estado de hipotermia.

A hipotermia é quando o corpo não consegue manter seu calor.

Ao identificar um caso de hipotermia é necessário aquecer a pessoa. Para isso é necessário retirar as roupas molhadas, cobri-la com roupas quentes ou um cobertor de emergência e se preciso usar o calor do seu corpo para aquecê-la.

Para prevenir esses casos é preciso estar atento as previsões do tempo antes de sair para uma aventura e ter sempre uma roupa de frio e um anorak em sua mochila. Mesmo que a caminhada seja rápida é importante carregar o anorak ou capa de chuva, pois imprevistos e atrasos podem acontecer a qualquer momento.

Queda de pressão e Hipoglicemia

Outro problema de saúde comum em trilhas e montanhas são as quedas de pressão e a hipoglicemia (baixo nível de açúcar no sangue). Normalmente esses quadros são causados pela falta de alimentação correta, ou também por doenças pré-existentes.

Os principais sintomas são: confusão, tontura, fome, dor de cabeça, tremor, palidez, baixa coordenação motora e baixa concentração no caso de hipoglicemia. Bem como suor frio, cansaço ou sonolência, fraqueza, visão turva, náuseas, sensação de desmaio ou desmaio e dor no peito.

Ao perceber esses sintomas é importante identificar o histórico da pessoa, se ela tem isso com frequência e oferecer alimentos e água para ela.

Para evitar esse problema de saúde alimente-se bem na noite anterior e antes de sair para uma aventura. Também é importante consumir alimentos de lenta absorção, para você não ficar com fome na primeira hora de atividade e ter energia para chegar até o fim. Caso o participante tenha diabetes ou problemas cardíacos é necessário mais atenção e que ele converse com seu médico antes de realizar uma atividade em montanha.

Exaustão física

As atividades em trilhas e montanhas normalmente são intensas e quando não há um preparo físico para realiza-las podemos chegar a exaustão física que nada mais é que um cansaço muito grande. Os sintomas variam muito, mas a pessoa pode apresentar boca seca, dores no estômago, tensão e dor muscular, sudorese além do normal, aperto na mandíbula e ranger dos dentes, batimentos cardíacos acelerados e respiração ofegante.

Para evitar esse problema de saúde é necessário realizar atividades físicas regularmente na cidade e respeitar o seu tempo e seus limites físicos durante a trilha. Caso você veja alguém com esses sintomas ou entre em estado de exaustão física tente permanecer calmo, parar e descansar.

Aproveite o momento de descanso para contemplar a paisagem e relaxar.

Quedas

As trilhas e montanhas possuem obstáculos naturais como raízes, árvores caídas, pedras, poças, bem como terrenos escorregadios. Por isso é necessário estar sempre atento para não cair. As quedas podem ser leves ou ocasionar graves acidentes, com fraturas, contusões no corpo e na cabeça.

Para evitar utilize calçados adequados e com solado antiderrapante. Além é claro de fazer trilhas sempre com alguém junto ou avisar os seus amigos ou familiares sobre o local onde você irá se aventurar.

Torções de tornozelo e esgotamento de joelhos

Outro problema de saúde comum nas trilhas são as torções de tornozelo e esgotamento de joelhos. Isso pode acontecer por conta de um acidente mas também pela falta de preparo físico e o não uso de calçados adequados. Nossas articulações são usadas ao limite, principalmente na descida, isso associado ao cansaço físico pode levar as dores e as “pisadas em falso”.

Para evitar esses problemas é recomendado a pratica de atividades físicas que fortalecem as musculaturas dessas regiões, assim o seu corpo aguentará mais os impactos da trilha. Além disso o uso de botas de trekking ajudam a proteger o tornozelo das torções e os bastões de caminhada auxiliam da distribuição do peso e impacto que suas pernas e joelhos recebem.

 

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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