Agência poderá ser punida pela morte de Muhammad Hassan. Brasileiro receberá agradecimento oficial

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O relatório feito por uma comissão do governo Paquistanês apontou que a morte de Muhammad Hassan no k2 foi acidental. No entanto, inúmeros fatores foram responsáveis pelo falecimento do montanhista. Assim, eles recomendam que a agência de montanhismo Lela’s Peak Expeditions seja punida com dois anos sem poder operar nas montanhas do Gilgit Baltistan no Paquistão.

A Agência era a contratante de Muhammad Hassan, que faleceu em 27/07, e foi acusada de violar as Regras e Regulamentos de Montanhismo de 1999  ao contratar um carregador sem experiência e não prover equipamentos nem assegurar Hassan.

O caso foi investigado pelo governo paquistanês que formou uma comissão composta por funcionários do Departamento de Turismo de Gilgit-Baltistan, membros do Alpine Club do Paquistão e representantes de operadores turístico após o caso ganhar notoriedade na mídia. Hassan aparece em diversas fotos e vídeos com outros montanhistas passando por cima de seu corpo inconsciente sem parar para ajudar.

Foto mostra a grande fila rumo ao cume do K2 com o corpo de Muhammad (vestido com calças pretas e jaqueta amarela) pendurado nas cordas de segurança.

No relatório da comissão é apontado a falta de experiência e preparação do montanhista, pois essa era a primeira vez que Hassan teria sido contratado para trabalhar em uma montanha de oito mil metros. O relatório aponta ainda uma série de fatos que culminou na trágica morte. Entre eles está as deficiências na hora de avaliar o nível de aclimatação de Hassan, a falta de experiência do montanhista para lidar com situações meteorológicas extremas e os equipamento e roupas para altitude inadequados.

A causa da morte ficou registrada como esgotamento mental e físico. Todavia o próprio relatório abre brecha e aponta que a queda que Hassan sofreu pode ter sido causada por alguém que puxou a corda em que ele estava, uma vez que várias pessoas estavam utilizando a mesma ancoragem ao mesmo tempo. Esse também foi considerado uma falha de procedimento pela comissão.

Falta de socorro

Após o queda houve a omissão de socorro e atraso no resgate que influenciou para a morte do montanhista. Segundo a comissão, devido à escuridão e às condições climáticas, Hassan ficou pendurado de cabeça para baixo com o abdômen exposto por mais de uma hora. Isso tudo aliado as condições meteorológicas que não eram boas e as falhas na comunicação levaram o montanhista a morte.

No entanto, o relatório reconhece que algumas pessoas tentaram socorrer Hassan e cita os esforços do montanhista e fotografo brasileiro Gabriel Tarso. Assim, eles aconselharam que o governador do GB ou do ministro-chefe de Gilgit-Baltistão envie uma carta de agradecimento ao brasileiro.

Melhorias

O relatório de 71 páginas entregue ao governo paquistanês aponta ainda uma série de pontos em que pode haver melhorias para trazer mais segurança aos montanhistas e aos trabalhadores de montanha.  Entre os pontos propostos está a melhoria do sistema de monitoração meteorológica no K2, da infra-estrutura de comunicação, melhores oportunidades de aclimatação e formação e o estabelecimento de “protocolos de emergência claros e bem definidos”. O relatório pede ainda melhores apólices de seguro para carregadores entre outras sugestões.

 

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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