MoNa Pedra do Baú lança obrigatoriedade de guia e gera polêmica entre montanhistas

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A administração do Monumento Natural da Pedra do Baú, em São Bento do Sapucaí, lançou um regulamento específico em que é obrigatório o uso de equipamentos certificados para escalar a via Ferrata do Baú. Além disso, grupos com mais de quatro pessoas, ou usuários que desejam assistir ao nascer ou pôr do sol no cume da montanha, deverão obrigatoriamente contratar um guia cadastrado na unidade para a atividade.

Pedra do Baú vista desde a base. Foto: Gustavo Procat

Para se cadastrar como guia, a pessoa deve morar em São Bento do Sapucaí ou em municípios limítrofes, além de apresentar certificados de conclusão do Curso de Introdução à Monitoria Ambiental e do Curso de Formação de Monitor Ambiental, bem como atestado médico e seguro de vida.

No entanto, essa exigência tem gerado polêmica entre os frequentadores e montanhistas da região. O montanhista Eliseu Frechou compartilhou uma carta aberta escrita por Fábio Alberti Cascino, na qual diz ser contrário a essa obrigatoriedade de contratação de guias. Na carta são expostos argumentos como o direito de ir e vir e o direito ao risco. Cascino também ressalta que o Conselho Consultivo do MoNa Baú não tem montanhistas e outros interessados entre seus membros e que a decisão pela obrigatoriedade da contratação de guia não foi discutida com o público interessado.

No final da carta, ele pede o “imediato cancelamento da referida norma por esta estar em explícita e frontal discordância com os (1) fundamentos do montanhismo, (2) da pública e livre visitação aos ambientes naturais e da (3) contraditória imposição de turismo domesticado em ambientes que foram criados com a intenção de manter o patrimônio natural e tê-los como lugares destinados à educação crítica, ambiental, física e esportiva das atuais e futuras gerações”.

A instalação da Via Ferrata

A Pedra do Baú foi conquistada em 1940 pelos irmãos Antônio e João Cortez. Eles estudaram a região durante anos até conseguirem traçar uma rota pela face sul. Como é comum nas histórias de conquistas, a façanha foi duvidada por muitos. Foi então que os irmãos decidiram fazer uma escalada e levaram uma bandeira do Brasil até o topo, que pôde ser vista por todos que ficaram como espectadores na cidade.

Empolgado com o feito, o empresário Luiz Dumont Villares contratou os irmãos para levá-lo até o cume. Após essa aventura e empolgado com a beleza do local, ele decidiu patrocinar a colocação de uma escada que facilitasse a subida. Essa foi a primeira Via Ferrata, concluída na face sul no ano de 1943.

Dois anos depois, Antônio Cortez desceu a face norte com cordas e viu a possibilidade de uma nova rota. Villares patrocinou a nova rota e assim surgiu a famosa Via Ferrata da Pedra do Baú na face norte, obra que foi acompanhada pela construção do primeiro refúgio de montanha do Brasil, um refúgio localizado no cume da montanha, inaugurado em 1947.

Nota de esclarecimento MoNa Pedra do Baú

Com a repercusão do caso o MoNa Pedra do Baú emitiu uma nota de esclarecimento em que diz que “não houve alteração no ordenamento da visitação para praticantes independentes de montanhismo e escalada. O regramento para esse público está disposto na Portaria Normativa FF/DE 375/2023, que dispõe sobre a atividade de escalada nas Unidades de Conservação sob administração da Fundação Florestal”.

Eles também alegam que as visitas em horários especiais já eram feitas seguindo essas regras e que o regulamento é apenas a formalização do que já está consolidado no parque e agora fazem parte da portaria . O MoNa comunicou ainda que fará uma reunião com o Conselho Consultivo e montanhistas da região para esclarecer o tema.

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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