Drones prometem revolucionar a segurança e logística no Everest

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A escalada do Monte Everest, um dos desafios mais icônicos do montanhismo mundial, está prestes a passar por uma transformação com o uso de drones para auxiliar os sherpas na travessia da temida Cascata de Gelo Khumbu. Tradicionalmente, os “Ice Fall Doctors” (Médicos da Cascata de Gelo) arriscam suas vidas para estabelecerem uma rota segura para os demais montanhistas.

Monte Everest visto desde o trekking ao Acampamento Base. Foto: Pedro Hauck.

Todos os anos os Ice Fall Doctors precisam atravessar um labirinto instável de gelo onde colapsos podem ocorrer a qualquer momento para encontrar a melhor forma de vencer a cascata. No entanto, a partir desse ano, os drones serão responsáveis por realizar o reconhecimento da área antes dos sherpas, identificando a rota mais segura e transportando os equipamentos necessários, como cordas e escadas de alumínio.

The Ice Falls Doctors. Fotos: KakaoTalk

Além disso, essas aeronaves pilotadas remotamente também terão a capacidade de transportar cargas até o Acampamento 1, reduzindo o número de travessias necessárias pela cascata de gelo. Os defensores do uso dessa tecnologia argumentam que ela irá salvar vidas e tornar a escalada menos arriscada.

Uma equipe de operadores de drones já está no Everest Base Camp para iniciar os testes. Caso os resultados sejam positivos, espera-se que essa tecnologia se torne um padrão nas expedições ao Everest e outras montanhas de alta altitude.

Cascata de gelo do Khumbu. Foto: Uwe Gille / Wikimédia Commons

Menos risco para os Sherpas

Os sherpas desempenham um papel fundamental nas escaladas ao Everest, mas frequentemente enfrentam condições extremas e riscos fatais. Muitos deles já evitam trabalhar na Cascata de Gelo do Khumbu devido à periculosidade do local. Com a implementação dos drones, a necessidade de atravessar repetidamente essa região será minimizada. Dessa forma, os sherpas poderão permanecer nos acampamentos superiores, acessando suprimentos quando necessário, em vez de arriscarem suas vidas indo e voltando pelo trajeto mortal.

Ice Fall Doctors trabalhando para levar os materiais para cima da montanha. Foto: SPCC

A introdução dos drones também promete reduzir a aglomeração na Cascata de Gelo, pois os escaladores não precisarão esperar em filas enquanto sherpas transportam equipamentos. Além disso, os drones representam uma alternativa mais sustentável aos helicópteros, que atualmente transportam equipamentos entre os acampamentos. Os voos de helicóptero não são apenas perigosos para os pilotos, mas também geram ruído e impacto ambiental significativo. Os drones, que necessitam apenas de pequenos geradores para recarregar suas baterias, são uma opção mais ecológica dizem os especialistas.

Montanha mais limpa e segura

Além de melhorar a segurança da escalada, os drones também podem ser utilizados para a remoção de lixo das regiões mais altas da montanha. Em 2024, drones já foram testados para carregar lixo para baixo da montanha no Everest. Além disso, experiências anteriores, como a limpeza do Campo 2 no Ama Dablam, demonstraram o potencial da tecnologia para auxiliar na preservação ambiental das montanhas do Himalaia.

Nesta primavera, uma grande campanha de limpeza organizada pela Expedition Operators Association, em coordenação com o Sagarmatha Pollution Control Committee e financiada pelo Nepal’s Tourism Board, se concentrará no Campo 4, localizado a quase 8.000 metros de altitude. Com a ajuda dos drones, o transporte de detritos para o Acampamento Base será mais eficiente, contribuindo para um Everest mais limpo.

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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