A bolha aparece quando há atrito entre pés, meias, tênis e o solo. É mais comum em regiões em que o osso está saliente, como nos calcanhares e no dedinho. Ela se forma quando uma camada de pele se descola (por causa da fricção) e enche de líquido, geralmente incolor. Caso algum vaso sanguíneo rompa no descolamento da pele, a bolha enche de sangue.
Por Ricardo Yugi Okabatake
O que fazer?
Os dermatologistas recomendam que a bolha seja estourada apenas se causar dor. O ideal é pegar uma agulha de seringa descartável, fazer um pequeno furo na base da bolha e drenar o líquido.
Também é importante não retirar o teto (a pele), já que ele serve como curativo biológico e protege contra infecções. No caso da bolha de sangue, se estiver dolorida deve ser furada logo nas primeiras horas após a formação. “Senão o sangue coagula e só sai se for retirado também o teto da bolha”, explica Patricia Chinelli, dermatologista do Hospital das Clínicas da USP.
O atleta pode usar um cicatrizante com antibiótico, que combate bactérias e cura o ferimento mais rápido. Ele só precisa procurar um médico quando houver sinal de infecção, ou seja, quando a região da bolha estiver quente, muito vermelha ou com secreção amarela (pus).
Uma indicação dos atletas do AltaMontanha é a utilização do Zero Atrito e do Gel de Benjoim, o primeiro é um creme protetor que cria uma camada que evita o atrito ocasionado nos pés devido a fricção do conjunto: pé + meia + bota, já o Gel de Benjoim é uma solução para bolhas já formadas, basta passar o produto regularmente quando estiver com os pés descansando, que em aproximadamente 2 dias você verá sua bolha seca.
Bolhas e esporte?
“O ideal é que, enquanto estiver com bolhas, a pessoa fique em repouso, como em qualquer caso de ferimento”, diz a dermatologista Ediléia Bagatin, do departamento de dermatologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
O médico Milton Mizumoto, ortopedista especializado em medicina esportiva e diretor médico da Corpore (Corredores Paulistas Reunidos), recomenda colocar um bandaid sobre a bolha, passar vaselina sobre o bandaid, enfaixar a região com uma camada de esparadrapo do tipo micropore, passar vaselina sobre o esparadrapo e utilizar um liner sob a meia principal, que deve ser bem macia. “Desde que faço isso, nunca mais tive problemas para correr”, diz o médico, que já fez 26 maratonas e cinco ultramaratonas.
Caso a bolha seja entre os dedos dos pés, existem também protetores especiais para os dedos, feitos de silicone e espuma, à venda em lojas de podologia.
Carlos Eduardo Lefèvre, o Cadu, especializado em psicologia esportiva, já correu provas de longa duração em situações de extremo desconforto, como a Desert Cup (220km na areia do deserto da Jordânia). Quando tem bolhas, passa um produto importado chamado second skin, que provoca um efeito de endurecimento da pele parecido com o da cola superbonder.
Como prevenir?
Apesar de serem muito comuns, é possível evitar as bolha nos pés. “Sabendo escolher o tênis e a meia, o atleta diminui a chance de ter bolhas”, garante Cláudio Castilho, presidente da Associação dos Treinadores de Corrida de São Paulo (ATC).
Cadu nunca usa um par de tênis novo nas provas. “Amacio muito o calçado antes, para ele ganhar o formato do meu pé”, diz. Ele garante que não teve uma bolha na Desert Cup. “O mais importante foi eu ter utilizado um liner por baixo da meia”, conta.
O Liner é uma meia específica para ser usada abaixo da meia principal, e possui a característica de absorver a maior parte do atrito que ocorreria entre a meia e a pele, que ocorreu entre as duas meias, por isso o pé saiu preservado.
A marca brasileira Solo possui um liner chamado Veloce Pró, originalmente desenvolvido para praticantes de atividades esportivas, possui um tecido com base no Coolmax, que afasta a umidade para as camadas mais externas.
Um dos grandes benefícios dessa meia é o de ajudar a prevenir as bolhas, além de possuir outros tratamentos, como o de nanopartículas de prata, que impedem a proliferação de bactérias que causam odor – o famoso chulé. A meia Veloce Pró da Solo pode ser adquirida facilmente na Loja AltaMontanha.
Cabe ressaltar que além do Liner, meias com tecidos mais tecnólogicos também ajudam a evitar e a proteger os pés. O investimento que à princípio é um pouco mais alto que a compra de meias comuns, traduz-se num ganho a longo prazo, pois além de aumentar o conforto nos pés, reduz drasticamente a possibilidade de bolhas nos mesmo.
Você ainda pode conferir mais sobre as meias e suas variáveis conferindo o vídeo abaixo:
Mizumoto ainda ressalta que é possível investir em mais proteção. Ele recomenda colocar micropore em volta de todos os dedos do pé, deixando as pontinhas para fora. Depois, passar vaselina sobre o micropore. O mesmo deve ser feito no meio do pé e no calcanhar.
Se a atividade for em montanha, a utilização de calçados confortáveis, desenhados para a prática esportiva e de qualidade também auxilia na prevenção das bolhas. Marcas como Salomon, La Sportiva e Snake são as mais conhecidas no Brasil.
No artigo “Como escolher uma bota?” damos algumas dicas de como escolher o calçado ideal, um dos fatores determinantes para evitar a formação de bolha nos pés.
O dermatologista Michael Ramsey, especializado em medicina do esporte e professor de dermatologia do Centro Médico Penn State Geisinger, da Pensilvânia (EUA), dá mais uma dica: usar desodorante para os pés (em talco ou spray) para diminuir o suor, pois a umidade favorece a formação de bolhas.
- Muitas vezes as bolhas aparecem quando há atrito entre a pele, a meia, o tênis e o solo.
- É mais comum em regiões salientes, como nos calcanhares e os dedinhos, ou seja, esses locais necessitam de maior proteção.
- Caso existam sinais de infecção e recorrência no aparecimento de bolhas, o ideal é procurar um médico.
- O suor auxilia no aparecimento de bolhas, por isso, evite calçados muito abafados e meias que retenham a umidade.
- Para prevenção, a utilização do Zero Atrito é uma ótima recomendação. Já para a recuperação, o Gel de Benjoim vai ajudar na recuperação.
- Amaciar bem o calçado é indispensável para todos, desde atletas até quem irá realizar caminhadas urbanas.
Esse artigo tem o objetivo de trazer dicas e informações fundamentadas em profissionais da área da saúde, mas não exime um acompanhamento médico adequado.
Caso queira assistir essa matéria, confira o vídeo abaixo:
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