Que eles nos ajudariam, que todos tínhamos condições de chegar lá no dia seguinte. Finalizaram cantando uma música típica , nos saudamos e nos recolhemos para tentar dormir um pouco antes de acordar na madrugada rumo às Neves do Kilimanjaro. Estrategicamente saímos um pouco mais tarde que os demais grupos. A maioria sai a meia noite, e Teacher , muito experiente na montanha, nos conduziu com toda a equipe rumo ao cume um pouco mais tarde. Começamos nossa caminhada as 4 horas, com pouco vento, e tudo indicando que seria um ótimo dia para subir a montanha. Conforme fomos subindo, o grupo foi se dividindo em velocidades diferentes.
A estratégia de não se apressar nos primeiros dias foi muito boa, economizei energia para esse dia. Marcos disparou na frente com um dos guias. Com Maximo ficaram Vitor, Felipe e eu, todos num ritmo parecido. Com Teatcher e Innocent ficaram Lilian e Helena. E assim fomos separados pelo ritmo mas conectados pela montanha e pelo caminho rumo ao topo. Uma pausa mais longa para comer algo e hidratar em Stella Point, local onde as diferentes rotas se encontram para levar a um só destino. Descansados seguimos para o alto.
Uma hora depois do Marcos e seu guia chegamos, às 11h20 minutos, Felipe, Maximo, Vitor e eu , no cume do Monte Kilimanjaro, 5895 metros, no dia 14 de junho de 2016, cinco anos depois da idéia de escalá-lo ter surgido numa conversa com minha amiga Margarete. Abraços dados, feitos os registros fotográficos dos glaciares, que ano à ano diminuem seu tamanho, hora de retornar ao Campo Alto para hidratar, descansar e descer para onde passaríamos a noite antes de retornar até a saída do parque e encerrar metade da nossa missão na Tanzânia.
Durante nossa descida, encontramos com Lilian e Helena, bem cansadas, mas com o Teacher como mentor, em suas caminhadas rumo ao cume. “Vamos !!! Falta pouco!!! Vocês conseguem!!!” falamos para elas. Como é bom ouvir isso quando estamos na montanha, sem saber se falta muito ou pouco para o cume.
Renova as energias e dá um gás final para chegar ao cume. Seguimos nosso caminho rumo a Barafu enquanto nossas amigas continuavam sua jornada. A recomendação chegando ao acampamento é a de sempre: “Pessoal, não deitem, tomem água, não durmam…, assim que o restante do grupo chegar, desceremos para Millenium Camp, onde passaremos a noite.”. Por mais cansados que estivéssemos, ninguém fica no campo alto do Kilimanjaro após o cume ( nos explicou Maximo ).
Não se dorme muito bem em campos altos ( eu não tive muito problema nessa expedição, foi uma das que me aclimatei melhor ). O dia de cume é um dia puxado. Comemos pouco, e o principal, desidratamos e acabamos não tomando muita água. Por isso quando voltamos é importante não dormir. Dormindo não bebemos água e os efeitos disso não são lá muito agradáveis. Edema ( inchaço ) nas extremidades, na face, dores de cabeça, são alguns deles. Grupo reunido, pessoal que chegou mais tarde bem cansado, mas a missão desse dia era chegar ao campo mais baixo, onde novamente hidratar, hidratar, e hidratar, comer para depois dormir.
Alguns seguiram as recomendações, outros não, mas por sorte, todos passaram bem a noite. De todas as noites, essa foi a que dormir melhor.
Sem dor de cabeça, sem ter que acordar para ir ao banheiro, dormi muito bem, e conversando com Max pela manhã, ele também falou que foi a noite que melhor dormiu. Concluiu ele “é sinal que fizemos uma boa aclimatação!”, e eu concordei! Grupo reunido, hora de começar a última caminhada na montanha, dessa expedição, voltando agora a passar entre grandes árvores da Floresta Equatorial, encontrando macacos brancos pendurados pelas árvores, e grutas nos troncos de gigantes árvores onde poderíamos facilmente passar a noite abrigados. Na saída do parque nosso transporte esperava, o tempo meio com nuvens, todos pensativos sobre o feito, agora aguardando para concluir a parte mais esperada… Conhecer a Escola e o Orfanato, e entregar para as crianças as doações!