Nada mais é surpreendente quando se fala no Everest e sua incrível popularização e consequente distanciamento do alpinismo a favor do turismo de alta montanha. A último notícia neste sentido chegou ontem do Nepal: Os Sherpas, que já equipavam a rota normal desde o acampamento base até o cume, tem a intenção de colocar escadas para evitar aglomerações no escalão Hillary, situado logo abaixo do cume, a 8790 metros de altitude.
Adiantando-se às expedições propriamente ditas, que começarão a chegar em Abril, o campo base da face Sul do Everest começou a tomar forma. As equipes de Sherpas das expedições comerciais iniciaram seu trabalho de montagem das complexas estruturas que darão suporte a seus clientes nesta temporada. Cada expedição tem tentado assegurar os melhores locais, tentando chegar antes de outras empresas competidoras.
De acordo com o site espanhol Desnível, para assegurar seus locais favoritos, algumas empresas mandaram seus Sherpas reservar seus locais desde meados de Fevereiro, ou seja, em pleno inverno. Vale a pena lembrar que nos dias de auge da temporada de pré monção, o campo base do Everest contará com uma população de 2.000 pessoas, incluindo neste ano uma delegação policial de nove agentes e um novo serviço que irá gerir o recolhimento de lixo obrigatório para os alpinistas.
Junto com os Sherpas que instalam as barracas e o resto das estruturas do campo base, também começou o trabalho dos chamados “Icefall doctors” Os “doutores da cascata de gelo”, grupo especializado de Sherpas que fixam a perigosa e instável Cascata de gelo do Khumbu, desde o campo base (5300m) até o campo 2 (6500m).
Escadas no escalão Hillary
Os doutores da cascata de gelo utilizam diversas escadas metálicas para atravessar as perigosas gretas e subir os Seraks que se formam na cascata de gelo do Khumbu. O que não é tão habitual de ver são escadas mais acima na montanha. No entanto é esta precisamente a solução encontrada pelos Sherpas para tentar minimizar o gargalo formado no famoso escalão Hillary, um ressalto rochoso de 15 metros de altura a 8790m que representa o último obstáculo antes do topo do mundo.
Quando se fala na massificação do Everest, muitas vezes se faz referência a este obstáculo como um dos pontos chave mais perigosos, já que as esperas que podem tomar várias horas, podem se tornar armadilhas mortais a tal altitude.
No ano passado, os Sherpas instalaram cordas duplas no escalão Hillary, que é um local obrigatório, tanto para descida, quanto para subida. No entanto eles consideraram que não foi suficiente e que fixar uma escada neste ponto contribuiria para que quem consiga chegar neste ponto de escalada, consiga fazer a ascensão mais rápida e segura.
As críticas a esta proposta, no entanto, não demoraram a chegar. Montanhistas do mundo todo afirmam que ao facilitar o escalão Hillary a massificação do Everest irá aumentar e assim, de acordo com os opositores da ideia, se produzirá um efeito contrário, aumentando as filas e o perigo.
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