Cento e vinte bombeiros seguiam trabalhando na manhã desta terça-feira (14) no combate ao incêndio que atinge as regiões de Araras e Bonfim, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio, como informou o jornal Bom Dia Rio. Três helicópteros eram aguardados para ajudar no combate às chamas.
O fogo que já afetou as regiões de Araras e Bonfim, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio, causa prejuízos também a áreas como o Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Parnaso) e a Área de Proteção Ambiental (APA) Petrópolis, ligada ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão federal. O combate já dura seis dias e está sendo feito pelo Corpo de Bombeiros, com o reforço de brigadistas da Reserva Biológica de Araras (RBA), ICMBio e Parnaso. Ao todo, 22 km², que correspondem a 2.200 campos de futebol, foram afetados pelas chamas. Além da perda de área de Mata Atlântica, espécies da fauna também são afetadas. Neste domingo (13), o laboratório do Parnaso em Teresópolis recebeu um ouriço e uma paca, que morreu no caminho, vítimas das queimadas.
A fuligem e o cheiro de queimado denunciam a situação que afeta diversos pontos da cidade, como Araras, Secretário, Brejal, Manga Larga, Santa Mônica, Correas, BR-040 e Nogueira. Na manhã desta segunda-feira (13), 18 focos eram combatidos pelas equipes. A preocupação maior era evitar que o fogo chegasse às regiões de grande importância ambiental, o que não foi possível.
“Tivemos a informação de que o incêncio entrou na área do Parnaso já na noite de domingo. Como se trata de um local de difícil acesso, ainda não sabemos a proporção e a área atingida”, explicou Leandro Goulart, chefe do Parnaso, que recebeu dois animais resgatados das chamas. “O ouriço está bastante intoxicado e com dificuldade para se alimentar. Os veterinários não tiveram tempo de socorrer a paca, que morreu no caminho”, lamentou Leandro. Segundo ele, muitas espécies são afetadas. “Cobras e ninhos de pássaro, por exemplo, são atingidos com frequência”, revelou.
Nesta segunda-feira, três helicópteros trabalhavam no combate às chamas. Dois eram das polícias civil e militar, e já retornaram para a capital. Segundo o comandante do Corpo de Bombeiros na Região Serrana, tenente-coronel Roberto Robadey, uma aeronave foi solicitada à Marinha e deve começar a atuar na manhã desta terça-feira (14).
Os incêndios são, em sua maioria, provocados pela população, o que configura crime ambiental. A lei federal 9.605, de 1998, prevê prisão de dois a quatro anos e multa. Segundo Sérgio Bertoche, analista ambiental e chefe da APA Petrópolis, o incêndio florestal que atinge a região do Bonfin e Araras pode ter sido proposital. “Uma pessoa ficou de nos enviar fotos que flagram o momento em que um homem ateia fogo no local. Com as imagens vamos abrir um procedimento administrativo e responsabilizar o culpado. Esperamos que sirva de exemplo”, afirmou Sérgio, que acrescenta: “Desde 2009 não vejo um caso como este de tantos focos. Pela cor do céu é possível ter uma ideia da gravidade da situação”, pontua.
Sérgio acrescenta que os proprietários de terrenos particulares terão a área embargada até que seja feita a restauração. “Muitas são áreas de mata atlântica em estágio inicial, ou seja, com vegetação de até 5 metros de altura. As pessoas colocam fogo para descaracterizar e fugir das obrigações impostas em uma área de preservação”, disse o analista ambiental, ressaltando que a prioridade no momento é extinguir o fogo.