A Expedição de 1951 ao Pico Paraná – A primeira escalada do Vitamina ao PP

A muitos pode parecer inconcebível reservar cinco dias apenas para ir de Curitiba até o cume do Pico Paraná e retornar. Hoje se contabiliza uma hora e meia para se deslocar da Praça Tiradentes a Fazenda Rio das Pedras pela BR 116 em pista dupla asfaltada, mais quatro horas de caminhada até o cume e outras quatro para retornar a fazenda. Sendo bastante generoso o gasto é de onze horas da porta de casa a porta de casa, sem correria e com direito ao pastel, mas a exatos 71 anos atrás não era assim tão fácil.

Os preparativos começavam semanas ou meses antes da partida com a acumulação de mantimentos, seleção dos equipamentos para todo tipo de clima quando previsão do tempo nem existia e também a difícil tarefa de encontrar transporte off-road. O planejamento exigia perfeição porque além da Parada do Elpídio, no alto da Estrada da Graciosa inteiramente revestida com pedras soltas, não havia mais retorno nem qualquer tipo de socorro. A meio caminho do Pico Paraná, os expedicionários estavam muito mais isolados e expostos aos elementos do que alguém em Nido de Condores ou Cólera, no Aconcágua de hoje.

É interessante e curioso examinar a lista de utilidades coletivas a serem acomodadas nas mochilas, a começar pela comida. Não poderia faltar arroz, feijoada em lata, macarrão, ovos crus, cebola, alho, nabo branco, vidro com molho à bolonhesa, vidro de azeite, ameixa preta, maçãs, bolachas, salsichas, café, chocolate, sal, chimarrão, cachaça, glicose e assessórios de cozinha como panelas, coador de café, talheres e pratos, cuia e bomba. Outros acessórios indispensáveis eram a barraca de lona encerada com dois panos, a carbureteira (lanterna) com muito carbureto (combustível), a lanterna elétrica com quatro pilhas grandes, ½ dúzia de velas, fogareiro Coleman, alguns litros de gasolina, caixas de fósforo, cantil e latas para múltiplo uso.

Não menos curioso foi encontrar na lista desta expedição um revólver Colt de cano longo, uma dúzia de cartuchos calibre 38 e uma gaita de boca além do indispensável facão Colins, a máquina fotográfica com dois rolos de negativos para 20 exposições e um filtro amarelo.

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Em 26 de maio de 1951, Henrique (Vitamina) Paulo Schmidlin não havia ainda completado os 21 anos e seus companheiros Arnoldo (Banski) Sobanski, Augusto (Dudu) Ricciardella Correia e Werner (Tarzan) Wiemers estavam na mesma faixa etária quando iniciaram esta aventura, a primeira expedição deles ao ponto mais elevado da região sul do Brasil.

O Vita vestia calça de gabardine (tecido inglês), camisa de mangas curtas, blusão impermeável de mangas compridas, boné alemão, cueca, meias e coturno militar. Nos bolsos levava um canivete, a bússola e dois lenços além de papel e lápis. Na mochila carregava calça e paletó do exército, calção, um par de luvas de couro e outro de lã, uma camiseta, uma ceroula, dois pares de meia, gorro fechado para o frio, toalha e dois pulôveres sobre a barraca individual que serviria também como saco de dormir, escova e pasta de dente, aparelho de barbear, sabonete, medicamentos e material de limpeza para os pratos e panelas.

Talvez a maior dificuldade da expedição era chegar ao Sítio do Belizário, com certeza muito maior que a escalada propriamente dita. Após idas e vindas, contratações e desistências, finalmente conseguem carona com o amigo Léo Beurgel num Jeep Willys emprestado especialmente para a viagem. Marcaram encontro e saída as 13h30min na Praça Zacarias e meia hora antes o Vita ainda corria para completar a carga e socar tudo dentro da mochila. Faltou lugar para a carbureteira e uma lata de abacaxi que foram na mão e no caminho passou na oficina do Antônio Zinher apanhar o revolver que o Fredi Jonscher lhe emprestara, mas chegou a tempo de se abancar na traseira do Jeep.

Partiram no horário por ruas calçadas com paralelepípedos até o Bairro do Bacacheri onde começava o poeirão. Ao cruzar os trilhos da ferrovia apanham o Banski e em Quatro Barras, já cobertos de poeira, compram arroz e cordame para tencionar a barraca. Chegando ao Elpídio se deparam com um caminhão tanque que explodira durante a madrugada. Vendo-se sem freios, o motorista acionou o freio de mão que esquentou ao ponto de incendiar as lonas e então foi só correr a pé para escapar do fogaréu. Incinerou tudo num raio de 20 metros.

No Restaurante do Elpídio pararam para reabastecer a pança enquanto obtém informações. Pouco a frente da ponte de concreto sobre o Rio Taquari encontrariam algumas casinhas do lado esquerdo da Estrada da Graciosa e uma estradinha carroçável fechada por um portão.

– “Mas que estrada! Eram infinidades de buracos, pedras sobressaindo a flor da terra, curvas fechadíssimas, valetas, rampas acentuadíssimas e mil outros obstáculos que somente um Jeep 4×4 venceria”. Vitamina

Esta era o que chamavam de Estrada de Papanduva que penetrava o sertão cruzando matas, campos, rios e banhados, sempre piorando na medida que avançava ao encarar os morros da serra.

– “Enfim chegamos numa subida como nunca havia visto e engatamos uma reduzida nas quatro rodas, e olha lá! Como gemia os 40 HPs do motor! Segue um trecho de pouco aclive quando surge uma curva a esquerda onde quase tombamos e depois aparece uma descida que dá medo, sinuosíssima, dando a impressão de que vamos rolar, porém ali a estrada terminava numa porteira”. Vitamina

Passando pela porteira já se cruzava o riacho e começava o quintal do Belizário Armstrong que na sua carroça ultrapassaram na estrada sem o reconhecer. A casa e o paiol ficavam aproximadamente sobre o laguinho da Fazenda Pico do Paraná. Estavam irreconhecíveis debaixo de espessa cobertura de poeira e também esfomeados. Com a chegada do Belizário fazem as devidas apresentações, sendo recebidos com a hospitalidade dos sertões e imediatamente se instalam num gramado as margens do rio para assar o churrasco. A noite redistribuem o material ao arrumarem as mochilas antes de cada um encontrar seu canto na sala da casa para dormir.

Despertaram as cinco horas da madrugada na mais profunda escuridão e sem demora consumiram uma reforçada refeição matinal a luz das lanternas de carbureto. Mingau de aveia reforçado com farinha láctea, pão com linguiça e café completado com leite fresco oferecido pelos hospedeiros. As sete em ponto se despedem dos Armstrong e rumam direto para as montanhas.

Da casa avistaram um morro próximo com pedras expostas no topo, é o que conhecemos como “Pedra do Grito”. Cruzam pelo curral atrás da casa e penetram no intrincado samambaial repleto de trilhas dos animais, se abaixando e muitas vezes se arrastando de barriga por entre as taquaras numa fortíssima inclinação. O segredo era seguir as velhas marcas de corte a facão desprezando as trilhas de galhos simplesmente quebrados pela passagem do gado.

O sol surgiu forte e avermelhado por detrás das montanhas e o Dudu já apresentava sinais de desgaste que resultaram em inúmeras paradas intermediárias antes de atingirem a cumeada e se extasiarem com a vista do vale abaixo. Refeitos pelo breve descanso, continuam em suave aclive até o riacho do Caratuva, na realidade uma das nascentes do Rio das Pedras. Nesta época a trilha seguia direta para o Caratuva pelo flanco esquerdo da crista sem subir no “Getúlio”.

Acompanham o riacho trocando de margem continuamente até se perderem em meio a um intrincado bambuzal para reencontrar o riacho mais acima e enquanto havia água a inclinação permanecia razoável, mas quando desaparece por debaixo das pedras é que a escalada realmente começa. Acompanham o leito seco por alguns minutos e dobram a esquerda em direção ao Taipabuçu, subindo e descendo lombas onde a mata fechada dava lugar a belos mirantes. O Dudu estava completamente exausto apesar das inúmeras paradas para aliviar suas câimbras com massagens do Banski. Antes mesmo da cumeada já haviam redistribuído o peso entre os outros três, deixando sua mochila apenas com roupas e outras coisas leves.

– “As nuvens giravam ao nosso redor e mais abaixo. Surgia também o frio. Parecia o inferno de Dante! ” – Vitamina

Subiam pela face Noroeste protegidos pela montanha, mas ao chegar no descasmpado ficam expostos ao forte vento Sul trazendo nuvens carregadas de chuva. No Pouso da Anta, enquanto o Dudu descansava foram buscar água numa nascente distante 30 metros a direita de quem escala o Caratuva e pela primeira vez tem contato com a planta que dá nome a montanha.

O Pico Paraná estava completamente envolto pelas nuvens enquanto escalavam os últimos 200 metros em meio ao espesso caratuval, mas rapidamente se dissipou ao despontarem no cume para vislumbrar um espetáculo impressionante. Numa revolução teatral, as nuvens tragavam completamente a montanha para em seguida novamente desnuda-la a luz do sol do meio dia.

– “Naquele interminável vale já escurecendo, a ventania cada vez mais forte, a garoa e o nevoeiro rodopiando ao nosso entorno. O silencio mortal, somente o vento sibilava. Nuvens escuras aproximavam-se, rodopiavam, se afastavam, subiam e desciam. Um verdadeiro pandemônio da natureza, parecia que Netuno nos mostrava sua força”.

Descansam e almoçam maçãs, broa, linguiça, goiabada e queijo enquanto apreciam o espetáculo sentados ao lado do marco de concreto do Instituto Geográfico. Nas alturas o tempo corre com o vento e um profundo vale ainda os aguardava. Desceram a crista ondulada quase totalmente coberta pelas caratuvas onde raros e isolados arbustos se destacavam. No Pouso da Sorte, atualmente conhecido como A1, o tempo piora bastante e a chuva ameaça despencar a qualquer momento quando fazem nova parada e rola acalorada discussão.

O Banski e o Tarzan insistiam em continuar enquanto o Dudu já estava nos limites de suas forças e o Vitamina permanecia indiferente, mas no íntimo achava mais prudente acampar. Vencidos pelo bom senso trataram de armar a barraca emprestada do Fernando (Cipó) Andrezjwski. Na barraca de 2 lugares pernoitariam espremidos os quatro, mas a água já estava racionada e ouviam o ruído de cachoeira na grota do Cacatu. Coube ao Vitamina e ao Banski averiguar.

– “O mato era tão emaranhado que não adiantava o facão. Era descida, taquara e xaxim, árvores espinhosas, buracos e pedras, uma confusão de vegetação. Foi um suplício chegar no rio que apesar do frio chegamos suados feito uma máquina a vapor, mas o retorno foi pior. Investimos por num leito estreito e seco, que palpite desgraçado! Acabamos num mar de caraguatás e logo depois atingimos um caratuval seco. As pernas afundavam até acima das canelas e as vezes tínhamos de rastejar. A neblina estava tão densa que não se enxergava nada além dos 20 metros e acabamos por retornar com os cantis vazios por ter bebido toda a água coletada em meio a muitos tombos e arranhões”. Vitamina

O frio aumentava e começou a garoar forte os fazendo entrar na barraca as 16h00 para sair apenas as 9h00 do dia seguinte. Quatro num espaço para dois com as mochilas na garoa e as 18h00 começou os preparativos para o jantar acendendo o fogareiro Coleman dentro da barraca. Mingau seco de aveia, farinha, leite azedo e açúcar para antepasto e papa de espaguete ao molho bolonhês como prato principal.

Agasalharam-se com todas as roupas que dispunham e as horas não passavam, continuamente consultavam os relógios. A garoa e o vento eram tão fortes que a água penetrava ao se encostar na lona e sem poder se mexerem dormiram pouco e pessimamente.

Amanheceu com o tempo fechado por densas nuvens, muito frio e vento forte que desencadeou nova discussão após o desjejum de broa fatiada, farinha láctea, goiabada, queijo e água das caratuvas.

– “Vou ao Pico Paraná nem que morra já que cheguei até aqui, vou até lá e quem quiser ir junto que venha”. Vitamina

Partiram as 9h20 munidos de cantil, ½ quilo de banana seca, 3 maçãs, uma caixa de ameixa preta, queijo e uma máquina fotográfica por pessoa. Descem desafiando o vento e o frio pela crista sinuosa, enxugando a vegetação em longo declive até o selado do Rio Cotia a esquerda e do Rio Cacatu a direita para iniciar a escalada ao PP.

– “Esta rampa inicial é acentuadíssima e assaz impressionante devido à forte e acentuada inclinação de quase 80 graus, porém rapidamente saímos deste nó e atingimos novamente trechos de aclive leve e campo”. Vitamina

Enquanto escalavam o tempo melhorava, a neblina se dissipava e os raios de sol os aqueceram ao chegar no Pouso do Josias onde muito depois foi construído o Abrigo de Pedra ao lado do A2. Finalmente tinham água boa em abundância e abastecem os cantis secos para continuar a subida com as montanhas a frente e ao redor totalmente visíveis enquanto o mar de nuvens cobria tudo abaixo e para trás do Caratuva.

As 11h30 atingiram o cume debaixo de forte ventania e frio intenso, mas com visão totalmente desimpedida para Leste. No caderno registraram a 15º escalada ao Pico Paraná com panoramas deslumbrantes e vistas espetaculares.

– “Avistamos a Serra da Prata, o conjunto Marumbi, a Farinha Seca e o Morro Sete, estradas, Antonina, Paranaguá e toda a baia com suas ilhas distantes, até os três Feiticeiros. Enfim, toda a região com exceção dos lados de Curitiba com o Caratuva igualmente invisível sob o enorme manto de nuvens”. Vitamina

Os grandes aviões de passageiros passavam a tão pouca altura e distância sobre o pico que a olho nu podiam ler até seus prefixos. O sol forte e a visibilidade ao infinito os mantinham relutantes, mas o frio intenso e o vento forte alertavam para nova virada do clima que os fizeram iniciar a descida e retornar ao acampamento. Novamente sobrecarregados com o peso das mochilas iniciaram a escalada do Caratuva com muitas paradas devido ao esgotamento físico do Dudu que voltava a sentir dolorosas câimbras. No cume do Caratuva as nuvens abriam e se fechavam em minutos, mas na descida tudo se fecha para valer e não há visão para lado nenhum.

Na última descida se perdem no intrincado samambaial que ocasiona atraso, arranhões e muitos palavrões antes de reencontrarem a picada com o Banski bufando de raiva, mas as 18h00 finalmente chegam ao Belizário já no escuro e imediatamente tratam de se lavarem no rio geladíssimo antes de adentrar a casa. Na cozinha preparam arroz, feijão e broa fatiada para depois degustar o chimarrão antes de dormir. A noite estava muito fria e despencou um forte aguaceiro recheado por relâmpagos e trovões que faziam tremer a casa. Conheceram, então, o chão mais duro do universo.

– “Já dormi sobre piso de concreto, mas o assoalho da casa do Belizário é pior”. Vitamina

O dia amanheceu esplendido com novo banho frio no rio e café quente na cozinha, limpeza da casa e pagamento aos anfitriões. Um menino os guiou por uma estrada abandonada onde apareceram um monjolo e muitas casas em ruínas até o lugar que julgou seguro, então apontou a direção para Bairro Alto e retornou.

Após cruzar dois riachos encaram uma subida fortíssima com muitas paradas que só termina ao encontrar outro riacho seguindo daí por suaves aclives e outros trechos planos repletos de brejos e grandes barreiros até a descida para o litoral, no que chamavam de “Balanço da Serra”. Percorriam o que conhecemos por Picada do Cristóvão na época denominada Estrada de Mulas para Porto Cacatu. O Balanço da Serra está exatamente no cruzamento da trilha com as torres e cabos de alta tensão da Usina Capivari-Cachoeira no selado entre o Ferreiro e o Guaricana. A trilha guardava muita semelhança com o Itupava, mas bem mais larga por ainda ser muito usada pelos caboclos da região.

– “ Tem longos trechos sulcados por valetas transversais como uma tábua de lavar roupas que foram feitas pelos cascos das mulas de tanto andarem por ali sempre no mesmo passo”. Vitamina

Com cinco horas de caminhada fazendo média de 5 a 6 Km/h, o terreno suaviza e começam a aparecer roçados, casas e pomares que são imediatamente assaltados.

– “As 15h30 chegamos as margens do Rio Cotia onde descansamos somente para apreciar uma linda piscina. A mais bela que vi até esta data. Nunca vi água tão transparente”. Vitamina

A frente a estrada nivela e acompanham o canteiro de obras da Usina de Cotia da qual agora só restam ruínas como as represas no Rios Cotia e Saci, as extensas tubulações de concreto paralelas a estrada, a Piscina dos Elefantes e os incríveis aquedutos. Ao se aproximarem de Bairro Alto o tempo volta a se fechar ameaçando chuva. Bairro Alto era pequeníssima com sua rua principal margeada por casinhas bem parecidas e muito próximas umas das outras na mais perfeita ordem. No caminho havia muitas torneiras de uso coletivo e numa depressão as margens do Rio Cachoeira estavam levantando um grande edifício para abrigar a casa de força da usina.

Com o Dudu totalmente esgotado pelo cansaço e os pés do Vita em frangalhos devido a um prego que vazou o solado do coturno, resolvem procurar alguma condução descobrindo um “ônibus” que faria o percurso no dia seguinte, subornando o motorista para adiantar a viagem. O tal “ônibus” não passava de um velho caminhão com carroceria coberta por um toldo fixado em armações de madeira e alguns toscos bancos soltos de madeira que dançaram durante toda a viagem enquanto chovia copiosamente.

O Dudu seguiu na cabine enquanto os outros se equilibravam em pé na carroceria, cuidando para não bater a cabeça na armação de pau nem serem jogados para fora com os solavancos. A viagem termina em Porto Cacatu, antiga colônia japonesa abandonada com a entrada do Brasil na segunda grande guerra quando o governo de Getúlio Vargas obrigou os moradores a subir a serra e se reestabelecerem distantes do litoral onde podiam ser monitorados. Nem chegando a esfriar os fogões a lenha, suas casas, utensílios e propriedades já estavam saqueadas e invadidas pelos caboclos e caiçaras da região.

Em Porto Cacatu encontraram Guilherme Jacobwitz, administrador de uma fabriqueta de papel e amigo do Dudu que os abrigou em sua casa para o pernoite. Depois de quatro dias intensos retornavam ao conforto da civilização com banho quente, mesa farta, colchão macio e lençóis limpos.

Amanheceu com céu limpo como sempre e um magnífico panorama das montanhas. Após o desjejum embarcam num Land Rover para conhecer a fábrica de papel e as pessoas do lugar, depois se dirigem a estrada aberta apenas três anos antes ligando Cacatu a Antonina. Totalmente abandonada e cheia de buracos com pontes desmoronadas conseguem ultrapassar o Rio Cacatu e chegar ao Rio do Meio, voltando dali porque a estrada se tornava intransitável adiante.

Retornam a casa do Guilherme para uma farta refeição, seguindo depois ao porto para embarcar na lancha com motor de centro para Antonina. Viajam no teto da embarcação conversando com um italiano da Cia. Belgo Elétrica que planejava atravessar o Atlântico num veleiro.

– “Que viagem estupenda! O rio (Cacatu) cada vez alargava-se mais passando por diversas desembocaduras de afluentes. O rastro deixado pela lancha com um bom contra luz e a notável Serra do Ibitiraquire como fundo! É notabilíssimo e inesquecível”. Vitamina

Em Antonina matam o tempo numa sorveteria antes de tomar o trem para Morretes.

– “O trem partiu as 15h30 puxado por locomotiva a vapor que parecia ir mais devagar do que eu a pé e algumas mulheres resolveram oferecer seus serviços. Uma trajada de branco, quando dobrava o corpo para frente, os seios quase pulavam para fora do vestido, porém a falta dos dentes frontais a tornava assustadora”. Vitamina

História verídica extraída dos “Diários do Vita” em tradução livre.