Acesso Restrito

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O assunto já é bastante recorrente. A proibição de acesso às montanhas por pessoas não vinculadas a clubes e associações de montanhismo.

Vira e mexe o assunto retorna. Em recente notícia publicada
aqui neste site, denunciando crimes ambientais cometidos por integrantes de
certa facção religiosa, o que poderia vir como solução apresenta-se como fato
questionável. Vale à pena ler a matéria citada, pois informa e denuncia
atitudes impensáveis em plena época da informação. Porém muitas vezes, apenas
uma vírgula mal colocada pode dar margem a interpretações errôneas, e é
tentando ter o máximo de cuidado que me expresso neste espaço.

Antes de qualquer coisa quero dizer que o que está sendo
colocado aqui não se refere a pessoas ou a entidades e sim a opiniões. Estas
diferenças de pensamento existem e sempre contribuíram para o crescimento
humano e lucidez nas decisões, principalmente se manifestadas de forma serena e
educadas, o que infelizmente nem sempre é seguido.
 
Referindo-se ao caso citado da matéria em questão. A proibição de
acesso as montanhas da região do Pico Paraná nos dias de semana, atitude tomada
pelo seu proprietário, diante da constatação de que o grupo que emporcalha a
região freqüenta a área apenas nos dias de semana, resolveu tomar essa atitude
drástica. E entendo perfeitamente sua reação, resolvendo da maneira mais
simples a questão. Com certeza essa não é uma decisão permanente, apenas
temporária, visando deter o bando de porcalhões (com todo respeito aos suínos).
Digo isto por conhecer bem o proprietário, sendo amigo pessoal do mesmo, e já
termos por inúmeras vezes conversado sobre os mais diversos assuntos
concernentes à região.
 
Porém o que me preocupa verdadeiramente é a restrição de
acesso a pessoas que não disponham de um pedaço de plástico onde se identifique
uma logotipo da CBME – Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada. A
FEPAM, Federação Paranaense de Montanhismo, segundo noticiado neste mesmo site,
tentaria entrar em contato com o proprietário da Fazenda Pico Paraná para conseguir
uma liberação para seus associados. Poderiam assim seus associados freqüentarem
a região nos dias de semana.
 
Isso demonstra verdadeiramente o desvirtuamento da raça
humana do princípio maior da liberdade. A tentativa de segregação dos
montanhistas com carteirinha em relação aos montanhistas que não acham
necessário se pertencer a alguma agremiação, pelos mais diversos motivos, é uma
atitude arbitrária.
 
E nessa questão vale citar que é algo que acontece em termos
mundiais. Parques nacionais e regionais em diversos países hoje restringem
acesso a não federados. Várias situações contraditórias podem ser citadas na
exigência de tal “passaporte” para as nuvens. Citarei dois exemplos.
 
Ex. 01: Pessoa federada que subir montanha em país andino,
uma montanha de 6.000 metros, por exemplo, qualquer que seja seu motivo. Mas
ela não tem experiência, apenas uma carteirinha de clube de alguma associação
de escalada esportiva de seu local de origem. Ou seja, provavelmente não tem a
experiência necessária para tal intento, visto que provavelmente se detém às
paredes indoor. O tal “filtro de inconseqüentes” furou.
 
Ex. 02: Fulano de Tal, montanhista federado, quer levar
amigo seu da Suécia para conhecer o Morro do Getúlio na Serra do Mar (hoje
temporariamente de acesso restrito). Ele sobe, o amigo não. Mesmo que o citado
montanhista federado tenha todos os cursos e seja-lá-mais-o-quê exigido por
alguma federação. Atitude injusta com o gringo…
 
Certo. Aqui apresentei os problemas. E antes que os críticos
me cobrem soluções (antes mesmo de apresentar alguma e contribuir para o bom
debate) apresento algumas.
 
Controle e cadastro de visitantes. Foi assim que o
proprietário da Fazenda Pico Paraná chegou a diversos infratores ambientais que
passaram por suas terras. Atitude louvável!
 
Punição dos responsáveis pelo delito. Incumbência do poder
público, não me meterei no mérito.
 
Envolvimento da comunidade. Pessoas que estejam nos locais
de visitação estar sempre de olho em busca de alguém fazendo trapalhadas.
 
Espero ver aqui mais soluções alternativas apresentadas, que
no fim das contas podem ser levadas às pessoas interessadas das federações, dos
órgãos ambientais e tudo o mais.
 
Um grande abraço e bom debate a todos.

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Sobre o autor

Texto publicado pela própria redação do Portal.

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