Alex Txikon cobra mais eficácia de seguros após acidente fatal e resgate no Nepal

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Alex Txikon publicou em suas redes sociais um relato sobre o acidente que atingiu dois escaladores espanhóis enquanto desciam o Chukima Go. Após ajudar no resgate mesmo a distância, Txikon questionou porque os seguros demoraram para agir.

Resgate de David Suela no Nepal

O Chukima Go é um pico com 6.287 metros de altitude localizada em uma área isolada bem longe das famosas montanhas do Nepal. Felipe Valverde “Tronko” de 44 anos faleceu após cair mais de 700 metros devido a uma falha no rapel. Seu parceiro David Suela ficou preso na montanha sem corda e sem meios para descer, mas conseguiu pedir ajuda.

Os amigos da dupla, Mikel Zabalza e Sonia Casas, que estavam escalando em uma montanha próxima e tinham um telefone via satélite receberam o pedido de socorro e contataram Alex Txikon, famoso alpinista também espanhol. A pedido de Txikon o resgate foi realizado por pilotos nepaleses com um helicóptero e uma manobra arriscada de Longline para acessar Suela.

Essa técnica consiste em transportar a vitima presa a uma corda fora da aeronave. Essa foi uma operação delicada devido à altitude em que Suela estava e as condições climáticas com ventos fortes.

Após o resgate, descobriu-se que Tronko e Suela não possuíam permissão para escalar essa montanha. Por isso, Suela foi detido para esclarecimentos após o atendimento médico e teve o seu passaporte detido pelas autoridades nepalesas.

Felipe Valverde «Tronko» (esquerda), David Palmada «Pelut» e Paca em 2011

 Veja o depoimento de Txikon sobre o resgate:

David Suela e Felipe Valverde fizeram uma subida de primeiro nível ao Chukima Go (6.257 m), uma daquelas montanhas afastadas dos oito mil. Sem dúvida, uma daquelas escaladas que os atuais escaladores de oito mil nem pensariam em tentar.

Infelizmente, Felipe Valverde perdeu a vida nela, mandamos daqui nossas sinceras condolências à família e aos amigos.

Ontem à tarde, Mikel Zabalza e Sonia Casas nos ligaram pelo telefone via satélite. Quando tocou automaticamente, sabíamos que algo ruim estava acontecendo. Hoje, temos de agradecer de todo coração, que David está são e salvo.

Antes de embarcarem na subida a dupla Zabalza-Casas, se equipou com um rádio para acompanhar o progresso da ascensão de David e Felipe, e o acaso, mais uma vez, fez David levar o rádio com ele, e não Felipe, que caiu em um vazio de 700 metros.

Hoje nada mais pode ser feito por Felipe, mas de manhã, graças aos pilotos nepaleses, Sonia Casas, Mikel Zabalza e Ignacio de Zuloaga, David foi resgatado acima de 6.000 metros, usando a técnica Long Line. David está bem apesar do duro golpe de perder um parceiro.

Suela na ponta da corda durante o resgate.

Felizmente, no futuro, agiremos como todas essas pessoas fizeram hoje, mostrando seu compromisso e solidariedade em ajudar, como gostaríamos que eles fizessem por qualquer um de nós que estivesse na mesma situação.

A partir daqui, gostaria de acrescentar que o resgate foi realizado em condições climáticas adversas e foi realizado de maneira eficaz e muito rápida, graças ao fato de ter agido de boa fé e ajudado pela experiência de Zabalza, Casas e Zuloaga. 

Se esperássemos que os seguros tivessem a garantia do pagamento do resgate e os dias com tempo bom para voar, a vida desapareceria. Esperamos que esse fato ajude as companhias de seguros a melhorar seus serviços para clientes como Felipe e David. Para concluir, agradeço a Mikel, Sonia, Ignacio e os pilotos que realizaram o resgate. Muito obrigado! Um grande abraço à família e aos amigos de David e Felipe.

David Suela chegando a base em segurança

 

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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