Amanda Criscuoli encadena via de 10a e torna-se a brasileira mais nova a atingir essa graduação

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A atleta do Rio Grande do Sul, Amanda Criscuoli, de 17 anos encadenou a via Problema de uma Geração graduada em 10A (BR), em 24/02. Ela escalou toda a via sem quedas e sem utilizar equipamentos para progredir e assim se tornou a mulher brasileira mais jovem a atingir esta graduação.

Durante essa escalada é preciso “perder os pés” e ficar apenas com as mãos na parede algumas vezes. Amanda conseguiu um jeito de fazer isso apenas uma vez.

Amanda também conquistou o título de First Female Ascent (FFA), ou seja, a Primeira Ascensão Feminina dessa via. E com essa cadena, a escaladora entrou no seleto grupo de mulheres brasileiras a atingirem essa graduação.

A via esta localizada na cidade de Caxias do Sul no setor Noel Rocks, famoso pela grande cascata que cai ao lado da parede utilizada pelos escaladores. Além disso, essa via tem como principais características o ângulo negativo da parede e passa a sensação de estar em um lugar muito alto e longe do chão devido ao grande vale que se abre em frente à rocha. O que os escaladores chamam de “aéreas”.

O processo para a cadena

A atleta contou que passou por um longo processo até conseguir essa cadena. Ela começou a trabalhar essa via em 2022, mas precisou fazer uma pausa no ano passado para poder se dedicar aos treinos para as competições nacionais e internacionais de escalada. Durante esse período as condições meteorológicas e a umidade também afetaram o local, impossibilitando que Amanda a encadenasse.

Ela ressaltou ainda que a via é exigente física e psicologicamente, pois além de ser “aérea” também possui movimentos longos, e mistura momentos de força com técnica. “Também tive muitos altos e baixos nela, algumas vezes melhorava muito e algumas começava a piorar, isso envolveu muitas dúvidas ao longo do processo: “Será que eu consigo?”, “Muito além da minha capacidade!”, “Tão poucas mulheres fizeram, porque eu acho que vou conseguir?”, “Eu não tô preparada para ela””, contou a atleta.

A via negativa impressiona e exige força.

No entanto, ela teve o apoio de seus pais e amigos em busca do sonho que diz ter desde a infância que era atingir essa graduação. “Todas as lágrimas de medo de não conseguir foram secas por eles (os pais), tantas conversas quando eu começava a achar que não podia, tantos abraços para acolher e tantas palavras de empoderamento, até que o jogo começou a virar e eu comecei a ver o processo como um desafio e algo que eu poderia superar”, revelou.

Após tanto esforço, Amanda foi recompensada com a cadena. “Na segunda tentativa da cadena eu escalei fluída, sem medos, sem bloqueios, só escalei e fui muito feliz!! Me senti bem, “voando”, tranquila e leve, eu sabia tudo, todos os movimentos, as costuradas, os pés, os descansos e finalmente encaixei tudo! Foi perfeito! Quando passei do crux só conseguia agradecer pela oportunidade, eu tinha convicção de que mandaria/encadenaria, eu tinha controle do meu cansaço e o tanto que deveria descansar e assim foi, quando descansei sabia que era dali pro top/final e deu tudo certo”, comemorou a atleta.

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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