Sendo um idioma muito prático, o inglês tem adjetivos que resumem frases inteiras do português. A palavra breathtaking, que significa “de tirar o fôlego”, é um exemplo. E foi ajudando a guiar um grupo de turistas ingleses num trekking de 5 dias ao redor do nevado Ausangate, no Peru, que compreendi o que é deparar-se com uma paisagem literalmente breathtaking. Um destes momentos é quando atingimos o topo do passo Palomani, que com 5200 metros é o ponto mais elevado do caminho: o oxigênio já nos faltava naturalmente devido à altitude, e a beleza daquele cenário de picos nevados que apreciávamos ali roubava qualquer restinho de fôlego que ainda tínhamos.
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Existe alguma montanha fácil de escalar? Esta pergunta pode gerar respostas diversas de montanhistas diversos, a partir da formação e experiência de cada um. Alex Cuadros, guia peruano que me levou pela primeira vez a um cume, responderia não ou melhor, no. Influenciado pela tradição andina de venerar as montanhas como divindades chamadas apus ele prefere termo acessível para picos que não apresentam dificuldades técnicas para sua ascensão. E ressalta que esta acessibilidade é quase que concedida pelo próprio apu, que, numa atitude amigável, permite que nós reles mortais alcancemos suas alturas.
É impossível estar em Cusco e não ver, pelo menos uma vez ao dia, a silhueta de Machu Picchu estampada em algum lugar. O postal mais famoso do Peru (e talvez da América do Sul) está no rótulo da cerveja Cusqueña, na camisa do Club Cienciano, em pôsteres da Coca-Cola, nas portas da incontáveis agências de viagens ou até no manto de um San Pedro desfilando na Plaza de Armas. Batizada em 1911 de the lost city of the incas pelo norte-americano Hiram Bingham, considerado seu descobridor, hoje Machu Picchu é tudo menos perdida: cerca de 2500 pessoas visitam o sítio diariamente (500 só pelo Caminho Inca).