Mesmo antes de nos metermos a caminho, já o nome da via estava decidido.
Democraticamente f…dos! Foi como nos sentimos ao escutar no dia 3 de Outubro a monocórdica e aborrecidíssima voz do Victor, a anunciar um enorme aumento de impostos.
Sobre o Autor
Um espectáculo inusitado. Vários ribeiros de ocasião caíam em cascatas varrendo as linhas de fraqueza da parede de granito. Encostados ao carro – de motor ainda quente devido à longa viagem de braços cruzados, apreciávamos o fenómeno.
À que confessar que estávamos satisfeitos após 3 aberturas (Ai que Saralho, pas de condition nos Alpes, Ilógica metrológica nas cercanias de Benasque e Matilde em Peña Montañesa) e desgastados física e psicologicamente pela Matilde. Chegara a hora de parar de abrir, mudar de local e desfrutar de umas escaladas bonitas por aí.
Escalámos uma nova via no Pico Perramó, nas montanhas de Benasque mas, um vento gélido demoveu-nos de continuar até ao cimo da formação (por outra via já estabelecida). Não tinha importância. Estávamos satisfeitos. A beleza da paisagem tinha ultrapassado as expectativas. Cada passada da longa marcha que nos conduziu até ali tinha valido a pena.
Uma vez aclimatados, estávamos preparados para tentar o verdadeiro objectivo da nossa viagem aos Alpes.
Resumo
No passado mês de Junho a Daniela e eu concluímos um périplo de aberturas que começou nos Alpes, percorreu alguns dos lugares mais bonitos dos Pirinéus e terminou na emblemática parede de granito da Meadinha na serra da Peneda. Decidimos contar a historia em episódios pois o resultado final de três semanas de acção traduziu-se em cinco novas vias, entre algumas outras repetições com características bem diferenciadas entre si, quer ao nível técnico, quer em vivências e emoções. Os dois pontos em comum fundamentais a todas as aventuras: a beleza natural e a tranquilidade dos locais. Este é o primeiro relato da Daniela acerca da nossa pequena e muito particular “Climbing Trip”.
A história desta via começou há muitos anos, ainda eu não era sequer um projecto…ou talvez já fosse na cabeça de um casal que ouvia os concertos do Zeca Afonso, Sérgio Godinho, entre outros, nos anfiteatros das universidades, na cabeça de um casal que de quando em vez era corrido das cantinas universitárias pela PIDE.
Qual a relação entre Peter Croft, Alex Lowe, Lynn Hill e os Pinheirinhos? Aparentemente nenhuma, no entanto… No outro dia, sentia-me inspirado. Tinha visto algo na moderna e muitas vezes malfadada internet que me tinha despertado uma luzinha. Um interruptor que se liga e desliga consoante a deriva do entusiasmo. Organizei o material necessário para a nova abertura que se avizinhava, tirei uma foto a tudo e fiquei ali um bocado a olhar para a quinquilharia. Um molhe de ferragem incompreensível para o resto dos mortais mas, para mim, uma espécie de xarope tranquilizador.
No passado dia 7, a Daniela e eu terminámos um projecto na falésia dos Pinheirinhos na Arrábida.
Quarta pela manhã, já eu contava os minutos que faltavam para mais uma vez iniciar a viagem rumo a Espanha, aquele belo país onde se viaja a preços bem mais convidativos que o nosso.