19 de janeiro de 2013 sábado, dia livre. Nós dois estávamos sentindo os músculos das pernas e foi super bom ficar descansando por um dia inteiro apesar que olhando o pessoal esquiar me deu uma grande vontade de sair por pelo menos um tempinho, mas resisti pois acho que assim será melhor.
Sobre o Autor
Escrevo este texto para dividir com vocês minha experiência de esquiador aprendiz e estimular outras pessoas a experimentar este esporte incrível no qual apenas estou começando, mas pelo qual já estou completamente apaixonado. Meu concunhado tinha razão. Ele me disse que assim que começasse eu iria me perguntar porque nunca tinha feito isso antes.
Em primeiro lugar gostaria de agradecer de coração a todos que acompanharam esta expedição que foi, sem dúvidas, a mais dura que já fiz na vida, não só por ter de deparar com escolhas muito duras, por ver muito de perto como o montanhismo de grandes altitudes pode ser cruel, mas também fisicamente já que nunca antes havia tentado escalar um 8000 sem apoio e sem oxigênio suplementar.
Hoje decidi fazer a caminhada de 2 horas de descida ao povoado de Sama Gaon onde há internet e 4 horas de subida de volta ao campo base para poder enviar notícias mais completas já que os últimos boletins tem sido por telefone por satélite que sempre é muito limitado.
Chego em Katmandu durante as monções, a época de chuvas torrenciais que inunda o país de final de maio a setembro e que garante a colheita neste país que depende quase exclusivamente da agricultura de subsistência para alimentar seus quase 30 milhões de habitantes. As ruas estão imundas com lama e lixo, o barulho do trânsito caótico é infernal e a poluição visual é assustadora. Apesar disso caminho pelas ruas feliz.
São três horas da madrugada e a neve cai abundantemente. Aliás, dizer que ela cai é errado, já que com o vento forte ela é basicamente horizontal. Estou protegido pela cabine do snow cat, o caminhão com esteiras que está nos levando do abrigo onde dormimos até o início de nossa escalada a 4700 metros, mas meus clientes que estão desprotegidos estão completamente brancos de neve.
A caminhada hoje é curta, apenas quatro horas do campo base do Khuiten, a mais alta montanha da Mongólia, até o início da estrada de terra que nos levará de volta a Ulgi, a pequena e horrível cidade que é a capital deste que é um dos lugares mais remotos do país.
Acordei com o despertador às 6 da manhã e me surpreendi por ter dormido tão bem. Normalmente em dias como este acordo de meia em meia hora com medo de perder a hora.
Cheguei aqui em Punta Arenas há 3 dias para me preparar para a expedição ao Vinson, a mais alta montanha da Antártica e para mim, a última das montanhas do chamado Sete Cumes, a escalada da montanha mais alta de cada continente.
Com o cancelamento da expedição ao pólo sul por falta de patrocinadores de repente me vi com 5 meses sem compromissos e sem muitos planos. Até o último momento ainda acreditava que miraculosamente algo iria acontecer e que o patrocínio aconteceria, mas infelizmente o padrão que vinha se repetindo durante todo ano mais uma vez ocorreu. O último patrocinador potencial me enviou um email dizendo que o projeto era maravilhoso, mas que não se encaixava com as prioridades da empresa no momento bla bla bla…