Autoridades do Khumbu querem limitar as extravagâncias e luxos no Acampamento Base do Everest

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Não é de hoje que se sabe que o Acampamento Base do Everest se tornou uma verdadeira cidade temporária formada por barracas. Buscando diferenciais para seus clientes milionários, algumas empresas investem pesado para deixar suas acomodações cada vez mais confortáveis e luxuosas. Assim, não é difícil encontrar barracas que mais se assemelham a um quarto de hotel do que a uma tenda provisória.

Acampamento Base do Everest. Foto: Mark Horrell

Todavia, um documento de Procedimento de Gestão do Acampamento Base 2024 emitido em 13/02 pretende limitar as extravagâncias e luxos no acampamento base da maior montanha do mundo, o Everest. De acordo com ele não serão mais permitidas barracas individuais gigantescas com móveis e banheiro privativo com chuveiro quente aclopado, por exemplo. As enormes barracas de jantar com poltronas, mesas espaçosas e telões gigantescos também deverão ter seu tamanho reduzido. O número de barracas que cada empresa pode ter também será menor e elas deverão retirar as luzes externas. O único luxo que permanecerá aceito será o do visual da montanha.

Acomodação oferecida no Acampamento Base do Everest.

Atividades comerciais que não tenham relação com as expedições como padaria, cafeteria, casa de massagens serão cortadas. E apenas membros das expedições e trabalhadores poderão dormir no Acampamento Base. Até a última temporada, os montanhistas podiam receber visitas de parentes e amigos por alguns dias.

Essas medidas visam diminuir o impacto ambiental das expedições e preservar a cultura, o estilo de vida e a economia locais.

Acampamentos superiores

Cada empresa deverá fazer um inventário de todo material que levará para os acampamentos altos. E deverão trazer todos os itens de volta para a base após a temporada. Não será mais permitido o uso de helicópteros para transporte de materiais para os acampamentos altos bem como as caronas nas aeronaves. Apenas voos para resgates serão permitidos.

Além disso, a aproximação até o Acampamento Base deverá ser feito a pé. Os helicópteros só poderão levar material até Syanboche, uma vila próxima a Namche Bazar. Essa medida visa favorecer os camponeses e criadores de iaques e carregadores e desenvolver um turismo mais sustentável.

Todos deverão trazer de volta o lixo e dejetos produzidos nos acampamentos superiores e as empresas prestadoras de serviço serão as responsáveis por retirar os corpos de seus clientes e trabalhadores em eventuais fatalidades na montanha.

As novas regras deverão começar a valer a partir dessa temporada de primavera (hemisfério norte). No entanto, as autoridades não descartam o questionamento de grandes empresas que defendem, principalmente o transporte com helicópteros para os acampamentos altos como uma questão de segurança para os Sherpas.

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

1 comentário

  1. Tá certo……montanha é montanha e não resort. Infelizmente o montanhismo caiu na graça do povo que não contempla a natureza como ela é.

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