Base jumper fica preso em penhasco em Utah e é salvo por escaladora

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Durante um campeonato de base jumping Turkey Boogie 2022, em novembro, um dos participantes teve problemas com seu paraquedas e acabou caindo. No entanto, ele não chegou ao chão, mas ficou preso em um penhasco do Canyon Kane Creek, no deserto de Moab nos EUA. Felizmente, uma escaladora estava próximo ao local e conseguiu resgatar o Base Jumper.

River Barry iniciando a escalada até a vítima.

Após o salto, o paraquedas começou a rodopiar e o base jumper foi lançado contra a parede, sofrendo ferimentos graves. No entanto, o paraquedas ficou preso em uma saliência da rocha a cerca de 25 metros de altura, evitando que ele atingisse o chão, o que poderia ser fatal.

A escaladora River Barry, de 30 anos, estava no local com alguns amigos se preparando para uma trilha de Mountain Bike quando tudo aconteceu. Uma amiga de River viu o exato momento da queda do base jumper e alertou a todos.

Outros base jumpers também presenciaram a cena e foram até o grupo de River pedir ajuda. Assim, eles largaram as bicicletas e correram até a parede. Lá, puderam ver um corpo suspenso preso apenas pelas finas linhas do paraquedas. River, que é uma escaladora experiente, percebeu que era a única que conseguiria acessar a vítima.

O resgate na parede

Para isso, ela precisou escalar uma via inexistente até então. Por sorte, ela possuía os equipamentos de escalada e uma corda em seu carro e assim pode subir até a vitima. Ela utilizou uma fenda larga, que ela avaliou com uma graduação de 5.10, equivalente ao sexto grau no Brasil.

Correndo contra o tempo, Barry se equipou e começou a escalar. Havia respingos de sangue por toda a parede e a vítima estava desacordada. Além disso, o vento ameaçava derrubar o base jumper a qualquer momento, tornando a situação ainda mais dramática.

A fenda era larga e arenosa, além disso, o risco do base jumper cair sobre o assegurador era grande. “A rachadura foi de punhos a quatro, foi tudo exigente e horrível, e então ficou tão grande que não tinha equipamento para isso”, contou a escaladora.

O resgate foi dramático e perigoso.

River só conseguiu ver que o base jumper estava vivo quando chegou próximo dele e pode ver ele respirando. Antes que ela o alcançasse, a vítima acordou e começou a se debater. “Ele estava me implorando mais e mais. Ele estava com muita dor”, contou ela. Então a escaladora começou a falar em voz alta para si mesma contando cada detalhe do procedimento que iria realizar para poder se concentrar melhor.  “Sem pressa. Coloque equipamento seguro. Sem pressa. Coloque equipamento seguro.’ E o tempo todo em que estava escalando, estava dizendo isso para mim mesmo e gritando para ele: ‘Você é foda. Você tem isso. Nós vamos tirar você daqui”, contou ela.

Um dia para ficar na memória

A escaladora alcançou a vitima e a ancorou no seu equipamento para só então cortar as linhas do paraquedas e liberar o base jumper. Os dois chegaram em segurança ao chão e ele foi levado ao hospital pelo serviço de resgate, Grant County Search and Rescue.

“Aquele dia me fez perceber, primeiro, a fragilidade da vida humana e, segundo, a capacidade humana de simplesmente fazer”, refletiu a escaladora em uma entrevista para a Climbing Magazine “A mente, o corpo e a alma humanos têm tanta capacidade de ajudar alguém que precisa”, contou ela. “Sou grato por ter podido estar lá e poder fazer a minha parte.”

Desde então ela se tornou amiga a vítima e dos outros base jumpers que participaram do resgate. E agora deve escolher um nome para a via que conquistou durante o resgate.

Caso River não estivesse no local, a equipe de resgate precisaria acessar a vítima desde o topo do penhasco através de um rapel, o que demoraria muito mais tempo diminuindo as chances do base jumper sobreviver.

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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