Benjamin Sotero se torna o brasileiro mais jovem a escalar o Fitz Roy

0

Escalar o enigmático Fitz Roy em El Chalten na Patagônia argentina é o sonho de consumo de muitos escaladores do mundo todo. Devido ao clima extremo e ao isolamento, essa montanha é tida como uma das mais difíceis do mundo. No entanto, na temporada desse ano o escalador Benjamin Sotero se tornou o brasileiro mais novo a chegar ao cume dessa montanha, com apenas 20 anos de idade.

Benjamin Sotero no cume do Fitz Roy

Nascido na capital de São Paulo, Sotero escala desde os 9 anos, quando começou a frequentar o Ginásio 90 graus. Aos 12 anos ele experimentou a escalada em rocha e desde então vem se dedicando a escalada esportiva. “Eu fui para Igatu na Bahia e foi uma experiência incrível. Escalei escalada esportiva lá e me apaixonei. Depois disso a escalada outdoor sempre foi algo que veio comigo para a vida toda”, contou.

Há três anos ele se mudou para Boulder no Colorado, Estados Unidos, com o objetivo de profissionalizar na escalada. E também há três anos viaja para El Chaten para escalar. Mas segundo ele, esse ano foi uma temporada especial, pois além do tempo na Patagônia e no Brasil, ele também passou por Mendoza na Argentina onde escalou o Aconcágua. “Realmente aprendi bastante, pois é uma montanha que precisa ter bastante paciência, ela é difícil, mas conseguimos”, revelou sobre o teto das Américas.

O escalador também aproveitou a viagem para conhecer o Aconcágua.

 

 

 

A escalada do Fitz Roy

Na sequência ele e seu parceiro de escalada, Christopher Deuto, iniciaram a temporada em El Chalten onde escalaram a via Chiaro Di Luna de 750 metros na Agulha Saint Exupéry. Com a aproximação de uma nova janela de tempo bom eles decidiram tentar escalar o Fitz Roy e escolheram a via Afannasief. Ele descreveu a via como uma via de “1550 metros de ganho vertical, a maioria escalada em rocha com muitas partes fáceis, algumas partes verticais, bem longa, bem aventuresca, mas não muito óbvia”. ” A maior dificuldade da via foi a navegação dela. Estávamos com ela em mente e quando veio a janela perfeita de tempo bom aconteceu”, contou ele.

Sotero explicou também que já vinha planejando há muito tempo essa escalada e com um treino focado para estar com o condicionamento em dia para o Fitz Roy. Ele foi apresentado a essa montanha pelo amigo e também escalador Thiago Campacci e desde então passou a pesquisar e estudar sobre o lugar.  “Como já conhecia El Chalten e sabia mais ou menos o que iríamos encontrar treinamos muito, com dias longos de caminhada, de corrida, carregando mochila pesada, treinamos escalar com mochila pesada, com jaqueta de pluma, sem sentir a mão e sem sentir o pé. Tudo isso nós treinamos o ano inteiro”, contou.

A escalada no Fitz Roy

Ele ainda contou que a escalada correu muito bem e só na volta tiveram que atravessar o glaciar com neve fofa atingindo até a altura das coxas. Mas que se sentiu muito feliz por chegar ao cume junto com outros brasileiros. “Foi muito bom ver tantos brasileiros no cume e me deu aquele sentimento de que todos nós somos capazes. Qualquer um é capaz de fazer o que quer na vida”, completou.

Ao ser perguntado sobre o que ele diria a quem deseja escalar na região de El Chaten ele respondeu: “Tem muito Tabu em el Chalten, pois a Patagônia é sincera e demanda muita maturidade e experiência na montanha. Mas se você é uma pessoa que já tem essa bagagem, tem a motivação e a paixão pela montanha, tem que ir sim. Tem que escalar e fazer seu sonho. Para mim é um lugar com a melhor escalada alpina que eu já vi com meus próprios olhos e muitos dizem que é a melhor do mundo. Vale a pena ir nem que seja pra caminhar, para olhar, tirar foto ou escalar. É um lugar incrível”.

Compartilhar

Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

Deixe seu comentário