Bi campeão no Máster de bouder no Chile, Cesinha fala de competições

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O escalador paulista Cesar Grosso é o maior campeão de escalada do Brasil. Foi quem mais papou títulos nacionais e quem tem os melhores resultados em Copas do Mundo.

Recentemente ele voltou de Santiago no Chile, onde venceu mais um campeonato internacional, o Master de Boulder de Santiago, patrocinado pela badalada marca de montanha americana The North Face. Cesinha, que também venceu a competição em 2008, conta como foi esta conquista, levada em cima de ninguém mais ninguém menos que Yuji Hirayama, Bi- Campeão da Copa do Mundo e um dos mais famosos e míticos escaladores do mundo.
Cesinha conta como foi o campeonato e sua expectativa para o campeonato brasileiro de Boulder de 2012.

AltaMontanha: Olá Cesinha, o Máster de Boulder de Santiago é um evento tradicional que você participa todos os anos. É a segunda vez que você conquista. Conte um pouco sobre suas experiências anteriores.

Cesar Grosso: Participo desde 2008 (primeira edição internacional do evento) que na data, foi em Pucón, linda cidade 800km ao sul de Santiago. Muitos brasileiros foram e com 'sangue nos zóio'. Parecia impossível bater o forte Americano Daniel Woods, mas por fim, saí em primeiro e Belê em 2°! Em 2009, já em Santiago, Woods já veio mais esperto e realmente treinou focado para o campeonato (segundo ele me disse na época) e acabou levando em 2009 e eu em 2°. Em 2010 o Campeonato foi cancelado pelo terrível terremoto. Em 2011, éramos só latinos, fui indo bem no camp, mas na final, me 'embananei' em um boulder e deixei escapar, fiquei em 2°, com o forte Chileno Jesus em primeiro. Este ano, mais uma vez fui focado, me preparei e escalei bem! Fiquei muito satisfeito.

AM: Quando você venceu o Daniel Woods em 2008, como foi a recepção do chileno? Depois disso você acha que eles passaram a ver o competidor brasileiro com outros olhos?

CG: O Daniel Woods é tranquilo, sossegado, sem estrelismo e sabe lidar bem com 'rivalidade', não leva assuntos de campeonato pra fora dos muros. Sempre que eu o vejo, a simpatia positiva e simplicidade são as mesmas, que em minha opinião, essa uma das virtudes de um bom escalador. Os Chilenos também, desde a primeira vez que fui ao Chile sempre foram muito receptivos e entusiasmados, sempre me sinto bem lá.

AM: Como foi seu treinamento para este campeonato?

CG: Bom, foquei boulders. Tive pouco mais de 2 meses de treino, no primeiro mês, escalei 6x/semana, com até 4 dias seguidos de treino. No segundo mês, 5x/semana, só que mais intenso, com no máximo 2 ou 3 dias seguidos de escalada. O sempre com Campus e Finger junto ao 'carro chefe', as sessions de boulders. Cheguei me sentindo bem na semana, daí foi apertar!

AM: Você não participou do campeonato brasileiro de 2010, porque?

CG: Infelizmente, em 2010 tivemos apenas uma etapa, em Novembro. Neste exato mês eu estava em uma expedição pelo Brasil, organizada pela G2 ADVENTURE. Viajamos 30 dias pelo Brasil por mais de 10 estados. A intenção dessa trip era 'Redescobrir' o Brasil, em diversos aspectos, culturais, gastronômico, musical, esportivo, etc. Entre uma tribo indígena inexplorada aqui ou um vôo de parapente alí, deu tempo de degustar um inédito prato com pequi. Apesar de ter azar com o tempo nos dias que íamos explorar novas paredes no Mato Grosso, por exemplo, essa viagem me marcou muito pessoalmente. Mas pena que não pude participar do Brasileiro esse ano.

AM: Como você vê o cenário da escalada competitiva no Brasil?

CG: Agora melhor! Após uma crise que durou uns 7 anos e assombrou todo o mercado de aventura, agora está emergindo! Mais campeonatos, mais escaladores, mais lojas, etc. Realmente fico muito feliz de ver isso. Mas a cultura de Campeonato no Brasil ainda engatinha, temos que pilhar mais aos escaladores e organizadores, assim como as novas gerações.

AM: Você acha que a realização do brasileiro de boulder neste ano irá dar um novo rumo às competições no Brasil?

CG: Acho que o Brasileiro de Boulder já faz parte do novo rumo. De fato, o boulder é mais acessível e dinâmico, para quem escala, para quem treina, para quem organiza e para quem assiste. Por isso se popularizou no mundo todo, no Brasil a mesma coisa! Se essa é a tendência, vamos nessa! Só não devemos perder a tradição das vias, a origem da estratégia, treino e técnica. Acho que um complementa o outro.

AM: Dê um recado para quem está se preparando para o campeonato brasileiro de boulder.

CG: Treine pra dar seus 100%, seja ele quanto for! Respire fundo e KMON!!!! Nos vemos lá!!

:: Para saber mais e acompanhar as escaladas de Cesar Grosso, acesse seu site pessoal:

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Sobre o autor

Texto publicado pela própria redação do Portal.

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