Bueno Brandão

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Bueno Brandão é uma região muito interessante, com belas colinas e vales estreitos, coberta por um mosaico de pastagens, lavouras e florestas. Situada no Sul de Minas, é limítrofe com municípios seja paulistas ou mineiros, como Socorro, Monte Sião e Ouro Fino.

A cidade fica próxima às regiões turísticas mineiras das Serras Verdes e do Circuito das Malhas. Existem dois principais acessos, por Minas e São Paulo, ambos a 30 km da cidade. O acesso mineiro é por asfalto, a partir de Ouro Fino. O paulista é por Socorro, sendo sua segunda metade em terra. Você pode chegar seja pela Fernão Dias ou pela Anhanguera.

A região foi atravessada por bandeirantes durante o Ciclo da Mineração, mas foi só na segunda metade do século XIX que algumas famílias fiéis à Coroa portuguesa vieram a lá se estabelecer. Naquela época, o lugar era conhecido como Campo Místico, um curioso nome dado com justiça, em referência à beleza da região.

Há em Bueno Brandão belos mirantes de onde é possível avistar este pitoresco vilarejo de 10 mil habitantes.

Bueno Brandão já pertenceu a Camanducaia e a Ouro Fino, só vindo a emancipar-se por volta de 1940. Seu nome foi uma homenagem ao político mineiro Júlio Bueno Brandão, que governou Minas e apoiou sua separação.

É uma região moderadamente alta, a cerca de 1.300 metros, com clima serrano e ameno e aquela vegetação gentil de Mata Atlântica. As serras e vales sucedem-se de maneira cênica, com platôs amplos e vales agrícolas, dispostos de maneira regular.

As vistas são lindas, de uma beleza serena e delicada, numa sequência tão ordeira que parecem ter sido arrumadas. É curioso como existem tantas estradinhas, pois as sedes das fazendas parecem ser homogeneamente espalhadas por todo o território.

Apesar de estar próxima a regiões razoavelmente urbanizadas, como Serra Negra e Socorro, Bueno Brandão é pouco povoada, talvez em função de seu acesso ainda parcialmente em terra.

O ecoturismo começa a ser praticado, mas a cidade não é muito visitada – eu era o único turista num fim de semana de julho, se bem que há muitos anos atrás. Apesar de me contarem que esta situação já mudou, o isolamento de Bueno Brandão ainda lhe confere um sabor interiorano que você normalmente só encontrará em regiões bem mais distantes.

A Cachoeira dos Félix, como as demais, não é tão alta, mas possui quedas e poços em sucessão.

Embora seus rios não sejam grandes, é conhecida como Cidade das Cachoeiras, pois há cerca de 30 delas – e também 30 igrejas, muitas das quais com uma única torre pontiaguda no centro da fachada.

A cachoeira mais bonita, com seu grande porte e sua queda dupla, é a dos Luiz, mas há inúmeras interessantes: Félix, Cigano, Santa Rita e Davi. As águas da região são tributárias do Rio das Antas, afluente do Rio dos Peixes, onde se pratica muito rafting, pertencente por sua vez à bacia do Rio Grande.

Existe bastante pecuária leiteira na região, junto com algumas lavouras, como café, morango e batata. Esta última cultura foi trazida há meio século por imigrantes espanhóis e italianos, sendo bem comum no sul mineiro.

A uva, plantada muito antes pelos portugueses, permite a produção de vinhos locais, a meu ver com resultados duvidosos. Nas proximidades existe um laticínio de leite de cabra, considerado o melhor do País.

Há em Bueno Brandão três montanhas interessantes, a Pedra da Torre, o Pico Dois Irmãos e a Pedra Vermelha, todas acessíveis por caminhos curtos, na realidade mais passeios do que caminhadas, talvez entre dois e três km.

A Pedra ou Pico da Torre é a mais alta elevação de Bueno Brandão, com uma amena vista panorâmica.

O ponto culminante, com cerca de 1.750 metros, é a Pedra da Torre, uma  elevação visível à distância, parecendo possuir dois cumes. A vista é muito bonita, com a cidadezinha de Boa Vereda logo abaixo e as distantes serras de Poços de Caldas e Serra Negra no horizonte. E, ao sul, o pitoresco visual de Bueno Brandão. Você pode explorar belos blocos de pedras e uma gruta curiosa, logo abaixo do cume.

Os Dois Irmãos compõem-se de duas colinas arredondadas de fácil acesso, a 1.560 metros de altitude. Novamente, você será premiado por uma vista interessante, com as serras de Poços, Lindóia e Monte Sião a oeste e a vila de Ponte Segura a leste.

A Pedra Vermelha é mais distante, no extremo sul do município. Pertence a uma pequena serra com formato diferente, que você já terá visto pelos caminhos por onde andou. A altitude é indicada como 1.600 metros.

Visual de Bueno Brandão, com suas estradinhas rurais, pequenas lavouras e doces serras.

Talvez você esteja decepcionado pela ausência de acidentes notáveis. Mas este é precisamente o charme de Bueno Brandão: pequeno e modesto, conta com uma natureza suave e generosa onde você se sentirá acolhido, com bonitos atrativos de fácil acesso.

Um lugar despretensioso, ideal para você relaxar, ao mesmo tempo próximo a centros maiores e deles afastado pelos arcos protetores de suas serras e de seus costumes.

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Sobre o autor

Nasci no Rio, vivo em São Paulo, mas meu lugar é em Minas. Fui casado algumas vezes e quase nunca fiquei solteiro. Meus três filhos vieram do primeiro casamento. Estudei engenharia e depois administração, e percebi que nenhuma delas seria o meu destino. Mas esta segunda carreira trouxe boa recompensa, então não a abandonei. Até que um dia, resultado do acaso e da curiosidade, encontrei na natureza a minha vocação. E, nela, de início principalmente as montanhas. Hoje, elas são acompanhadas por um grande interesse pelos ambientes naturais. Então, acho que me transformei naquela figura antiga e genérica do naturalista.

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