Acho que a primeira vez que soube do Garrafão foi ao olhar pela janela dos fundos da extinta Pousada Alsene, nos altos do planalto de Itatiaia. Naquela época, o hoje geógrafo Maury Santos era um dos mais frequentes montanhistas da região. Lembro-me dele me indicando no distante horizonte uma grande massa abaulada à frente de uma corcova. A primeira era o Garrafão e a segunda, o Papagaio – estes relatos falarão destas duas montanhas, cada qual dominante em sua região, bem como de muitas outras, de nomes e aspectos curiosos.
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Difícil dimensionar as possibilidades de exploração, estudos, esporte e cultura da nossa Serra do Mar. Observemos o caso do Marumbi que dispõe de registro escrito de trabalhos e atividades que vem desde 1879, sem falarmos das trilhas pré cabralinas até hoje utilizadas para o trekking.
O Rio Tietê nasce em Salesópolis, atravessa o Estado de São Paulo e deságua 1100km depois, no Rio Paraná. Nesse meio termo estão as várzeas, extensas áreas planas e terrenos sujeitos a inundações anuais no verão. Pra preservar este trecho da constante urbanização foi criado a APA Várzea do Rio Tietê que, em tese, garante sua conservação mesmo tendo uma abrangência que engloba 12 municípios ao largo deste rio que é inteiramente paulista. Aproveitei então um dia pra andarilhar o trecho desta APA situado no sopé sudoeste da Serra do Itapety (Mogi), numa travessia urbanóide de cerca de 18kms que partiu de Braz Cubas e findou em Jundiapeba. No caminho, o Parque Leon Feffer, o Vale das Pedras e a simpática trilha que leva á foz do Rio Jundiai, tributário do famigerado Tietê.
Esta leitura revela detalhes importantes de como era feita a marcha de aproximação do Pico Paraná; caminhada mínima de 25 quilômetros. Por isto uma escalada para aquelas bandas exigia quatro dias, pois o retorno era feito por Cacatú (porto fluvial), com serviço regular de barco de passageiros. Uma vez em Antonina, havia a opção de trem ou do ônibus, pelo Expresso Azul.
Ele espicha suas altas encostas forradas de pasto, reflorestamento e mata ciliar ao largo da margem esquerda da Represa de Pirapora (SP) e os quase mil metros do seu ponto culminante tem formidável panorâmica de toda região. É o Alto do Tuaçu, simpático serrote próximo à Pirapora de Bom Jesus que não deve nada a seus vizinhos mais ilustres, como o notório Capuava ou o mais ilustre Voturuna. Situado em propriedade particular, porém de facílimo acesso, este é o relato detalhado desta prosaica incursão de pouco mais de meio período que, mesmo não possuindo as alturas ou desafios da Mantiqueira ou Serra do Mar, é pedida certa pruma chinelada sussa e altos visus nos arredores da famosa cidade peregrinatória.
Este é o segundo texto sobre minha viagem ao Monte Roraima, uma das mais altas formações brasileiras e nosso único tepuy.
História da terceira escalada ao Dedo de Deus Paulista na Serra dos Itatins (nariz de pedra) no litoral sul de São Paulo. O relato ilustra as dificuldades e o arrojo dos montanhistas paranaenses, marumbinistas, no enfrentamento aos desafios inusitados em meados do século passado.
O Roraima é uma experiência necessária, se você gosta de natureza e de montanha. É um tepuy, como os venezuelanos chamam as formações tabulares, essas mesas rochosas com topos planos e paredes verticais. Elas são estruturas geologicamente antigas, porém fruto de relevos recentes. São as rochas duras que sobreviveram à erosão, contemplando de cima de seus platôs as verdes superfícies aplainadas lá em baixo.
O que fazer num dia lindo de sol e calor, mas com pouco tempo disponível?, foi a indagação que me veio a mente neste último domingo. A resposta veio meio que óbvia: Parque Estadual do Juquery, unidade de conservação localizada em Franco da Rocha (SP) á qual devia retorno após ano sem lá pisar. O fruto desta nona incursão foi não apenas uma pernada sussa de 18km que cortou o quadrante oeste do parque e findou em Caieiras; foi a xeretada duma vereda proibida que dá num antigo atrativo esquecido, no caso, um refrescante poção pra banho. Um rolê que revelou o contraste dum parque conhecido pelos seus campos de cerrado agrestes e escassez do precioso liquido, mas que esconde não apenas vales verdejantes e exuberantes como muita água refrescante.
Entre Ariri (SP) e Guaraqueçaba (PR), no caminho das comunicações do Império, três dias de esforço. O limite é a resistência. O desafio é chegar.