Ciririca e Agudo da Cotia

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Destino: as placas do Ciririca e depois o Agudo da Cotia.

Feriado de Junho de 2007 sem muitos parceiros que poderiam ir junto. Apenas Bold e eu resolvemos passar o feriado bem longe, íamos com a cara e a coragem, pois nenhum de nós conhecia o caminho. Aproveitamos um grupo de amigos do Bold que estaria indo para o Tucum de carro no mesmo dia para levar nossas mochilas, pois seria difícil carregar quatro volumes em cima de uma 125cc.

Trabalhei até altas horas da madrugada, dormi alguns minutos, e partimos para a fazenda Bolinha, lá pelas 7 ou 8h (não me lembro o horário). Cruzamos com alguns montanhistas, e naquela troca de idéias de onde vocês então indo, começaram, – nossa, o Ciririca a essas horas? É muito tarde, muito longe, não vai dar, blábláblá… Se desse ou não desse, eu não descobriria em casa.

Caminhamos com os amigos do Bold ate a bifurcação entre a trilha que vai para o Tucum e a outra que vai para o Ciririca por baixo. Despedimo-nos e começamos ladeira abaixo, tateando as fitinhas multicoloridas, revezamos várias vezes, muitas vezes, milhões de vezes a frente, pois sempre que errávamos algum caminho invertíamos a posição. Descemos vales, atravessamos inúmeros rios, subimos riachos, nos cortamos nos bambuzais, e enfim chegamos à cachoeira do Professor, às 11h48 da manhã. Paramos para um sucão e umas fotos, e saímos em seguida.

Eu já estava louco para parar e comer alguma coisa, pois estava morrendo de fome, mas tínhamos marcado para parar na última chance. Voltamos a subir e descer vales, atravessar rios, subir riachos, atravessar bambuzais, e nunca essa última chance chegava. Minha fome era tanta, que resolvi parar na trilha mesmo para um lanche, e mandei o Bold continuar e me esperar lá na frente. Achei um lugar confortável e ataquei as bolachas, chocolates e frutas. Depois de sentir a barriga cheia, guardei tudo na mochila, e na hora de levantar apoiei minha cabeça na mochila. Não precisou contar nenhum carneirinho para cair no sono.

Acordei, olhei ao redor e falei – Meu Deus onde é que eu estou? Demorou alguns segundos para lembrar o que tinha acontecido. – Meo! O Bold? Juntei minhas coisas e saí correndo. Tentei raciocinar direito e achei que tinha dormido uns 15min. Cheguei à última chance, mas o Bold já não estava nem um pouco paciente me esperando. Daí contei para ele que tinha dormido sentado, e ele ficou me “zuando” mais ainda –Só você mesmo!, ele disse. – Agora, parecendo camelos, partimos carregados de água para, enfim, subir o Ciririca, e mais água para o dia seguinte, para o ataque no Agudo.

Com a mochila alguns quilos mais pesada, a caminhada ficou mais lenta (especialmente a minha). O Bold seguiu na frente, e finalmente, às 16h35, cheguei à primeira placa e avistei o Bold chegando na segunda. Bati algumas fotos e fui ao encontro dele. Cumprimentamo-nos -já era meu! Larguei minha mochila em um canto e fui curtir o visual, e comentamos que a placa parecia maior de longe do que ali nos pés dela.

A noite estava tão tranqüila, que dormimos com a porta da barraca aberta depois de uma bela janta. Acordamos meio tardão no dia seguinte, nos arrumamos e partimos para um ataque no Agudo da Cotia. Ladeira abaixo na parede do Ciririca, logo acabamos com os 2l de água que tínhamos trazidos para o atac, e não sabíamos se tinha alguma fonte por aquela região. Sorte que encontramos um córrego de águas cristalinas e super gelada, e logo saciamos nossa sede, pois o sol estava rachando nossas cabeças naquele momento. Continuamos nossa caminhada, e em duas horas e meia já estávamos no cume do Agudo vislumbrando um visual alucinante.

Notamos que no livro de cume fomos os primeiros a assinar no ano de 2007, e já estávamos na metade do ano! Partimos na seqüência para a volta, saciamos nossa sede no riacho e vislumbramos mais alguns visuais, sombra de nuvem no mar de nuvens, restos mortais de uma avião no Lontra, andorinhas, e a sombra do PP nas nuvens… Muito lindo.

Ficamos o resto do dia curtindo o visual de cima do Ciririca. Nessa segunda noite, dormimos com a porta da barraca aberta novamente, não por opção, mas pelo odor, que não era muito agradável. Acordamos para o nascer do sol, e nos ajeitamos para a longa volta. Às 8h já estávamos a caminho do Bolinha e sonhando com o risolis de queijo e o de palmito do tio Doca. Essa era a nossa maior empolgação para continuarmos a nossa caminhada. Depois de alguma parada de descanso, ao passarmos pela bifurcação do Camapuã, estávamos tão contentes, que começamos a quase correr!

Chegando à fazenda de tanta alegria, dei uma topada em uma pedra que fez minha unha do dedão cair em alguns meses! Pense: poxa, fui de tênis ate o Agudo e me machuco a uns 15m da moto… é brincadeira! Mas estávamos ali sujos, imundos, mas muito felizes! Agora era arrumar uma logística de volumes em uma moto. Como o feriado era de dias e estávamos no terceiro ainda, combinei com o Bold de deixar uma mochila, e eu voltaria no dia seguinte para buscá-la, e assim, partimos para o Risolis do Tio Doca….&nbsp,

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