Competição acirrada entre montanhistas pode ter contribuído para tragédia no Shishapagma

4

Os sobreviventes da tragédia ocorrida no Shishapagma (8.027m) felizmente já estão se recuperando e começaram a apontar algumas possíveis causas para o acidente. Entre elas, a competição acirrada entre as duas norte-americanas Ana Gatu e Gina Marie Rzucidlo que estavam prestes a concluir a 14ª montanha acima de oito mil metros.

 

Ambas possuíam 13 montanhas de 8 mil metros em seus currículos e queriam a marca de primeira mulher dos Estados Unidos a chegar ao topo das 14 montanhas mais altas do mundo. “Acho que Gina estava muito interessada em ser a primeira mulher norte-americana a completar todos os 14 picos. Ela ficou surpresa com a rapidez com que Anna conseguiu escalá-los”, contou Tracee Metcalfe, amiga de Gina.

A disputa entre as duas começou já durante a aproximação da montanha. Ambas haviam escalado o Cho Oyu, no entanto Gina saiu às pressas e na frente. Quando Ana estava se deslocando, foi parada por autoridades locais e teve problemas com os iaques que estavam transportando as cargas. Outros montanhistas que estavam com ela acreditam que Gina pode ter encorajado as autoridades a parar e atrasar a equipe de Ana e que a parada não foi obra do destino. Todavia não há provas.

Quando Ana chegou ao Shishapagma, Gina já estava no acampamento 2. As duas norte americanas utilizaram oxigênio suplementar desde o início da escalada para melhorar suas performances. Como Gina não conseguiu continuar do acampamento 2 para o 3 devido ao mal tempo, Ana a alcançou e a ultrapassou.

Uma corrida pelo cume

Os Sherpas ainda não haviam conseguido instalar as cordas até os acampamentos mais altos, no entanto as duas escaladoras seguiram em frente. Ana e Mingmar Sherpa pegaram um desvio para tentar chegar ao cume e Tenjen Lama começou a liderar Gina por si só a escalada até o acampamento 3. “Não havia corda fixa, então Lama assumiu a liderança com dois machados e puxou Gina com uma corda”, contou Naoki Ishikawa.

Enquanto as duas subiam em rotas diferentes disputando cada metro da montanha, Ana e seu guia Mingmar Sherpa foram atingidos pela primeira avalanche. Devido ao alto risco de novas avalanches, foram emitidos vários avisos a Gina, para que ela voltasse para as regiões mais baixas e seguras. No entanto, ela ignorou e continuou subindo até que foi atingida pela segunda avalanche e também perdeu a sua vida.

Compartilhar

Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

4 Comentários

  1. E a outra montanhista ? Chegou ao cume? Chegou bem?
    Perdeu alguma parte do corpo?
    É o guia ? Morreu também ?
    O corpo foi retirado ou ela ficou por lá?
    Está faltando tanta informação !

  2. Já ficou banal isto……tenho dó e das montanhas por tanta falta de bom senso destes “recordistas”. Como se diz….o vício mata.

  3. Que triste isso! O ego tomou o lugar do espírito do esporte. Que é seguro, saudável e acima de tudo carrega respeito com si, com o próximo e com a própria modalidade!

Deixe seu comentário