Doutores da Cascata iniciam trabalhos para temporada 2024 no Everest

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Os Doutores da Cascata é um grupo de Sherpas responsável por definir e equipar o percurso que deverá ser utilizado por centenas de montanhistas para chegar ao cume do Everest.  Esse grupo participou de uma importante cerimônia e deverão iniciar imediatamente o trabalho na Cascata de Gelo do Khumbu.

Os Doutores da Cascata levam escadas e cordas para vencer os obstaculos da grande Cascata do Khumbu. Foto: Foto: Comitê de Controle de Poluição de Sagarmatha

Escalar a maior montanha do mundo não é tarefa fácil. E seria ainda mais perigoso e difícil sem o trabalho dos Doutores da Cascata. Isso porque a região inferior da montanha, chamada de Cascata de Gelo do Khumbu passa por inúmeras transformações, formando novas gretas e paredes de gelo a cada ano. Por isso, os Doutores da Cascata são os primeiros a receberem permissão para entrarem nos domínios da montanha e instalar cordas, escadas e “pontes”, para que os montanhistas passem por esse trecho da montanha com mais segurança.

O grupo possui oito integrantes: o líder Tshering Tenzing Sherpa, Ang Sarki Sherpa, Dawa Nuru Sherpa, Pemba Tshering Sherpa, Ngima Tenzi Sherpa, Ngawang Chimmi Sherpa, Dawa Chirri Sherpa, Dawa Zangbu Sherpa e Mingma Gyaljen Sherpa. Também fazem parte da equipe dois cozinheiros e um gestor de resíduos.

Todos passaram pela cerimônia de Puja, uma celebração tradicional para pedir permissão e proteção aos Deuses antes de entrarem na montanha, em 14/03. Assim, eles devem iniciar os trabalhos ainda nesta semana. Estima-se que pelo menos 400 montanhistas estrangeiros deverão tentar escalar o Everest nessa temporada que vai até maio.

Helicópteros e barracas gigantescas liberadas

As autoridades nepalesas tentaram implementar uma série de novas regras para controlar o volume de resíduos, garantir mais segurança para os escaladores e diminuir o “luxo” ostentado por quem pode pagar mais.

No entanto, as regras vêm esbarrando em problemas. O primeiro deles foi a falta de iaques para transportar os equipamentos até o acampamento base da montanha. O que fez com que o governo liberasse o transporte de carga por helicópteros até o acampamento base. Para isso, cada empresa deverá ter uma autorização especial. Entretanto, para os demais acampamentos, os helicópteros só deverão ser utilizados em caso de emergência.

O limite de tamanho para as barracas também foi estabelecido em uma área de 5,5 metros por pessoa para as barracas refeitório e 7,4 metros quadrados por pessoa para as barracas dormitório. O governo voltou atrás nessa regra, pois o tamanho definido anteriormente era muito pequeno e a regra só foi comunicada as empresas prestadoras de serviço após elas terem comprado as acomodações. Todavia, não será permitido banheiros privativos acoplados nas barracas.

Também não serão permitidos empreendimentos comerciais como cafés, padarias, bares e casas de massagem no acampamento base. Entretanto, os montanhistas instalados nessa área poderão receber visitas de familiares e amigos durante o dia. No entanto, apenas os escaladores que irão subir o Everest e trabalhadores poderão dormir no acampamento base.

 Outras regras

O uso de sacolas para armazenar e transportar excrementos humanos é obrigatório para todos os montanhistas. E cada pessoa deverá retirar da montanha pelo menos 8 kg de lixo.

Ao sair do acampamento base para os acampamentos superiores, cada pessoa deverá apresentar um inventário com todos os equipamentos e objetos que estão levando. Ao retornar, eles deverão trazer tudo consigo e deverão passar por uma inspeção feita por funcionários do Comitê de Controle de Poluição de Sagarmatha.

Já sobre a obrigatoriedade de cada montanhista carregar um rastreador GPS, nada foi mencionado.

 

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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