Dupla é resgatada em montanha nevada após ficarem “presos” no cume usando apenas calça jeans, tênis e moletom

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Um resgate ocorrido no último final de semana, no Monte Ngauruhoe na Nova Zelândia, gerou uma nova polêmica sobre a necessidade de experiência e equipamentos adequados para subir montanhas. Dois turistas precisaram ser resgatados pela Polícia do Parque Nacional de Tongariro após subirem a montanha sem os equipamentos e roupas adequadas.

Monte Ngāuruhoe na Nova Zelândia. Foto: Mohammad Thompson

A dupla estava usando calça jeans, tênis comuns, camisetas de algodão, moletom e contavam apenas com mochilas urbanas para transportar a água e alimentos. Todavia, após chegarem próximo ao cume perceberam que não conseguiriam descer a montanha devido a neve acumulada.

O resgate

Um grupo de montanhistas encontrou a dupla às 16 horas e chamou o resgate. “Depois de alimentá-los, fornecer algumas roupas quentes e alguns diálogos via Google Translate, os alpinistas ligaram para o 111 e pediram ajuda da polícia para tirar os dois homens da montanha”.

“Os dois homens estavam com frio e assustados e não sabiam como descer a montanha sem equipamento alpino em condições de gelo cada vez maiores”, disse a polícia.

A dupla foi socorrida e levada para a base da montanha.

“Este seria um dos piores exemplos que vi nos últimos anos de caminhantes diurnos com conhecimentos, equipamentos e habilidades inadequados, escalando em um ambiente alpino. Eles têm muita sorte porque os montanhistas foram capazes de prestar assistência e pedir ajuda, porque duvido que, de outra forma, eles teriam sobrevivido à noite, completou Mark Bolton, da Polícia do Parque Nacional de Tongariro.

Pelo menos dois outros grupos de montanhistas alertaram a dupla sobre a falta de equipamentos. Um deles foi o montanhista Mohammad Thompson que contou ter encontrado os dois enquanto eles subiam a montanha e insistiu para que eles descessem, bem como falou sobre o perigo de subir a montanha daquela forma. “Passei provavelmente cerca de 15 minutos com eles explicando e mostrando que, você sabe, você precisa ter grampos e botas como os que eu tinha” revelou Thompson.

A escalada do Monte Ngauruhoe

O Monte Ngauruhoe  é um vulcão ativo que teve sua última erupção registrada em 1977.  O seu cume está a quase 2.300 metros de altitude e pertence ao complexo de montanhas Tongariro. Milhares de montanhistas são atraídos para essa montanha devido ao seu formato cônico. Além disso, a presença de fumarolas e a cratera perfeita também chamam a atenção dos visitantes.

No entanto, a sua escalada não é simples. Durante os meses de verão o cascalho solto torna a subida extremamente exaustiva e perigosa. Em 2010, um montanhista ficou gravemente ferido pela queda de uma pedra no local. Já no inverno, a neve cobre a superfície dando mais estabilidade, mas também pode formar placas de gelo que são escorregadias. Assim é recomendado que se utilize crampons, piolets e até mesmo cordas para se escalar essa montanha. Além disso, a montanha está sujeita a rajadas de vento violentas e repentinas e tempestades de neve.

Por que não usar jeans e moletão?

Peças de vestuário confeccionadas em jeans e moletão são ótimas e muito estilosas para compor um look urbano. Na montanha esses tecidos não são os ideias, pois além de fornecer pouco aquecimento, podem molhar e dificilmente secarão, aumentando assim o risco de hipotermia.

No Brasil também é comum encontrar pessoas nas trilhas sem equipamentos adequados. Apesar de nas montanhas brasileiras não haver neve, pode-se ficar muito frio. Além das chuvas que são comuns. Isso pode trazer riscos como hipotermia caso alguém não tenha roupas adequadas para se proteger do frio como camisetas de secagem rápida, jaquetas e principalmente um bom anorak ou jaqueta impermeável. Laternas e calçados adequados também são essenciais para a segurança em trilhas e montanhas do Brasil.

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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