Dupla Sul Americana escala o Makalu, em apenas 17 horas

0

A dupla equatoriana, Karl Egloff e Nico Miranda, chegou ao cume do Makalu, a quinta maior montanha do mundo com 8.485 metros de altitude, em tempo recorde. Eles gastaram exatamente 17h18 para chegar ao cume em uma ascensão rápida, leve e sem oxigênio no último domingo, 08/05.

Dupla comemorando com muita emoção a a chegada ao cume.

Para conseguir esse feito, os montanhistas estudaram detalhadamente as previsões de tempo e optaram por escalar após as equipes comerciais. Assim, eles encontraram a rota do Makalu mais pisoteada, o que poderia facilitar a ascensão. Egloff contou que levaram o mínimo de roupas possíveis, se arriscando a passar frio, e apenas os equipamentos essenciais de segurança, além de três litros de água e comida para cerca de 12 a 13 horas de atividade. A estratégia deles era “ganhar tempo onde se pode ganhar e não fazê-lo onde não se pode”. Ou seja, caminhar rápido na parte mais baixa e com mais atenção nas partes altas e técnicas.

A escalada

A subida até o acampamento 3 foi tranquila, no entanto, na parte superior da montanha o vento reapareceu tornando a subida mais lenta. Às vezes era preciso parar e tapar o rosto, ventava muito”, contou Egloff. “Porém, às vezes temos um anjo e, enquanto subíamos o corredor francês, ele clareou e nos deixou curtir o cume do Makalu totalmente sozinhos em um dia espetacular”, completou.

Em um podcast gravado para a Revista Desnível, o montanhista Sul Americano contou mais detalhes sobre a escalada. “O mais difícil, sem dúvida, foi chegar aos oito mil metros com as pernas cansadas, depois do desnível e da quilometragem que fizemos, e enfrentar a zona da morte, onde a cada passo que você dá, sente um martelo na cabeça e percebe que é muito difícil progredir, é muito difícil se mover nessa alturaNo total foram 25 quilômetros de distância, o corpo está muito exausto nessas alturas, com quase três mil metros positivos do acampamento base superior que fica a 5.700 metrosque foi sem dúvida o mais difícil, e a descida, onde o corpo está exausto , todo o seu corpo dói enquanto você luta com seu estômago. É uma altura muito forte para se mover rapidamente”, revelou o montanhista.

 Uma descida exaustiva

Já a descida foi exaustiva e no limite do esforço físico. Entre sair e retornar para a base, os dois montanhista levaram 25:48 horas de atividade. Egloff contou que eles optaram por não usar oxigênio nem o Dexametasona (medicamento que daria um fôlego a mais para eles), e por esse motivo precisavam sentar a cada três passos.

“A única coisa que não calculamos é a exaustão indescritível que tivemos. Foi muito difícil seguir em frente, tivemos que sentar para respirar por falta de oxigênio, para comer. Às vezes vomitávamos. O cansaço, a exaustão a essa altura é incrivelmente difícil. Eu teria trazido comida específica para manter o estômago estável, fora isso vejo que fizemos as coisas bem”, lembrou Egloff.

Ele contou ainda que a amizade e confiança em seu parceiro de escalada foi fundamenta para o sucesso dessa escalada. “Nico é um atleta muito disciplinado. Uma pessoa que treina dia e noite. Uma pessoa que se colocou desafios muito fortes como o Aconcagua 360, que ocupou por vários anos. Nas montanhas ele é uma pessoa muito técnica. Ele é um guia internacional UIAGM, ele é um instrutor de guias no Equador. Ele é um especialista em manuseio de cordas e segurança”.

Compartilhar

Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

Deixe seu comentário