Entrevista com Alex, ex-obeso que irá escalar o Aconcágua

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O que pode parecer simples para nós certamente não é para outros. Obesidade é uma doença. Obesidade mórbida também, e pior. Esse é o histórico de Alex Azevedo, que sofria de obesidade mórbida, lutou contra a doença, perdeu 70 quilos e agora se prepara para o maior desafio de sua vida, encarar o Sentinela de Pedra.

 

Eis a missão de Alex: "Alertar a todos que a obesidade é uma doença muito séria e o comodismo pode levar à morte. Mas existe uma vida e com qualidade, se escolhemos abandonar a obesidade…"
 
Se conseguir, Alex se tornará o primeiro ex-obeso mórbido Brasileiro na maior montanha das Américas.
 
Vamos à entrevista:
 
AM – Pode nos dizer onde você nasceu, formação, se é casado e se tem filhos, um "perfil rápido do Alex"?
 
AA – Sou natural de São José dos Campos – SP, sou formado em Tecnólogo em Processos Gerenciais, Casado há 11 anos, e tenho 02 filhos, uma menina de 08 anos e um garoto de 04 anos.
 
AM – Como foi o processo de se tornar um obeso mórbido?
 
AA – Desce a minha adolescência sofria com a obesidade, sempre fui o gordinho, daquele tipo que era o ultimo para ser escolhido no time do futebol e sempre ficava no gol para “tampar o gol”… Mesmo assim nunca deixei de praticar esporte, quando adulto, o trabalho a má alimentação e a falta de pratica de esporte fez com que eu engordasse absurdamente e todas as tentativas de regime e emagrecimento eram frustradas, pois parecia que o organismo exigia além do que eu conseguia suportar, aonde cheguei ao meu auge da obesidade com 136 kg e 1,63 de altura.
 
AM – Quando você sofria da Obesidade Mórbida, como isso afetava sua saúde?
 
AA – Afetava, em uma serie de dificuldades físicas, psicológicas e sociais, como: dores nas costas, nas articulações, fadiga, cansaço, fraqueza, arritmia, na área psicológica, vivia na “neura” achando que nunca iria poder me relacionar, porque ninguém iria querer namorar um gordo, os apelidos eram terríveis, “rolha de posso”, “Gordo”, “barrigudo”, “Pança”…Na área social era um dos mais cruéis, pois não podia escolher uma roupa legal, usava o que tinha, travava na roleta do ônibus, vida social nem pensar…por onde passava todos apontavam e cochichavam, me sentia uma verdadeira aberração.
 
AM – A reviravolta: Qual foi o momento que você disse a si mesmo "Basta!" e começou a perder peso?
 
AA – A reviravolta foi quando me falaram logo quando minha filha tinha 1 ano e 4 meses, “e ai Alex, está vendo sua filha correr, mal você consegue ir atrás será que vai conseguir ver sua filha crescer?!”. Aquelas palavras me nocautearam, mas ao mesmo tempo me despertou, e que poderia tomar aquilo e mudar a minha vida, foi quando optei pela cirurgia de redução de estomago, mesmo sabendo que corria o risco de morte.
 
AM – O montanhismo foi o motivo pra perder peso, ou foi pura conseqüência?
  
AA – Não, quando emagreci, voltei a praticar Tae Kwon do, onde sou faixa preta, e utilizo esse esporte e o Jiu-Jitsu para treino de montanha, durante esse processo conheci o trekking de regularidade, participei de algumas competições, mas sempre queria mais…minha escola no montanhismo, foi no quintal de casa no Vale do Paraíba” especificamente Pico dos Marins em Piquete – SP.
 
AM – Ainda estava muito acima do peso quando começou a subir montanhas?
 
AA – Não, mas estava fraco, alem de perder a gordura corporal, também perdi muita massa muscular, precisei fazer um trabalho alimentar e de fortalecimento para ter condições de praticar o montanhismo!
 
AM – Que o montanhismo contribuiu pra sua qualidade de vida sabemos pois é óbvio. Mas diga, como foi a contribuição do seu ponto de vista?
  
AA – Sem duvida, alguns valores são mudados e diria mais são forjados, mesmo quando você sobe uma montanha mais de uma vez, ela nunca é igual, você aprende a respeitá-la, se torna mais humilde, e começa a dar valores às coisas mais simples e que são efetivas em sua vida, como: sua crença, família, hábitos de consumo saudável, e companheirismo.
  
AM – Agora o seu ponto alto, o Aconcágua. Como surgiu a idéia?
  
AA – O sonho de poder escalar o Aconcágua,  foi após a leitura do livro do Rodrigo Ranieri “No teto do mundo”, onde em cada pagina consegui acompanhar o seu vislumbre, sua paixão e seus medos pelas Altas montanhas.
  
AM – Está sendo difícil planejar a expedição e se preparar para o desafio? 
 
AA – Na verdade, estou planejando desde o inicio de 2012, juntamente com meu parceiro de expedição, Guilherme Faria, atleta experiente em corrida de aventura, o qual estará me dando todo o suporte durante a viagem, e estou acreditando que o sonho pode se tornar realidade acredito que o maior desafio de todo atleta brasileiro seja realmente o patrocínio.
 
AM – Conte o momento mais difícil até agora durante seu treinamento, aquele que te fez se perguntar "o que estou fazendo aqui?!".
 
AA – Sempre ouvi falar da Serra fina e sua travessia, mas dentro do meu universo nunca imaginava como foi difícil fazê-la na primeira vez… No mês de abril de 2012 momento quando estávamos descendo o Pico dos 3 estados meu camel-back estourou dentro da mochila, aquele sol escaldante, secou minha boca, nunca passei tamanha sede em minha vida, alem do fator psicológico, foi quando pensei, pra que tudo isso o que estou fazendo aqui?! Rsrsrs
Mas voltei agora em setembro, e com um resultado fantástico na travessia, faria tudo novamente sem duvida!
 
 
AM – Como você idealiza que será o momento que chegar ao topo do ponto mais alto do planeta fora do Himalaia?
 
AA – A idealização já começou…os treinos fortes de, Montanha aqui no Vale do Paraíba, o Tae kwon do, Jiu-Jitsu, e as corridas, fazem parte de toda essa preparação…Acredito que o "cume é o bônus" de todo o montanhista, mas já contemplo imagens em minha mente como será, se eu estiver lá é porque Deus permitiu e tem um propósito em tudo isso, mas uma pessoa como eu que estava pesado, mal conseguia subir um lance de escada e quase morria, e hoje realizar o sonho de atingir o ponto mais alto do planeta fora o Himalaia, é uma sensação que não tem como mensurar, é vivenciando mesmo.
 
AM – Conta com algum tipo de apoio pra expedição? Patrocínio?
 
AA – Sim, para que o projeto aconteça estamos em busca de patrocinadores abracem o projeto, será uma grande conquista e trará um grande conteúdo de superação e vitória ao povo brasileiro que hoje sofre desse grande mal, que é a Obesidade.
 
 
AM – Muita sorte na sua empreitada e saiba que estamos torcendo pelo sucesso! Diga, há um site que as pessoas possam ver novidades que vão pintar durante o tempo que resta até a expedição?
 
AA – Sim, os leitores podem conhecer o meu projeto através:
 
AM – Depois do Sentinela de Pedra, algum projeto futuro?
 
AA – Estamos muito focados no projeto Superação no Cume, esse e o nosso foco principal, conquistarmos a maior montanha das Américas. Temos em vista para setembro e outubro de 2013 as montanhas da Bolívia e Peru, e em 2014 Kilamanjaro na África.
 
 
Bom, é isso aí Alex, encare esta entrevista como reconhecimento do AltaMontanha e de toda sua equipe de sua força de vontade de lutar contra um problema que aflige centenas de milhões de pessoas no mundo todo. A partir de agora você é um montanhista, vá lá, escale a montanha e depois conte sua aventura aqui. Lembre-se, metade da escalada em alta montanha é o psicológico, e isso você já provou que tem, já é meia vitória.
 
Grande abraço e força, pois vai precisar!
 
 
 
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Sobre o autor

Texto publicado pela própria redação do Portal.

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