Escaladores realizam protesto no Pão de Açúcar e sofrem ameaças

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O Pão de Açúcar, um dos principais símbolos do Rio de Janeiro, tem sido palco de inúmeras discussões desde o início das obras de uma tirolesa em 2023. A obra foi embargada por suspeitas de perfurações irregulares na rocha e segue suspensa até que sejam feitas adequações no projeto. Enquanto isso a a empresa mantem tapumes onde a obra foi iniciada.

Assim, em 21/09, um grupo de escaladores realizou um protesto pacífico com o objetivo de evitar que o caso caísse no esquecimento. No entando eles contam que foram coagidos e ameaçados por uma dupla que dizia ser de funcionários do Parque Bondinho Pão de Açúcar e que estavam cumprindo ordens.

Foto mostra a primeira bandeira estendida na montanha. Foto: Organizadores do protesto.

Os organizadores do protesto relataram que a ideia era estender três bandeiras na parede da montanha, onde poderia ser lido “S.O.S.”. No entanto, ao abrir a primeira bandeira, eles foram surpreendidos pelos dois indivíduos; um deles acessou a parede onde os escaladores estava portando um canivete. Em um vídeo divulgado nas redes sociais, é possível ver o homem cortando a bandeira, enquanto uma mulher grava e pede que ele não corte a corda onde um dos manifestantes estava pendurado a mais de 300 metros de altura do chão.

A discussão durou cerca de 10 minutos. Em outro trecho do vídeo, ainda é possível ouvir o homem falando “e você é um otario que está achando que o dinheiro não compra nada”. A bandeira foi recolhida pelo funcionário, e os escaladores conseguiram descer por meio de rapel.

Os manifestantes afirmam que, mesmo após iniciarem o rapel para descida, continuaram sofrendo ameaças dos funcionários do parque.

O motivo do protesto

Segundo os manifestantes, a empresa que administra as áreas do Pão de Açúcar e do Morro da Urca age de maneira arbitrária em benefício próprio, sobre um bem público, sem que haja um documento de concessão para administração ou plano de manejo do local. Eles afirmam que não são contra a tirolesa, mas pedem clareza e transparência nos projetos, além de que a empresa respeite a montanha e o meio ambiente.

Um dos organizadores do protesto informou que estavam planejando a ação há algum tempo e decidiram realizá-la nessa data, pois sabiam que o Parque Bondinho Pão de Açúcar estava fechado para a realização do casamento privado no Morro da Urca. Eles ressaltaram que a ideia era estender as bandeiras fixadas em cordas de escalada e no próprio corpo dos manifestantes por um período durante o dia e depois recolher o material. Segundo eles, o local escolhido foi entre duas vias de escalada, pois o protesto ficaria bastante visível e não causaria danos à vegetação ou à montanha.

Nota do Parque Bondinho do Pão de Açúcar

Já o Parque Bondinho Pão de Açúcar emitiu uma nota em que “informa que atuou de forma pacífica e segura a fim de conter um grupo de manifestantes no Pão de Açúcar. O grupo tentava hastear uma faixa no morro, colocando em risco a vegetação nativa e espécies endêmicas presentes no local”.

Segundo a empresa o profissional que atuou na retirada da bandeira é tercerizado e não ofereceu risco aos manifestantes. “Ao identificar a ação, o atrativo acionou um profissional terceirizado para a remoção da bandeira. O mesmo se encontrava no local para uma manutenção já programada no teleférico 2. Importante ressaltar que o escalador, que conteve o crime ambiental, possui mais de 15 anos de experiência e conhecimento técnico para identificar a diferença entre a ancoragem de uma pessoa e de objetos, ou seja, as fixações eram claramente independente”, diz a nota. 

“O atrativo reforça que repudia veementemente qualquer ato de vandalismo intencional no Monumento Natural dos Morros do Pão de Açúcar e da Urca; assim como as calúnias e insultos proferidas ao escalador, e informa que tomará as medidas judiciais cabíveis. Por fim, o Parque Bondinho ressalta que está à disposição das autoridades, colaborando com as investigações”, completa.

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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