Everest agrada o público, mas peca em detalhes de escalada

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No final de semana passado fui assistir à pré-estréia do tão aguardado filme “Everest”, de Baltasar Kormákur, basicamente uma filmagem sobre o livro “No Ar Rarefeito”, de John Krakauer. Ambos tratam de uma tragédia acontecida no ano de 1996 na maior montanha do mundo, onde 19 pessoas morreram na tentativa de chegar ao cume da montanha.

Para quem vai assistir ao filme para entender como funciona uma escalada de alta montanha ou quer ver as belas paisagens do trekking ao campo base e fotografia incrível, não é essa a chance que você vai ter.
 
O filme dá muita atenção a detalhes que não são importantes para o contexto da história e passa rápido demais em pontos que, na minha opinião, poderiam ser mais trabalhados. 
 
Ao meu ver, é também um filme focado na história de Rob Hall, colocando ele como personagem principal dessa história. Não que ele não mereça ter sua história contada, mas haviam tantos personagens importantes, que focar apenas nele, deixou a história um pouco vazia.
 
O filme mostra a loucura que era Scott Fisher, a sensatez que era Rob Hall e a prepotência que eram os sul-africanos. Trouxe a tona o problema das expedições comerciais, quando em uma rápida cena o guia ensina seu grupo a usar crampons (garras nos pés). Mas também trouxe um sentimento de cooperação entre líderes de expedições e seus Sirdars (Sherpas líderes).
 
Personagens tão característicos dessa história tiveram pouco foco, como Anatoli Boukreev (guia russo que salvou muitas vidas nessa tempestade) e Sandy Pitman (ricaça que reportava noticias a um jornal).
 
Porém, o filme não consegue passar, nem de longe, o sofrimento de uma escalada dessa magnitude. No acampamento 4 (quase 8.000 m de altitude) todos estão com caras tranquilas, apenas sem conseguir dormir e, ao chegarem no cume da montanha, todos estão felizes e como se tivessem ido a padaria comprar um pãozinho.
 
Alguns detalhes não passaram despercebidos pelos olhos mais atentos, como o fato de muitos estarem sem óculos de montanha a maior parte do tempo (impossível isso em uma montanha dessa altitude) e o fato de Rob Hall estar com luvas de dedos ao invés de mittons (luvas inteiriças) durante todo o filme.
 
O filme deixa claro o desespero de Rob Hall e sua esposa, em conversa via rádio, quando ele está a beira da morte e isso chega a dar agonia em quem assiste. 
 
CONCLUSÃO:
 
Um ótimo filme para quem quer começar a entender sobre montanhismo ou para quem apenas aprecia a arte de escalar.
 
Traz o drama vivido durante a tragédia, apesar de ter grandes lacunas em relação a história descrita nos livros, mas isso é perceptível apenas para quem leu a respeito.
 
Alguns detalhes fazem falta durante o filme e incomodam quem pratica, praticou ou estudou sobre a escalada de alta montanha, porém, sem colocar em cheque a qualidade do filme, que vale a pena ser visto em 3D, evidenciando a imponência das montanhas da cordilheira do Himalaya.
 
Quer entender melhor o que aconteceu no Everest em 1996? Leia os livros No Ar Rarefeito, Em Busca da Alma de meu Pai e A Escalada.
 
 
 
Assista abaixo ao trailer (em inglês) de Everest, que estréia no dia 17:
 

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Sobre o autor

Texto publicado pela própria redação do Portal.

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