Falta Projeto à FEPAM

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O montanhismo no Paraná, nestas últimas décadas, enfrenta lento e contínuo declínio. Alguns paranaenses, natos ou importados, ainda mantêm acesa a velha chama do inconformismo e por vezes se tem notícia de suas aventuras por aqui ou lá fora, mas vai se tornando raro. O pensamento politicamente correto vai preenchendo a pauta enquanto marginaliza o montanhismo real e mata a piada.

Há também os que consideram montanhismo fazer um passeio sem risco nem desafio até o Pico Paraná, Araçatuba ou Marumbi, escalar repetidas vezes uma ou duas vias no Anhangava e no Purunã. Estes em número cada vez maior se tornam motivo de disputa para o decadente mercado de produtos e serviços. São pessoas empolgadas que fazem dois ou três passeios, compram botas, mochilas e sapatilhas de segunda categoria, se filiam a clubes massificados, cursos de iniciação à escalada e sem perceberem estão integradas ao Turismo. Aventureiros de final de semana se tornam consumidores temporários de produtos e conhecimentos inúteis que serão descartados ao descobrirem novo brinquedo.

Não existe verdadeiro incentivo ao montanhismo.

Agora também a FEPAM, com a tentativa de filiação de avulsos, procura entrar neste mercado varejista, mas patina de modo bastante atrapalhado. Está visivelmente sem comando nem objetivo. Políticos têm (ou deveriam) a habilidade de mover-se no pequeno espaço entre “gregos e troianos” para alcançar seus objetivos, mas o que vemos aí é a total falta de objetivos próprios e desta forma consegue desagradar a ambos.

A federação está paralisada, clubes ameaçam fechar as portas por falta de apoio, as listas de discussão são desordenadas, sem pautas ou mediações. Os chatos de sempre reclamam da perca do domínio ponto org por falta de pagamento enquanto esquecem de que o site existente nem sequer é atualizado.

Passados 8 meses da posse ainda não há uma diretoria, ninguém tem acesso às atas nem ao balanço financeiro. Não se conhece sequer os seus associados por falta de um cadastro: falta transparência e planejamento para a execução das atividades. Nas poucas iniciativas, trocam-se os pés pelas mãos deixando-se levar por demandas irresponsáveis e pouco ortodoxas no intuito de agradar (ou não desagradar) uma das partes.

Associar o COSMO e a Caiguava sem cobrança de anuidade seria a última pá de terra nesta sepultura. Haveria clubes de segunda arcando com os custos e os de primeira divisão isentos de gastos, mas com direitos preservados. A filiação dos avulsos ao custo de R$ 70,00 por cabeça é também vexaminosa enquanto clubes com 10, 20 ou 40 associados pagam apenas R$ 250,00 pela anuidade de todos os sócios.

Que benefício se oferece aos avulsos além da carteirinha? Que participação se não votam e nem tampouco podem ser eleitos? A carteirinha garante meia entrada no Dilson, na Bolinha ou no Espalha Brasa?

A paralisia é interna e externa enquanto a federação rapidamente perde a representatividade que demorou a conquistar no fórum nacional. As soluções são conhecidas e bastam consciência e vontade política para adotá-las em tempo.

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Sobre o autor

Julio Cesar Fiori é Arquiteto e Urbanista formado pela PUC-PR em 1982 e pratica montanhismo desde 1980. Autor do livro "Caminhos Coloniais da Serra do Mar", é grande conhecedor das histórias e das montanhas do Paraná.

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