Fechamento de trilhas durante a pandemia. Proibir ou ordenar?

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Na frente do mercado, uma pequena fila indiana se forma. Com uma distância de 1,5 metros de qualquer pessoa, você aguarda, em ambiente aberto e com máscara sua vez. Chegando na porta recebe uma senha, medem sua temperatura e então você pode entrar e fazer suas compras. Quantas e quantas vezes você não passou por uma situação destas durante a pandemia de COVID 19?

Parques fechados: Precisa proibir ou é possível ordenar?

É fato que ir ao mercado é algo essencial, é tão óbvio que nem seria necessário citar isso, como poderíamos viver sem nossos alimentos? Mas também há riscos, e podem ser grandes, uma vez que mercados são locais fechados e uma pessoa pré-sintomática não apresentará febre e passará despercebida e pode te contaminar. No entanto, existe uma lotação máxima e medidas de distanciamento que visam reduzir o risco de contágio.

Durante a pandemia nossa vida mudou e muito. Muita gente perdeu emprego, ou teve sua jornada reduzida. Estamos trabalhando mais em casa e fazendo de tudo para circular menos e nos encontrar menos com as pessoas. É mais do que óbvio que atividades que provocam aglomeração devem ser restritas, como festas, cinema, restaurantes, porém uma atividade que foi proibida gera questionamento: Fazer trilhas e subir montanha! Será que isso provoca aglomeração?

Na semana passada vimos o trágico caso da aglomeração de pessoas na Pedra Bonita, no Parque Nacional da Tijuca. É lamentável que pessoas se aglomerem no meio de uma pandemia e isso responde à pergunta. Porém se há controle em mercados, shoppings e no comércio, porque não conseguiram impedir a aglomeração naquele local natural? O motivo todos já sabem: Por que os órgãos ambientais estão sucateados e não conseguem fazer um controle que até o mercadinho do bairro consegue fazer!

Além da constatação deste abandono do poder público em relação a Unidades de Conservação, vemos também uma crescente busca por estes locais que se tornaram evidentes durante a pandemia. As pessoas precisam melhorar suas vidas, precisam praticar esportes. Somos um país em que metade da população é obesa  e a obesidade é fator de risco na pandemia que enfrentamos. Infelizmente, no entanto, a solução dos órgãos ambientais foi proibir e deixar tudo como está.

Durante a pandemia vi três fenômenos acontecerem. O primeiro foi a procura em massa de papel higiênico. Alguém consegue explicar por que motivo fizeram isso? Depois veio o fenômeno dos velhos nas ruas. Bastasse você sair e ver que todo mundo fora de casa era idoso. Agora veio este fenômeno das pessoas quererem fazer trilha. Bom, este último é o único que dá para explicar!

As pessoas cansadas do sedentarismo, da falta de qualidade de vida e de estar entre quatro paredes não pensam em outro lugar para sair da aglomeração da cidade e estar livre sem ter gente por perto. Por isso escolhem parques, trilhas e montanhas para buscar essa nova vida, praticar um esporte e sentir aquela endorfina no corpo. Seria perfeito se todo mundo não tivesse tido essa ideia ao mesmo tempo. No entanto, ICMbio, IAT, Inea, etc servem é para isso, para ordenar, organizar e gerir os parques, que servem além de conservar a natureza, para oferecer visitação ao público.

Não seria este um momento de buscar novos projetos e valorizar nossos parques, trilhas e montanhas? Não seria essa busca enorme por atividades na natureza um argumento para estruturar os parques se ordenar a visitação? Reduzir os impactos e dar às comunidades de entorno uma alternativa econômica e à população qualidade de vida?

Vamos evoluir ou continuar no proibicionismo?

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Sobre o autor

Pedro Hauck natural de Itatiba-SP, desde 2007 vive em Curitiba-PR onde se tornou um ilustre conhecido. É formado em Geografia pela Unesp Rio Claro, possui mestrado em Geografia Física pela UFPR. Atualmente é sócio da Loja AltaMontanha, uma das mais conhecidas lojas especializadas em montanhismo no Brasil. É sócio da Soul Outdoor, agência especializada em ascensão em montanhas, trekking e cursos na área de montanhismo. Ele também é guia de montanha profissional e instrutor de escalada pela AGUIPERJ, única associação de guias de escalada profissional do Brasil. Ao longo de mais de 25 anos dedicados ao montanhismo, já escalou mais 140 montanhas com mais de 4 mil metros, destas, mais da metade com 6 mil metros e um 8 mil do Himalaia. Siga ele no Instagram @pehauck

2 Comentários

  1. Gustavo Ferraz em

    Eu sei porque do papel higiênico…..porque nos Estados Unidos houve uma grande procura, como era um novo virus e as primeiras informações que era uma nova gripe, os americanos estocaram papel higiênico por ser mais barato que os lenços para nariz(gripe) isso nos Estados Unidos…
    Brasileiro como só lê a primeira parte da reportagem, as letras grandes e tem preguiça de pesquisar à respeito, estocaram, brigaram por nada ahahahahahahah…..
    Agora já podem abrir uma barraquinha e vender a preço de custo…..ahahauauahauau

  2. Eduardo Prestes em

    Eu sou sempre pela liberdade. E como a maior parte dos montanhistas, sou um individualista radical. O estado não tem que dar palpite na vida das pessoas, da minha saúde cuido eu. Nunca fiquei em casa, não uso máscaras em áreas abertas, não aceito ordens absurdas. É um vírus muito contagioso, mas de baixo risco (menos de 1% desenvolvem sintomas graves). É uma maluquice o que fizeram com a população. E vale ressaltar que quarentena, lockdown e uso permanente de máscaras não possuem qualquer fundamento científico, é puro achismo ou curandeirismo. Inclusive o pior resultado mundial até aqui foi a Bélgica, que fez lockdown rigoroso. Está na hora de acabar com essa palhaçada e deixar as pessoas viverem como quiserem. Quem quer ficar em casa fica, mas não encha a paciência dos outros. Quem não quer tomar remédio, não tome, mas não encha a paciência de quem acredita no tratamento precoce. Enfim, menos estado, menos patrulha, menos tiranos e mais liberdade. A melhor forma de termos paz é cada um cuidar da sua vida, já dá um trabalho danado.

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