Ferrovia Nova Ferroeste passará no entorno da Serra da Prata no Paraná

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A Serra do Marumbi é famosa pela ferrovia centenária que passa nos pés da montanha. A obra que foi considerada um marco para época em que foi construída, agora pode deixar de ser única. Isso porque uma nova ferrovia está sendo projetada para ligar o estado do Mato Grosso do Sul ao porto de Paranaguá, no Paraná, passando pela Serra da Prata (vizinha ao Marumbi). O projeto possui 1.567 quilômetros de extensão e está em fase de aprovação e licenciamento ambiental. Ele deverá ser levado a leilão em 2024. Já o inicio da operação da ferrovia entre Cascavel e Paranágua deverá ocorrer em até sete anos após a assinatura do contrato.

Traçado da Ferrovia entre São José dos Pinhais e Paranágua.

A Nova Ferroeste, como está sendo chamada servirá para o transporte de óleo e soja, completando um trecho já existente com cerca de 250 quilômetros entre Cascavel e Guarapuava. No entanto, como toda grande obra está também vem sendo discutida e gerando polêmicas, isso porque o projeto tem um traçado que passa por 66 municípios, comunidades tradicioais e indígenas e também em meio a Serra do Mar Paranaense e a mata atlântica preservada.

Os impactos ambientais

O trecho cinco da obra liga Guarapuava a Paranaguá e deverá passar no entorno da Serra da Prata, seguindo o traçado da rodovia 277. Moradores, pesquisadores e ambientalistas resaltam que um projeto nessa região sem os devidos estudos poderá resultar em danos irreversíveis para as comunidades do Sambaqui, Rio Sagrado, Mundo Novo e Floresta, no município de Morretes, bem como para a fauna e flora da região. Além disso, também resaltam que o trecho tem alto risco de erosividade e deslizamentos que podem causar catástrofes ambientais.

O grupo intitulado “Na Serra Não”, formado por pessoas e entidades contrárias a ferrovia aponta diversos motivos contra a Nova Ferroeste. Segundo eles a nova ferrovia causaria um grande impacto sobre a fauna e flora, bem como a contaminação do solo e das águas, risco de deslizamentos e incêndios, entre outros. Em um fórum eles citam detalhadamente cada um dos possíveis danos e concluem que “diante de tantos impactos, nós do movimento Na Serra Não, entendemos que uma obra dessa magnitude num dos biomas mais biodiversos do mundo e mais ameaçados é inadmissível e exigimos a interrupção imediata de qualquer processo para levá-la adiante”.

Traçado apresentado no projeto da ferrovia.

No entanto, eles também citam alternativas para o escoamento de grãos que de acordo com eles são mais baratas e com menos impacto ambiental. As soluções vão desde  a construção de um granoduto, outro traçado passando por Santa Catarina e até mesmo um Skyway (trilhos elevados).

O grupo segue ainda promovendo debates e fóruns para discutir os impactos e soluções. O último deles foi realizado em 15/12 na Universidade Federal do Paraná e discutiu sobre reflexos da obra para o montanhismo.

A posição dos governos

Os governos do Mato Grosso do Sul e Paraná afirmam que este é “maior projeto logístico sustentável do mundo”. Eles defendem que a Nova Ferroeste será uma ferrovia sustentável e irá contribuir para o escoamento da safra de grãos do interior do país ao mesmo tempo que diminuirá o número de caminhões nas estradas. “O projeto da Nova Ferroste foi concebido para ser um empreendimento com o menor nível de impacto ambiental possível, contribuindo, ainda, na diminuição do número de acidentes rodoviários e na redução na emissão dos gases de efeito-estufa, pois um trem com 100 vagões graneleiro (transportando 100 toneladas de carga cada um), equivale à retirada de 357 caminhões das estradas”, diz publicação da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação do Mato Grosso do Sul.

“O impacto ambiental foi reduzido de forma significante. O projeto, desde a sua concepção, levou em conta as questões de engenharia e meio ambiente. Na definição do traçado, nós evitamos passar por unidades de conservação e suas zonas de amortecimento e por áreas indígenas ou quilombolas. Isso cria uma celeridade no processo de licenciamento. Também haverá redução na emissão de gases de efeito estufa quando passarmos essa carga do caminhão para o trem”, afirma o secretário Jaime Verruck.

 

 

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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