Fim do Mistério! Navio do explorador Shackleton é encontrado

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Com alguns detalhes incrivelmente conservados o navio Endurance, do explorador antártico Sir Ernest Shackleton, foi encontrado por pesquisadores após 107 anos de seu naufrágio. Ele está a cerca de 10.000 pés da superfície, cerca de 3 km, no fundo do Mar de Weddell e foi descoberto nu último final de semana. Todavia, os cientistas que participaram da expedição de busca gravaram um vídeo que mostra os detalhes da embarcação.

Letreiro do navio bem conservado após mais de um século no fundo do mar.

A história do Endurance e seus tripulantes

Shackleton foi um grande explorador antártico e protagonizou um dos capítulos mais emblemáticos da história da marinha mundial. Ele e sua equipe pretendiam realizar a travessia a pé, de quase 3 mil quilômetros, entre a costa do mar de Weddell e o mar de Ross. Uma equipe de 28 pessoas, 69 cães para puxar os trenós, dois porcos e um gato embarcaram no navio Endurance. No entanto, o navio ficou preso ao gelo, e não resistiu a pressão, afundando cerca de nove meses depois.

O navio Endurance antes da expedição.

A tripulação conseguiu escapar e montou um acampamento nas geladas terras da costa da Antártica. A partir de então começou um drama e uma história de sobrevivência. Os 28 tripulantes permaneceram acampados em tendas de linho, com apenas 18 sacos de dormir enfrentando temperaturas que chegavam a -30ºC. Eles se alimentavam de caça e sacrificaram os animais que haviam embarcado no navio devido a necessidade.

Cinco meses após o naufrágio, o capitão Shackleton decidiu atravessar o mar de volta até uma estação baleeira em busca de ajuda. Ele e outros cinco tripulantes passaram 17 dias em um pequeno e frágil barco salva-vidas até chegar a ilha da Geórgia do Sul. Mas ainda não estavam salvos. Além de atravessar o mar, foi necessário cruzar 240 km entre as montanhas para chegar até ao ponto onde conseguiram ajuda.

Assim, 497 dias após o naufrágio todos os tripulantes foram resgatados com vida. Essa história é contada em detalhes no livro Endurance,  traduzido por Caroline Alexander.

A descoberta do naufrágio

No entanto, um mistério ainda cercava essa história. Onde o navio foi parar? Essa pergunta foi respondia no último final de semana quando os cientistas do projeto Falklands Maritime Heritage Trust (FMHT) descobriram alguns destroços. Eles usaram navio um quebra-gelo e drones subaquáticos.

Navio quebra-gelo usado na expedição.

“Sem nenhum exagero, este é o melhor naufrágio de madeira que eu já vi – de longe”, disse o arqueólogo marinho Mensun Bound a BBC.

O geógrafo John Shears descreveu o momento em que as câmeras se aproximaram do letreiro como de cair o queixo. Ele contou que também foi possível ver os mastros abaixados, o cordame emaranhado, e o casco. Há alguns danos na proa, provavelmente onde o navio atingiu o fundo do mar. As âncoras estão presentes. E foi possível ver até algumas botas e louças.

Abaixo da inscrição Endurance, esta o desenho de uma estrela Polaris com suas cinco pontas. “Eu lhe digo, você teria que ser feito de pedra para não se sentir um pouco mole ao ver aquela estrela e o nome acima”, acrescentou Bound.

“Concluímos com sucesso a busca de naufrágios mais difícil do mundo, lutando contra o gelo marinho em constante mudança, nevascas e temperaturas caindo para -18°C. Conseguimos o que muitas pessoas diziam ser impossível”, completou.

No entanto, o naufrágio é protegido pelo Tratado Internacional da Antártida e nenhum objeto foi removido do local. Ou seja, mesmo após o navio ter sido encontrado, ele deverá permanecer onde está.

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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