Um novo estudo, realizado pelo Centro Internacional para o Desenvolvimento Integrado das Montanhas (ICOMOD, na sigla em inglês), com sede em Katmandu, mostra que a área coberta por geleiras diminuiu 24% entre 1977 e 2010.
Samjwal Ratna Bajracharya, principal autor do relatório, disse à AFP que “a redução das geleiras no Nepal está definitivamente vinculada às mudanças climáticas, sendo o degelo glacial um enorme indicador das temperaturas em elevação”.
O projeto de pesquisas, financiado pela Noruega, conduzido pelo ICIMOD, levou três anos para ser concluído, durante os quais os cientistas mapearam imagens de satélite de décadas diferentes para ver a extensão da perda de gelo na região.
O declínio mais rápido ocorreu entre 1980 e 1990, disse Bajracharya, acrescentando que antes do final dos anos 1970, imagens de satélite refletiam pequenas mudanças na área glacial do Nepal.
Ele disse que o degelo glacial está gerando imensos lagos em expansão que ameaçam transbordar e devastar comunidades montanhosas instaladas à jusante.
A acelerada perda glacial fez surgir preocupações sobre o acesso futuro a fontes hídricas, particularmente em regiões onde a água subterrânea é limitada e chuvas de monção são erráticas.
“Se a tendência continuar, o impacto imediato será sentido por aqueles que vivem em regiões de altitudes elevadas, que dependem de reservas de água doce das geleiras”, disse Bajracharya.
As descobertas, publicadas no começo do mês, também fizeram soar o alerta pela pressão nepalesa em desenvolver projetos de hidreletricidade.
“O Nepal não pode usar seus recursos hídricos sem avaliar o estado de nossas geleiras e bacias fluviais”, afirmou.
Um informe governamental publicado recentemente na Índia atribuiu aos projetos de hidrelétricas a culpa por enchentes devastadoras que mataram milhares de pessoas naquele país e no vizinho Nepal.
O painel do governo informou que o acúmulo de sedimentos em rios, devido ao lançamento de terra escavada durante a construção de projetos hidrelétricos, exacerbou as enchentes quando chuvas recorde caíram na região, em junho do ano passado.