A crista sul do Pico Kyashar é uma imagem bonita e familiar para aqueles que se dirigem ao comercial Mera Peak, visto desde o paso que há na aldeia de Tangnag. No entanto, várias tentativas infrutíferas aconteceram até este outono, quando os japoneses Hiroyoshi Manome, Yasuhiro Hanatani y Tatsuya Aoki conseguiram fazer a primeira ascensão pela via que eles batizaram de Nima Line ('nima' significa sol em nepalês), uma linha de impressionantes 2.200 metros verticais com dificuldade cotada em ED +, 6a e M5.
Japoneses inauguram rota no Kyashar (6.770 m)
0Hiroyoshi Manome, Yasuhiro Hanatani y Tatsuya Aoki fazem a primeira ascensão do pilar sul do Kyashar (6.770 m), abrindo a rota “Nima Line” (ED +, 6a, M5, 2.200 m) em sete dias. Já se fala que será uma das grandes escaladas do ano no Himalaia.
Os três alpinistas japoneses montaram seu acampamento base em Tangnag (4.300 m), localizada a apenas cerca de 200 metros abaixo da base da crista objetivo. Depois de uma escalada de aclimatação ao Mera Peak, começaram o ataque em 6 de novembro. Nesta primeira investida, venceram 17 cordadas em rocha, até um bivaque que estabeleceram a 5.200 metros, encararam dificuldade de 5b/5c sob as dificuldades com rocha de má qualidade. A “velocidade de cruzeiro” em sua progressão também se manteve no dia seguinte, quando escalaram mais 600 metros passando por mais rocha (5c) até um ombro da montanha, no glaciar e já na metade do caminho da rota, e já avançaram cinco cordadas da parte superior da crista (5b).
As dificuldades começaram a aumentar após o terceiro dia. As sete primeiras cordadas foram de maior dificuldade, 6a, seguida por uma rampa de neve que batizaram de “Silde”, e onde foram obrigados a bivacar no meio da rampa a 6.100 metros. No quarto dia, completaram a rampa e entraram e mais seis enfiadas de escalada mista (5b e M5), até uma crista nevada de condições precárias, com a neve em consistência de açúcar. Lá, fizeram seu quarto bivaque a 6.350 metros.
O quinto dia foi o mais exigente de todos, com a parte mais difícil da escalada, que era precisamente para superar a crista nevada com neve tipo açúcar. Eles gastaram o dia todo pra passar por essa crista chegando a 6.500 metros onde foi seu próximo acampamento, situado em um cogumelo de neve. A neve não consolidada de até 80° de inclinação e com a consistência de penas os impediu de sugerir uma graduação pro trecho.
No final da crista, se depararam com uma parede vertical demais pra eles, o que os forçou a rapelar 60 metros para a esquerda, onde quatro enfiadas de gelo misto os levou a crista do cume. Às quatro da tarde, chegaram ao topo do Kyashar, com tempo suficiente para descer do cume pela crista oeste até seu último bivaque na montanha a 6.250 metros. No dia seguinte completaram a descida para Tangnag, sem dificuldades.
Breve história do Pilar Sul
Segundo relembra o Conselho Britânico de Montanhismo, o pilar sul do Kyashar foi alvo de várias expedições anteriores. Em 2001, os tchecos Marek Holecek e David Stastny fizeram sua tentativa de 60 horas no pilar sul até o ombro a 5.600 m, onde desistiram. Nesse mesmo ano, os britânicos Mick Fowler e Paul Ramsden acharam a parede muito perigosa e desistiram de sua tentativa sem escalar um único metro.
Marek Holecek voltou novamente em 2008, desta vez com Jan Doudlebsky, escalando o pilar sul pelo flanco sudoeste (WI6, M7) até o ombro, onde novamente desistiu. Em 2010, os britânicos Andy Houseman e Tony Stone abriu a linha do pilar sul que se seguiu a dos japoneses, mas também desistiram na base do pilar superior a 5.700 m. A idéia de Houseman e Nick Bullock de tentar em 2011 foi frustrada pelo mau tempo.
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