Kilimanjaro Parte 2: Próximo destino: Tanzânia

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Foi assim então que comecei a procurar vôos e providenciar as provisões para pagar a viagem. E como ia pessoalmente poderia levar mais doações para as crianças da escola e orfanato que iríamos conhecer no final da expedição.

 
Antes da viagem acabei escrevendo para o Teacher, figura ilustre da nossa viagem, o maior guia local do Kilimanjaro, não só esse seu grande trabalho. Digo figura ilustre pois o Guia e Professor Lázaro começou como carregador em expedições no Kilimanjaro, aprendeu a falar inglês com os estrangeiros que participavam das expedições, subiu para o posto de guia, e foi o idealizador e fundador de um projeto muito importante em seu vilarejo.
 
Ele divide seu tempo entre guiar muitos grupos na montanha mais alta da África e cuidar e orientar um grande número de crianças numa escola ( 250 crianças ) que funciona em período integral para as crianças locais, e parte do tempo a cuidar de um orfanato em Moshi, onde ficam crianças de até uns 15 anos, a maioria de 4 a 7 anos. Algumas delas portadoras do vírus HIV. Contarei sobre a experiência de visitar esses dois lugares maravilhosos.
 
Dessa vez os duffel bags estavam mais leves de equipamentos, a montanhas não exige equipamento técnico de escalada, e indo com mais frequência para as montanhas acabei aprendendo a levar somente o necessário! Acho que estou me transformando num exemplar raro tipo “ogra” da montanha. 
 
Malas prontas, depois de um domingo de plantão 24 horas, numa segunda feira, agitada pela manhã, pois precisei passar num outro plantão para tirar uma foto para uma entrevista que fizeram com médicos com hobbies diferentes ( me encontraram por causa das montanhas, um colega da faculdade falou que eu era alpinista rsrs, melhor montanhista! ), o transporte reservado com o Sr. Miguel, e conheço uma das participantes da expedição trocando mensagens por telefone, horas antes de ir para o aeroporto. Sabia que no mesmo voo naquele dia iam eu e Helena. Acabamos por combinar ir juntas, e assim a viagem começou, com a aventura de chegar ao aeroporto de Guarulhos às 15 horas, em plena segunda feira, antes do terrível trânsito da cidade de São Paulo começar.
 
Chegamos ao aeroporto e despachamos nossas bagagens. Dias antes consultei uns amigos que haviam feito a mesma viagem meses antes. Foi engraçado pois um deles fez uma rota parecida com a nossa e disse que tudo foi tranquilo, sem problemas com malas, vistos ou conexões. Já outros dois me orientaram a ter muito cuidado com as conexões, que a empresa aérea mudaria dentro da África, e que eu teria que pegar as bolsas marinheiras e depois despachá-las novamente…. Bom… Quando me informei sobre os voos, me disseram que tudo ia direto, mas fiquei meio preocupada. Eram 2 escalas, passando por 3 países diferentes, um dos amigos disse que teria que pegar visto no país onde fizéssemos a conexão. Confuso… Não ia sair da área de embarque… Enfim, minha colega de viagem também tinha essa dúvida. Embarcamos, e resolvi ver o que dava, uma coisa já não era mais preocupação, as malas iam direito segundo a atendente do Brasil da empresa que fomos. 
 
Sempre alguma emoção antes do avião decolar. Dessa vez comecei a conversar com o passageiro do lado e ele disse que o voo da noite anterior havia sido cancelado, problemas na aeronave, e que colocaram todos nesse voo que estávamos. Eu , como sempre, pensei “só falta ser o mesmo avião”. Mas e se fosse, o problema já devia ter sido resolvido. Entrega para o Universo e vamos lá. 
 
Primeira conexão, África do Sul, uma fila gigante, mas tínhamos tempo. Passamos por um setor de imigração, e fomos orientadas a ir para outro piso onde era o embarque para Nairobi, Puxei minha parceira de viagem, fomos para o outro piso, deserto, sem orientação, e também sem ninguém para barrar nossa entrada no local. Procuramos o tal guichê da empresa Precision Air, pela qual faríamos os próximos voos, mas onde estava o guichê? Depois de algum tempo viajando por aí, não espero muito para encontrar, já chego num balcão e pergunto, e nos encaminharam para outro guichê. Só que da Kenya Airlines! Ainda bem que perguntamos, senão estaríamos procurando o guichê até agora. 
 
Bilhetes de embarque impressos até o destino final, hora de embarcar. Nessa hora era onde meus amigos tiveram problemas com as malas, e vistos. Precisaram até verificar no guichê da empresa se os duffels haviam sido colocadas no novo voo. Nós, só tivemos que descobrir onde imprimir as passagens , o resto, passamos liso. As bolsas marinheiras foram direto, e ninguém nos barrou para pedir visto. Novo voo, um turbo hélice, pequeno, dividi o lugar com minha mochila que não cabia no compartimento de bagagem, de lanche castanhas de caju e suco. E algum tempo depois paramos em Nairobi para depois chegar no Aeroporto de Kilimanjaro onde teríamos que pagar o visto da Tanzânia. Aqui também, colegas falaram que o procedimento era confuso. Eu e minha parceira avistamos um guichê, fomos até lá, pouca gente na fila. Logo fomos atendidas e tivemos nosso visto colado e carimbado no passaporte. Sem muita demora. Saímos com nossas malas.
 
Nessa hora tivemos um pequeno transtorno. Na saída alguns são abordados e precisam passar pelo RX ( depois de algumas viagens com Pedro e Máximo aprendi a ficar atenta com a possibilidade de algum enrosco nessas horas, ouvindo histórias cômicas dessa dupla, tive minha estréia nesse tipo de “problemática” na volta do Aconcágua, quando já na sala de embarque em Mendoza, ouvi no auto-falante anunciarem meu nome, quando fui checar, acabei levada para um galpão onde antes de embarcar revistaram minhas malas despachadas… Passei sem problemas pela revista rsrs, e ainda recebi “Felicitaciones por el Cumbre de Aconcágua”… Equipos de escalada, podem causar essa revista inesperada em algumas oportunidades … ). 
 
Nossas malas estavam pesadas por causa das doações. A minha foi a primeira a ser barrada. Tive que abrir, e o segurança invocou com minhas doações. Expliquei que era material escolar para as crianças da Escola que íamos visitar, doações. Não me expliquei muito, ele tentou explicar algo, que não era permitido, mas me liberou. Já minha colega, com muitas roupas e bichos de pelúcia, complicou-se ao tentar explicar. E ficou mais tempo que eu tentando ser liberada pelo segurança. Muitas explicações sem nenhuma compreensão por parte dos seguranças, acabaram liberando minha colega, mas pelo que entendi, doações precisam ser notificadas. Recomendo para os próximos, dizerem que são coisas de uso próprio. Ou presentes para amigos! Não doações.
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Sobre o autor

Tatiana Batalha, natural de Mogi das Cruzes SP é médica ortopedista e montanhista, tenho escalado diversas montanhas como Aconcagua, Huayna Potosi, Acontango, Kilimanjaro e outras.

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