Meia Travessia do Tabuleiro: Perrengue Anfíbio (quase) abaixo de zero

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Não. Não me refiro à pernada q cruza o Ribeirão do Campo, q despeja suas águas na Cachu Tabuleiro e finda na Lapinha, no Espinhaço norte mineiro. Trata-se de outra caminhada bem mais ao sul, em Santa Catarina, q em 2 dias e meio bem puxados sai da pacata São Bonifacio (SC) e percorre td a acidentada crista da Serra do Tabuleiro até findar em Sto Amaro da Imperatriz, 27km à nordeste. Isso td localizado dentro dos limites do Parque Estadual Serra do Tabuleiro, q abriga uma das mais belas e preservadas regiões catarinense, provando assim q o estado tem atrativos trekkeiros q vão alem de suas praias douradas e seu quinhão de encostas da Serra Geral. Pelo menos com bom tempo.


A previsão meteorológica era medonha o bastante pra desanimar qq um. Só faltava desaconselhar inclusive sair de casa. Entretanto, era a única (e imperdível) oportunidade q dispunha p/ conhecer a tal Serra do Tabuleiro, da qual sua pouco conhecida travessia tava dentro de minhas pretensões montanhistas faz tempo. Engatilhada a anos após ter sido apresentado à dita cuja por uma antiga edição da revista “Aventura &amp, Ação”, cheguei ate a trocar alguma info básica com o autor da matéria mas nada tão detalhado.

E assim a travessia permaneceu um bom tempo na gaveta. Contudo, a idéia de realizar a pernada renasceu ao trocar figurinhas c/ o Edu Dupuy, gaúcho da gema, mas catarinense de coração, q conhecia aqueles rincões como ninguém e complementou as infos q dispunha com precisão e detalhamento incríveis. Ótimo, a pernada ganhava mais consistência, só faltava data precisa p/ me programar, o q revelou-se meio embaçado devido à responsa em SP e à ausência de logística apropriada. Mas qdo o Edu me chamou pra travessia já definindo data especifica não pensei duas vezes em topar logo de cara. Afinal, pra qq montanhista q se preze oportunidades como essa se deve agarrar com unhas e dentes, independente de qq coisa, inclusive o tempo. A má previsão na véspera, alias, foi motivo de colocar em xeque a pernada. Alias, naquela região do Tabuleiro tempo bom é coisa rara. Mas como era questão de “agora ou nunca”, encarei assim mesmo na torcida de q o tempo melhorasse no decorrer da pernada. E seja o q Deus quiser.

Bem, o prólogo acima foi apenas pra ilustrar as preliminares q antecederam a pernada propriamente dita, coisa de uma semana apenas feita na base de troca pura e simples de emails. Dessa forma, fazendo uso das milhas da minha irmã (q bom ter uma mais abastada e generosa!) desci em Floripa sob um céu nublado e respingos de fina garoa q atestavam um tempo ate (quase) melhor q o da “Terra da Garoa”. No saguão do aeroporto topei c/ o Aldem Bourscheit, jornalista brasiliense q tb participaria da roubada, e juntos zarpamos pro cafofo do Edu, moqueado ao lado da UFSC. Lá, entre goles de chimarrão, pinhão assado e aquecidos por uma aconchegante lareira, acertamos os últimos detalhes da pernada sob a algazarra da filharada do Edu, q deixaria a “Familia Dó-Re-Mi” corada de vergonha.

Na manha sgte pusemos o pé-na-estrada de fato,&nbsp, as 7:20, deixando a ilha em direção ao continente. O dia estava nublado porem sem chuva alguma, o q já era bom sinal. No caminho tivemos uma breve parada no “Engenho Boca da Serra”, um posto de conveniência a beira do asfalto onde tomamos nosso desjejum e encontramos o quarto integrante da trip, o biker Hendrik Fendel, proveniente de Blumenau. Havia mais duas pessoas q deram pra trás por conta do tempo, sabiamente. E assim o quarteto seguiu pelo asfalto da BR-282, onde uma placa laconicamente nos saudava “Bem-vindos ao Vale Europeu”.

Em Águas Mornas, cruzamos o manso Rio Cubatão e fomos pra Caldas da Imperatriz, conhecida estância hidrotermal no meio da serra, onde deixamos a saveiro do Hendrik, as 8:45, próximo do hotel do mesmo nome. Assim, teríamos garantido nosso resgate no final da travessia. Zarpamos então em definitivo ao inicio de nossa pernada, pisando fundo novamente no asfalto da BR-282 agora indo em direção á São Bonifacio, ao sul. No caminho já avistávamos o verdejante paredão serrano q teríamos encarar nos próximos 2 dias, cujos cumes apresentavam-se totalmente encobertos por densas brumas cinzentas.

Deixamos o asfalto pra ganhar uma estrada de terra q se embrenhou sinuosamente em meio à serra, serpenteando encostas forradas de mato e pasto. Sitios e chácaras pipocam nesta zona onde o Rio Cubatão rasga o vale, à nossa direita. Destaque pras inúmeras pinguelas q cruzam o rio, prum antigo forno e pros convidativos pés de mexericas (cheios!) q ornam o caminho. Mas um tempo depois, após tomar uma porteira à esquerda, já não há mais nada no mesmo instante em q a estrada embica serra acima num trecho bem mais precário, q lembra muito aquela lamacenta subida de São Jose do Barreiro ao PN Serra da Bocaina, no RJ.

Pois bem, totalizando quase mais de 40kms após um tantão patinando aqui e ali, finalmente desembocamos no final da estrada, já nos domínios da rústica Fazenda Weber as 9:50, na cota dos 750m, onde somos recebidos pela pitoresca Dorotéa Weber. A robusta mulher de mãos calejadas – q aparenta bem mais do q deve ter – é o retrato da rusticidade da gente do campo. Enqto estávamos agasalhados ate a alma e cheio de fricotes em não sujar a bota na lama, a mulher chafurdava a mesma com pés descalços com simplória vestimenta, ignorando o frio ao redor. Nos contou q criam gado pra leite, plantam pra subsistência e vendendo (ou trocando) seu excedente, ela e seus irmãos de descendência alemã, atuais proprietários daquelas terras faz quase um século. Uma vida dura, sem duvida. Recebem poucas visitas, mesmo tendo uma bela e enorme cachu do lado, onde o Rio dos Porcos despeja suas águas a mais de 40m de altura.

Ajeita aqui e ali, jogamos a mochila nas costas e pusemos enfim pé-na-trilha, ou melhor, pé-na-lama as 10:15!&nbsp, Tomando a precária estrada q sai atrás do emporcalhado curral, sobe-se um morro em breve ziguezague q logo nos lança à sua encosta esquerda, onde encontramos os irmãos e sobrinhas da Dorotéa roçando a morraria. Acenamos cordialmente e damos prosseguimento à pernada, agora bordejando um laguinho pela direita. Mas logo a estrada transforma-se num precário e largo trilho, q galga suavemente a morraria sgte, alternando-se em pasto, brejo, lama e merda. Uma fina e imperceptível garoa fustigava nosso rosto mas nada q impedisse a trip, embora a cumeada da serra á nossa frente estivesse totalmente encoberta.

Atravessamos um gde brejal após um pequeno e decrépito casebre, saltando as pedras do q deve ter sido (ou é) a parede de contenção de uma suposta represa, pra dali ganhar altitude na morraria. Desviamos da principal por outro discreto trilho à esquerda ate ganhar os descampados de novo pastado mais adiante. Mas não demora a descer uma íngreme piramba através de sucessivos trilhos de vaca q nos jogam ao sopé do vale, mais precisamente ao pé-da-serra, onde ouvimos o marulhar da água q corresponde às nascentes do Rio dos Porcos. Mergulhamos então na mata, acompanhando o riacho ora através de uma margem ora por outra, saltando pedras ou nos valendo dos tufos de vegetação ou troncos na água, ate desembocar noutro amplo e gde descampado.

Novamente no pasto basta tomar à esquerda, subindo suavemente a vasta campina ate encontrar outra larga picada q mergulha na mata úmida, q íamos enxugando a medida q avançávamos. Dali em diante não tem erro, pois é subida ate o final. Inicialmente através de pedras e chão firme, o trilho embica de vez transformando-se num verdadeiro sabão de tão escorregadio, onde as mãos tornam-se tão úteis qto pés ao se firmarem na vegetação + consistente em volta.&nbsp, Mas bastava só esbarrar na mata q ganhávamos uma “chuveirada” de brinde, completando o serviço de nos ensopar em poucos minutos de caminhada. Entretanto,&nbsp, este detalhe passou desapercebido por conta do nosso ritmo ágil e rápido, q logo fez nossos inicialmente retesados músculos esquentarem a pto de eu (pelo menos) me desvencilhar do anorake q trajava.

Após dar num breve trecho aberto marcado por uma cerca e uma rústica porteira de madeira – provavelmente delimitando propriedade do parque – nos embrenhamos outra vez na mata desta vez descrevendo curtos e íngremes ziguezagues montanha acima, onde algumas frestas permitiam vislumbrar contrafortes serranos próximos envoltos em densas brumas. A vegetação, por sua vez, alternava-se entre túneis de bambus e voçorocas de samambaias, mas a medida q ganhávamos altura a mesma ia diminuindo de porte, limitando-se a pequenos arvoredos cobertos de liquens pendendo dos galhos com uma ou outra vistosa samambaia ornando sua base. A picada é obvia e em mais de uma ocasião se divide em mtas outras, pra mais acima convergirem num mesmo pto, sem gde dificuldade de orientação.

Após um largo trecho onde o desnível arrefece concentrando um enorme lamaçal, finalmente emergimos nos 1097m dos campos q caracterizam o alto da serra, as 12:40, ainda sob fina garoa. Acompanhando um filete da água escorrendo pelas pedras temos um breve pit-stop num amplo lajedo, onde mastigamos alguma coisa pra enganar o estômago. O cenário revela-se parcialmente encoberto, com a neblina brincando de esconde-esconde conosco ao revelar em doses homeopáticas os largos visus à nossa volta. Mas a parada não se estende por mto tempo pois assim q o sangue esfria nossos queixos voltam a bater freneticamente. Era preciso mantermos em movimento antes q os músculos congelassem.

A pernada prossegue subindo imperceptível e suavemente a ondulada morraria da crista à nossa frente, ora através dos lajedos úmidos, pelo capim encharcado ou por enlameados trilhos de vaca q eventualmente surgiam. A primeira impressão q tive deste topo de serra foi sua gde semelhança com os Campos do Quiriri, porém com um pouco mais de verde. Porem, conforme avançávamos pelo planalto nos distanciando da proteção da floresta, um vento feroz passou a nos castigar de forma inclemente, com chuva fina e fria. Muito frio, diga-se de passagem, e em mais de uma ocasião tive q “esconder” minhas mãos entre as costas e a mochila de modo a esquentá-las pois já não as sentia de tão geladas q tavam.

Ignorando este pequeno “detalhe”, continuamos a caminhada com o tempo piorando cada vez mais. O raio de visão não superava os 50m e o restante era td branco, cinza e opaco. Navegação visual era totalmente inútil e o q salvou a pátria foi a hábil navegação em conjunto do Edu e do Hendrik, q conhecem bem a travessia de 3 incursões anteriores, sendo uma delas apenas com sucesso justamente pelo tempo instável na região, bastante comum. Dessa forma prosseguimos nossa pernada em meio àquelas condições adversas, na esperança de uma possível trégua de São Pedro, sempre mantendo o otimismo.

Continuamos a pernada com o vento uivando na pradaria e a chuva nos atingindo na face, agora desviando pra esquerda e ganhando a encosta de um morro, onde tivemos por pouco tempo a proteção do mesmo contra o vento congelante. O visual à nossa volta era desolador, e a chuva intermitente as vezes abria janelas por pouco tempo, nos mostrando imensas e barulhentas cascatas se precipitando por tds as vertentes das montanhas ao redor, jorravam no vazio e se perdiam na neblina. Por breves momentos distinguíamos a tênue silhueta dos contrafortes serranos opostos pra depois a chuva abraçar outra vez td a paisagem.

Sempre cruzando a campina nua, rasgada pelo vento, pela chuva e pelo frio congelante, seguimos nossa danação em frente, norteados por nossos navegadores oficiais, pois trilhas se vaca se cruzam em varias direções não levando a parte alguma. Os rochedos q nominam o “Morro das Pedras” surgem logo na seqüência e, tal qual os monólitos de Stonehenge, coroam a vasta campina tal qual cerejas de um bolo abaulado de pasto. O local é singular e lembra uma mesa de sinuca gigante, mas as condições climáticas não permitem mta contemplação, infelizmente, mesmo estando na cota dos 1260m de altitude.

Contornando encostas fantasmagóricas, subindo e descendo ravinas seguindo trilhos de vacas, pisando em profundas poças d água e sempre sendo acoitados por um vento gelado dos infernos, não tarda a nossos pezinhos se verem totalmente molhados. Banhados viravam imenso brejo cheio de fundos poços, e o Aldem provou isso ao quase atolar a perna inteira numa pisada mal calculada.

Começamos então a longa e suave descida do Morro das Pedras através de gdes lajes de pedra e pela campina, cruzando duas vezes um belo rio q despencava encachoeirado serra abaixo. Mais adiante, sempre pela crista, topamos com a carcaça de um boi morto do lado de um córrego, q cruzamos em mais duas ocasiões, mais adiante. O som do vento só rivaliza com o de cachus despejando água abundante nas encostas próximas rumo fundos vales de ambos lados. Breves paradas são necessárias pra conferir nosso rumo, paradas estas q amaldiçôo por me fazerem tiritar de frio, com os músculos prestes a se retesar de frio, ameaçando entrar em greve. E não era pra menos já q estava totalmente encharcado, com água fria da chuva escorrendo pelo rosto pingando caudalosamente pela pta do nariz, provando q meu anorake não suporta chuvas mais intensas. O q me mantinha relativamente aquecido era a caminhada intensa e ininterrupta.

Prosseguimos a caminhada descendo a pradaria em meio ao espesso nevoeiro ate conseguir avistar um enorme platô no vale sgte, ideal pra estacionar. Era consenso geral optar pernoitar num lugar baixo, seguro e protegido e não na crista exposta. Dito e feito. Chapinhamos o ultimo trecho de brejo pelo capinzal ate ganhar o dito vale, q tinha ate um belo córrego com água abundante à nossa disposição, muitas araucárias e vestígios de um antigo curral. Como a baixada estava totalmente tomada por enormes banhados, buscamos um cocoruto forrado de capim um pouco mais elevado e seco. E assim, com o tempo nos concedendo uma breve trégua pra armar as barracas, acampamos as 15:50 na cota dos 950m de altitude. Na busca, Hendrik vai ao delírio ao encontrar uma ponta de flecha feita de pedra lascada, uma relíquia arqueológica provavelmente vinda dos antigos habitantes da região, os índios carijós.

O termômetro do Hendrik tb marca exatos 4 graus, mas o vento forte fazia a sensação térmica despencar mais baixo q bunda de sapo! Ensopado ate a alma então, nem se fala.. Uma coisa é o frio seco. Outra bem diferente é o frio molhado. Como de costume não me fiz de rogado pois mal montei a barraca me enfiei nela pra não sair mais. Troquei as vestes úmidas por outras mais secas e aconchegantes e me enfiei no saco-de-dormir afim de descansar das agruras daquele dia sofrido. Recusava-me a sair dali nem por ordens expressas do alto comando.

Comi meu lanche enqto os demais preparavam sua janta liofilizada ao relento, onde um whisky serviu de aperitivo pra aquecer o corpo e o espírito. Lá fora o tempo ameaçou abrir, revelando as cachus e montanhas ao redor, mas foi apenas uma brincadeira de mau-gosto de São Pedro, q não teve dó nenhuma da gente e novamente encobriu td sob novos respingos vindos do céu, colocando em xeque a travessia. No entanto, ainda estávamos confiantes q o dia sgte teríamos condições melhores principalmente pq a previsão meteorológica anunciara q o domingo estaria apenas parcialmente nublado, sem nenhuma precipitação. Pois é, a esperança é a ultima q morre.

Na seqüência, encasulado e protegido, me limitei a ouvir as estórias do Edu no Lanin e do Hendrik e Aldem na Isla Navarino, ate q o sono falou mais alto e apaguei completamente antes mesmo da noite, fria e úmida, lançar seu manto negro sobre o alto do Tabuleiro. Acordei varias vezes de madrugada apenas pra constatar q lá fora chovia incessantemente, minando cada vez mais minhas esperanças de termino da pernada. Apesar disso, dormi confortavelmente e sem infiltração nenhuma, já calçado da minha experiência anterior no Quiriri. E tornei a dormir profundamente torcendo pro dia sgte despertar mais promissor.

A manha de domingo por sua vez irrompe com chuva e imersa num denso nevoeiro, jogando a pá-de-cal definitiva em nossas pretensões de conclusão da travessia. Conversando através das barracas chegamos a conclusão q não valia a pena dar continuidade àquele perrengue desnecessário, pois não havia ninguém com a obrigação de pagar promessa, ate pq era perigoso naquelas condições. O Edu e Hendrik argumentaram com sensatez q o ultimo trecho requeria um extenso vara-mato, com direito a escalaminhada em rocha ate o alto do Pico do Tabuleiro, escalaminhada esta q seria feita mediante rochas molhadas e escorregadias, no caso. Fui voto vencido e aceitei o óbvio, retornar. Pra nossa saúde a melhor decisão realmente era mesmo voltar, mesmo q à contragosto. Paciência. Não valia a pena se arriscar naquelas condições, q tb não permitia visual algum. Alias, foi um verdadeiro sucesso termos conseguido chegar ate ali nos 12km percorridos desde a Fazenda Weber, em quase 600m de desnível. Se até um caramujo e um enorme minhocoçu vieram se alojar na minha barraca buscando proteção do temporal isso devia significar alguma coisa.

Levantamos acampamento sob chuva fina, mas o pior mesmo foi trajar outra vez a roupa úmida e calçar as botas geladas! Afee! Com a mochila pesando o dobro, zarpamos dali por volta das 9:30 da manha, refazendo td o caminho do dia anterior. Os brejos haviam aumentado, as turfas encontravam-se mto mais esponjosas, as cachus e córregos estavam com volume redobrado e pelas trilhas de vaca agora corriam verdadeiros rios! Um cenário q deixaria Noé contente e digno do préstimo de seus serviços. É, a melhor coisa foi mesmo voltar. Desta vez me cobri de um plástico extra q me deu aparência de “tenda do MST ambulante”, mas q serviu mto bem ao seu propósito, pois a chuva, vento e frio continuaram castigando a campina do alto da serra. O único destaque da volta foi uma enorme cobra azul morta no caminho, vai ver q afogada pela chuva.

O inferno dos campos abertos teve fim qdo mergulhamos na proteção acolhedora da floresta e da mata fechada, q descemos rapidamente a passos largos. Pra chegar no Rio dos Porcos (onde afundamos o pé na água sem cerimônia alguma!) e a estrada de terra inicial foi um piscar de olhos, e assim as 15hrs alcançamos a Fazenda Weber. Roupas foram irremediavelmente trocadas e botas molhadas deram lugar a meias secas e chinelos fazendo nossos pés ressuscitaram. Tocamos então rumo Floripa, mas não sem antes novamente passar no “Engenho Boca da Serra” e mandar ver um rango quente e consistente, ideal pra fechar nosso perrengue aquático no alto da serra.

Dois dias depois meu vôo decolava cedinho de SC sob um céu de brigadeiro desprovido de qq nuvem e um sol espalhando seus raios pela ilha de forma deslumbrante. Pois é, nessa ironia do destino parecia q Floripa não bastava se despedir de mim mostrando a língua sarcasticamente como tb fazia questão de fazê-lo estendendo o dedo médio na minha direção, rindo da minha cara. “Td bem”, pensei, “Um a zero pra vc, Tabuleiro! Me aguarde.”&nbsp, De fato, a serra ainda estará lá numa próxima ocasião. Já conheço os acessos e a logística envolvida, tenho cartas necessárias assim como familiaridade c/ o terreno/trilha, portanto a conclusão da pernada é mera questão de tempo e oportunidade. Basta acertar ponteiros, nada mais. E claro q a trip valeu, seja pela experiência válida como pelos novos amigos feitos. Sempre vale. Independente disso, a Serra do Tabuleiro surge como uma ótima nova opção pra caminhadas serranas, pois não se limita apenas à travessia em si mas a diversas outras pernadas q se desdobram em tds as direções dos demais espigões serranos q derivam do maciço principal. E de preferência com bom tempo, claro!

Fotos: Jorge Soto e Aldem Bourscheit
Jorge Soto
http://www.brasilvertical.com.br/antigo/l_trek.html
http://jorgebeer.multiply.com/photos

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Sobre o autor

Jorge Soto é mochileiro, trilheiro e montanhista desde 1993. Natural de Santiago, Chile, reside atualmente em São Paulo. Designer e ilustrador por profissão, ele adora trilhar por lugares inusitados bem próximos da urbe e disponibilizar as informações á comunidade outdoor.

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