Messner recebe bota de irmão 54 anos depois do seu desaparecimento

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O montanhista Reinhold Messner recebeu o segundo pé da bota que seu irmão Günther Messner usava quando sofreu um terrível acidente no Nanga Parbat, em 1970. Assim, se encerra um dos capítulos mais tristes e emblemáticos do montanhismo mundial.

Reinhold recebendo o pacote com o calçado de Günther

Os irmãos Messner estavam descendo do cume dessa montanha de oito mil metros no Paquistão quando foram surpreendidos por uma avalanche. Os dois já estavam exaustou antes do acidente, pois estavam completando a primeira travessia do Nanga Parbat, na qual haviam subido pela encosta Rupal, atingido o cume a 8126 metros e descido pela encosta do Diamir.  Reinhold que seguia mais a frente sobreviveu ileso e voltou para procurar o irmão. Segundo relatos do próprio montanhista, ele estava muito cansado e ainda assim continuou rastejando pela neve a procura de Günther.

Sem sucesso nas buscas, ele seguiu com o que lhe restava de forças até um vale na base da montanha onde foi encontrado por pastores após cinco dias na montanha. A tragédia perseguiu Reinhold por quase toda sua vida, pois além de perder seu irmão, ele também foi acusado por outros integrantes da expedição de ter abandonado Günther para morrer na montanha e até mesmo de ter tentado contra a vida dele.

A descoberta do restos mortais

Essa polêmica acompanhou o montanhista italiano por anos. No ano 2000 um pedaço do osso da fíbula foi encontrado e comprovou por meio de exames que pertencia ao irmão desaparecido. Em 2005, os restos mortais de Günther e uma das botas foram descobertas. Apenas em 2022 quando a segunda bota que Günther usava foi localizada no sopé do Glaciar Diamir, Reinhold conseguiu comprovar de uma vez por todas a sua versão da história.

Após exames para garantir que era realmente o calçado de Günther, a peça foi levada pessoalmente pelo Liver Khan até Reinhold em sua casa. Hoje, o segundo sapato de Günther finalmente chegou do Paquistão, e Liver Khan me entregou hoje, finalmente refutando as teorias da conspiração sobre Günther e a tragédia de Nanga Parbat. Günther, obrigado e estou pensando em você”, publicou o montanhista em suas redes sócias.

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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