O tempo está fechado, com jeito que vai chover, um cenário que parece desanimador para esportistas… Mas, para quem pedala, as condições climáticas nem sempre atrapalham na hora de aproveitar o dia de folga. Em Teresópolis, as muitas possibilidades de trajetos de mountain bike permitem que o ciclista realize sua atividade mesmo quando São Pedro “resolve não colaborar”. Logicamente, em dias de chuva, e consequentemente lama e caminhos escorregadios, a atenção deve ser redobrada. Mas um pouco de barro e poças pelo caminho não são problema para fazer trajetos como Posse x Arrieiro x Engano x Santana x Holliday, entre Primeiro e Segundo Distritos, o qual percorri recentemente – em um sábado que para muita gente seria de ficar em casa assistindo televisão ou hipnotizado pelas muitas opções da internet.
Para mim, mesmo desde antes dessa evolução tecnológica que facilita por um lado e atrasa tanto a vida de muita gente por outro, ficar parado e vidrado em uma tela, qualquer que seja ela, sempre foi mais tortura do que benefício. Dessa forma, a possibilidade de chuva não foi impedimento para que eu colocasse minha “magrela” na pista para registrar o roteiro acima para a próxima temporada do programa Mochileiro na DIÁRIO TV, que vai ao ar em breve.
Chora na rampa!
A primeira etapa do trajeto é no Primeiro Distrito, atravessando os bairros da Cascata do Imbuí e Posse, bastante afetados na Tragédia de 2011 e que, tanto tempo depois, ainda guardam marcas da maior catástrofe natural do país. Pouco após a Capela de São Sebastião, o caminho é para a direita, atravessando a comunidade do Arrieiro.
Esse é o primeiro trecho com subida forte do trajeto, conhecido em famoso aplicativo utilizado para registrar distâncias e altimetrias como “chora na rampa”. Pontos íngremes e, no dia que fiz, por conta de muita chuva na véspera, bastante escorregadio. Nessa data, o “Rei da Montanha”, com cerca de 19 minutos da base ao topo, era o atleta Raphael Dorna. Para “pessoas comuns”, são aproximadamente 50.
Atenção na descida
Mas, como diz um ditado antigo, “tudo que sobe, uma hora desce”. Devagar e sempre, com atenção para não desequilibrar ou derrapar no lamaçal da subida do Arrieiro, venci a primeira montanha do dia. Logo após o final dela, começa a descida em direção ao Segundo Distrito, tendo à esquerda a imponente montanha de mesmo nome da localidade.
Bem no início da descida, existem duas opções. Em frente, para a “Estrada da Emboscada”. Virando à direita, a continuidade da Rincão do Vovô, caminho escolhido por mim para descer na direção de Santa Rita/ Fazenda Alpina por conta das condições do terreno citadas acima. Havia tanta lama e pontos escorregadios que o ônibus que atende a essas comunidades não estava subindo. Poucos muitos morro abaixo, com atenção para evitar desagradáveis surpresas, mais um cruzamento. Agora, peguei à esquerda em direção à localidade conhecida como Engano.
Resistência
Mas não havia me enganado. A ideia era contornar a montanha conhecida como Pedra Alpina, passar pelo Engano e chegar até outra divisão de Santa Rita, esta conhecida como Santana. Nesse ponto também ainda são bastante visíveis as marcas da forte enxurrada de 2011. Mas, assim com o lento processo de sucessão ecológica, os sobreviventes da catástrofe trabalham para recuperar suas propriedades e lavouras e, assim, continuar a viver no lugar onde nasceram e aprenderam a amar.
Projetando o futuro
Após a descida na localidade do Engano, um pequeno morro até chegar a outro cruzamento de estradas, estando à esquerda a antiga e bonita propriedade que dá nome a esse trecho, Fazenda Alpina. Segui pela direita, em direção novamente a Santa Rita. No sentido contrário, a estrada leva até Cruzeiro ou Andradas.
Nessa região, outra dica é uma paradinha na sede do Parque Natural Municipal Montanhas de Teresópolis. Localizada na antiga Fazenda Urso Branco, oferece opções de lazer para público de todas as idades, como uma pequena e convidativa trilha, um pequeno parque e até uma quadra. Tal atrativo é um dos caminhos para a recuperação dessa região através do turismo ecológico.
Mais subida
Da sede do PNMMT, voltei para a região central do município através da localidade do Holliday. Já havia pedalado 26 quilômetros e teria mais 17.7 até chegar em casa, boa parte em subida. Mas, bora lá. Devagar e sempre. No total foram 43.7 quilômetros, com altimetria (somatória de “morros” subidos) de 1.239 metros.
Tais números são importantes para referenciar interessados em repetir esse trajeto, mas, como sempre digo aqui, eles podem variar de acordo com o roteiro escolhido nessa região e, mais valoroso que isso, é fazer de acordo com sua preparação e aproveitando ao máximo a atividade – que muito além de física, deve fazer bem para a mente.
No final da pedalada, uma parada para lavar a bicicleta: Havia tanta lama que ela deveria estar pesando uns três quilos a mais… Depois da água, lubrificação para evitar prejuízos futuros. Manutenção é extremamente importante para garantir ida e volta com segurança, assim como o treinamento para suportar distâncias e “montanhas” cada vez maiores. O registro dessa pedalada vai ao ar na próxima temporada do Mochileiro na DIÁRIO TV, que vai mostrar ainda outros roteiros de mountain bike e, logicamente, trilhas e vias de escalada. Até lá!
2 Comentários
Mandou muito bem. Parabéns!
Muito obrigado… E bora pedalar!