Narrativa Nez Percé

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Há livros que têm o poder de mudar a nossa vida. Bernie Krause, cuja vida mudou, escreveu o maravilhoso livro A Grande Orquestra da Natureza. Há nele uma narrativa de uma anciã indígena, que muito me emocionou- o relato de Elisabeth Wilson, da nação dos Nez Percé. Eles protagonizaram a última grande batalha indígena contra o exército norte americano, depois de uma heroica retirada de 2 mil km. Seus descendentes ocupam hoje uma reserva em Idaho, onde criam cavalos mestiços da raça Appaloosa.

Acampamento Nez Percé em Idaho, EUA

A forma como os xamãs se encontravam com os espíritos guia

O contato com os animais ou com quem quer que seja,
Eles ficavam dançando a cada inverno.
Ficavam fortes e recebiam o poder. Recebiam o poder
Tudo era diferente.
Deve ter sido naqueles tempos quando tudo era diferente,
O ar limpo, a mata, e assim eles podiam entrar em contato com os animais.
Mas acho que hoje não podem mais.
Acabou tudo – com o barulho e tudo mais…
Certo! Os dias das lendas vão terminar; a humanidade vem chegando.
Nada de dias de lendas.
Nada disso volta.
E eles ficarão tristes como eu,
Com o coração partido porque minha última filha
Não vai voltar nunca mais.
É a morte que a leva,

E é assim que vai ser.

Cavalos Appaloosa dos Nez Percé

Eu vago solitária pelas montanhas mais altas,
Caminhando até a nascente dos riachos.
Eu nunca estou lá embaixo, nas terras civilizadas.
Fico aqui nas alturas selvagens.
Daqui a alguns anos as pessoas vão perder seus filhos únicos,
E vão sentir isso que eu sinto, tristeza.
E é por isso que estamos assim hoje em dia.

É a tristeza que nos alcança.

Guerreiro Nez Percé a Cavalo

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Sobre o autor

Nasci no Rio, vivo em São Paulo, mas meu lugar é em Minas. Fui casado algumas vezes e quase nunca fiquei solteiro. Meus três filhos vieram do primeiro casamento. Estudei engenharia e depois administração, e percebi que nenhuma delas seria o meu destino. Mas esta segunda carreira trouxe boa recompensa, então não a abandonei. Até que um dia, resultado do acaso e da curiosidade, encontrei na natureza a minha vocação. E, nela, de início principalmente as montanhas. Hoje, elas são acompanhadas por um grande interesse pelos ambientes naturais. Então, acho que me transformei naquela figura antiga e genérica do naturalista.

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