Nepal impõe novas regras para escalar o Everest

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Autoridades nepalesas querem melhorar as condições de segurança e resgate dos alpinistas, bem como evitar a proliferação de conflitos com as populações locais.

Os alpinistas que pretendam escalar o monte Everest, o ponto mais alto do mundo, vão passar a ter regras mais apertadas a partir de janeiro de 2014. As autoridades nepalesas anunciaram esta semana as alterações, que pretendem, sobretudo, melhorar as condições de segurança dos alpinistas, ao mesmo tempo que procuram reduzir eventuais picos de conflito com as populações locais.
 
Segundo informações divulgadas pela BBC News, as autoridades nepalesas decidiram criar uma equipa governamental permanente no acampamento base do Everest. Isto porque as autoridades têm sentido muitas dificuldades em conseguir, a partir da capital do país, fazer a correta gestão das escaladas.
 
Purna Chandra Bhattarai, diretor da divisão da indústria do turismo no Nepal, salienta que a criação do Centro de Atendimento Integrado não só mostra a vontade do Governo em regular a atividade, como vai também facilitar a vida aos alpinistas, uma vez que lhes irá fornecer não só sistemas de comunicação, como também serviços de segurança. “Quando temos a presença do Governo no terreno a mensagem de que ‘ a violação da lei será punida’ torna- se mais clara e objetiva”, frisa.
 
Ao longo dos últimos anos, muitos alpinistas têm- se queixado da falta de apoio das autoridades locais na hora de fazer as escaladas. Muitos têm- se queixado de que os oficiais de ligação do Governo raramente saem do conf orto de Kathmandu. “E mesmo quando saíam, eles eram apenas responsáveis pelas equipas de expedição e não por todo o sistema de gestão da escalada”, admite Bhattarai. Que defende que o que se pretende é que haja “uma monitorização mais próxima e em tempo real da expedição, de modo a que a informação do sucesso da mesma chegue primeiro às autoridades e não ao resto do mundo, como sucedia até agora”.
 
A nova legislação pretende ainda acabar com uma competição crescente que tem o intuito de estabelecer recordes bizarros. “Temos assistido a casos de alpinistas que querem registar a chegada ao cume fazendo o pino ou despindo- se por completo. “Esses comportamentos não auguram nada de bom para a dignidade do Everest, que é um ícone mundial”, sublinha Ang Tshering Sherpa, presidente cessante da Associação de Montanhismo do Nepal, uma organização de guias de expedições.
 
As equipas governativas vão também ter poderes legais para solucionar qualquer tipo de disputa. Os especialistas que ajudaram na redação da lei admitem que esta é uma resposta a um conflito que terá ocorrido em abril último entre alpinistas profissionais e sherpas, que normalmente acompanham as equipas de escalada.
 
Certo é que a criação de uma equipa fixa no acampamento pode melhorar toda a operação relacionada com a segurança de uma escalada cada vez com maior valor turístico. Mas que é também das escaladas mais perigosas do mundo e que já vitimou inúmeros alpinistas. Segundo o sítio Rock Climbing for Life, entre 1921 e 2006 morreram no Everest 212 pessoas das 8030 que o tentaram escalar. Mais de metade das mortes ocorreram na descida do cume. Dados que o Governo do Nepal quer contrariar.
 
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Texto publicado pela própria redação do Portal.

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