Nirmal Purja, o escalador dos oito mil em tempo recorde

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Nirmal Purja no Nanga Parbat

Na última semana, um nome voltou a se destacar na mídia especializada em esportes outdoor e de montanha. Nirmal Purja chamou a atenção chegar ao cume do Broad Peak (8.051 m) dois dias após ter feito cume no K2 (8.611 m). Ele e seus amigos foram os primeiros a pisarem no topo da temida montanha da morte nessa temporada. O Broad Peak foi a 11ª montanha com mais de oito mil metros escalada por ele em apenas três meses.

Em maio ele já havia batido um recorde em alta montanha, escalando três picos de oito mil em apenas três dia, foi quando concluiu a escalada do Lhotse (8.516 m), Monte Everest (8.848 m) e Makalu (8.481 m).

Mas quem é esse escalador?

Nirmal Purja conhecido como Nimsdai ou Nims é um nepalês de origem Sherpa de 34 anos. Ele é nascido em uma pequena vila chamada Myagdi, perto de Dhaulagiri, a 1600 metros de altitude.

Nims entrou para a carreira militar aos 18 anos e foi soldado em tempo integral a serviço do governo britânico como membro do famoso Gurkhas e depois na elite das Forças Especiais Britânicas – Special Boat Service (SBS)até o inicio desse ano. Isso talvez explique a disciplina e a coragem que demonstra em suas escaladas.

Em 2012, o então soldado de elite começou a escalar. Sua primeira montanha foi o Lobuche East sem nenhuma experiência anterior.  Em 2014 fez seu primeiro oito mil o Dhaulagiri e em 2016 chegou pela primeira vez no cume do Everest.

Com a carreira estável no exército e faltando apenas seis anos para ter o direito de aposentadoria, Nirmal renunciou o seu trabalho para investir na carreira de alpinista. Foi quando ele elaborou o “Project Possible 14/7” que visa escalar todas as 14 montanhas acima de oito mil metros em apenas 7 meses e saiu em busca da arrecadação de fundos para viabilizar o seu projeto.

Sem muito tempo de experiência, Nims tem se superado no montanhismo mundial

E assim, após reunir algum dinheiro começou a escalar as maiores montanhas do mundo. No final de abriu ele chegou ao ponto mais alto do Annapurna (8.091m) e na sequência no Dhaulagiri (8.167m) e Kanchenjunga (8.586m). Ainda em maio ele fez mais três cumes em apenas três dias: o Lhotse (8.516m), o Everest (8.848m) e o Makalu (8.481m).

No mês de julho, Nims viajou para o Paquistão onde escalou mais cinco montanhas em menos de um mês: o Nanga Parbat (8.126m), o Gashebrum I (8.068m), o Gasherbrum II (8.035 m), o K2 (8.611m) e o Broad Peak (8.051m).

Além da espantosa rapidez com que fez todas essas montanhas, Nirmal também se destacou por não ter usado oxigênio suplementar e por ter ajudado a fixar as rotas na maioria das montanhas ao lado de seus companheiros Sherpas.  Ele participou ainda de dois resgates dramáticos na “zona da morte” o que é extremamente trabalhoso e complicado em situações tão adversas. Um deles foi no Annapurna, considerada a montanha mais mortal do mundo, onde ajudou a baixar o médico e alpinista Wui Kin Chin.

Nirmal Purja no topo do Annapurna

Nims planeja terminar o seu projeto entre os meses de setembro e outubro, quando o outono iniciará no hemisfério norte. As três montanhas que faltam para ele escalar são o Manaslu (8.156m), o Cho Oyu (8.201m) e o Shisha Pangma (8.013 m).

Clube dos oito mil

Escalar uma alta montanha não é fácil, mesmo com todo apoio e equipamentos que os escaladores podem ter hoje em dia, essa é uma tarefa árdua e que exige muita persistência e força a quem se propõe a fazê-la.

Agora imagine escalar todas as montanhas com mais de oito mil metros de altitude do planeta. Esse desafio foi proposto por Reinhold Messner que completou pela primeira vez os chamados “8.000s” em 1986, 16 anos após o início do projeto.  Cerca de 40 outros alpinistas conseguiram o feito e muitos morreram tentando concretizá-lo. Atual tempo recorde é de sete anos e 11 meses do polonês Jerzy Kukuczka.

Messner publicou uma coluna no jornal italiano Gazzeta dello Sport sobre o jovem escalador. Nela o mestre dos alpinistas se diz curioso e na expectativa dos novos feitos de Nirmal Purja. E comenta “Fiquei surpreso com sua decisão e sua segurança. Ele está totalmente imerso neste jogo. Mesmo economicamente: se ele tivesse ficado nos gurkhas, uma pensão muito lucrativa teria sido garantida e, por outro lado, ele teria que hipotecar sua casa para tentar subir os quatorze oito mil em apenas sete meses. Agora ele só faltam três e o maior obstáculo que ele tem que superar é a permissão chinesa para escalar Shisha Panga e Cho Oyu.”

 

 

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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