Noite de Consagração: Os Vencedores do Mosquetão de Ouro 2025

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A comunidade de montanha brasileira conheceu na noite deste domingo (23) os vencedores do Mosquetão de Ouro 2025. A cerimônia, realizada durante o encerramento do Campeonato Catarinense de Escalada, celebrou desde feitos de exploração inéditos no sertão baiano até a dedicação de uma vida inteira às grandes altitudes.

Considerado o “Oscar” do montanhismo nacional, o prêmio reconhece os atletas e personalidades que expandiram os limites do esporte no último ano. Confira abaixo os detalhes de cada categoria e quem levou o troféu para casa.

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Categoria Montanhismo

Marlon Schunck

Vencedores: Marlon Schunck, Marcelo Melo e Thales Pordeus Ferreira. O Feito: O trio realizou uma expedição de fôlego e exploração na Bahia, completando a “Travessia das Serras Altas” (Gigantes do Nordeste). Em estilo ultraleve e autônomo, eles percorreram 145 km em 8 dias, conectando 20 dos 28 picos acima de 1.800 metros da região, incluindo o Pico do Barbado (2.033m). O feito destacou-se pelo purismo do estilo e pela valorização do montanhismo exploratório em território nacional.

 

Categoria Escalada

Edemilson Padilha

Vencedores: Edemilson Padilha, Valdesir Machado, Willian Lacerda, Daniel Amorim e Javier Franco. O Feito: A equipe conquistou uma nova e impressionante via de Big Wall no Espírito Santo, na Pedra do Cabrito (Castelo). Batizada de “Carpinteiro do Universo”, a via possui 910 metros de extensão e graduação elevada (7º VIIIa A2 E3 D5). Foram necessários 8 dias de trabalho árduo na parede vertical para abrir essa linha, reafirmando o Espírito Santo como a meca do Big Wall brasileiro e a capacidade técnica deste time de veteranos e novos talentos.

Categoria Altas Montanhas

Maria Tereza Ulbrich no Nepal.

Vencedora: Maria Tereza Ulbrich. O Feito: A montanhista paranaense consolidou-se como a mulher brasileira com o maior número de cumes acima de 6.000 metros nos Andes. Em uma temporada prolífica, ela ultrapassou a marca de 30 montanhas de 6 mil metros, escalando vulcões remotos na Puna do Atacama (como o Walther Penck e o Uturuncu). Sua consistência e volume de ascensões em alta altitude a colocam em um patamar de elite no montanhismo sul-americano.

Categoria Escalada Esportiva

Jordana Agapito da Paz

Vencedora: Jordana Agapito. O Feito: Jordana fez história ao elevar o nível da escalada feminina no país. Reconhecida por ser a primeira mulher latino-americana a escalar um Boulder de grau V12 (“Bonito por Natureza”, em Cocalzinho-GO), ela manteve a performance em 2024, sendo pioneira também na graduação de vias esportivas (11a). Sua vitória celebra a quebra de barreiras de dificuldade.

Categoria Montanhismo e Sociedade

Vencedor: Luis Monteiro (conhecido como “Lugoma”). O Legado: Uma figura carismática e central no montanhismo carioca e mineiro, Lugoma é reconhecido não apenas por suas escaladas, mas pelo seu papel agregador na comunidade. Sua atuação envolve a defesa do acesso às montanhas, ética na escalada tradicional e a manutenção da cultura de clubes, sendo um elo vital entre as gerações de escaladores.

Categoria Montanhismo e Ação Local

Integrantes do COSMO

Vencedor: COSMO (Corpo de Socorro em Montanha). A Missão: Sediado no Paraná, o COSMO é uma referência nacional em voluntariado e segurança. O grupo, que atua principalmente no Parque Estadual Marumbi, é formado por montanhistas que dedicam seu tempo à prevenção de acidentes, resgates técnicos e manejo de trilhas. O prêmio reconhece o trabalho silencioso e vital que garante a segurança de milhares de visitantes na Serra do Mar.

Categoria Vida na Montanha

Waldemar Niclevicz

Vencedor: Waldemar Niclevicz. A Lenda: O primeiro brasileiro a escalar o Everest e o K2 recebeu o prêmio pelo conjunto da obra. Com uma carreira que se confunde com a própria história do alpinismo profissional no Brasil, Waldemar continua ativo, liderando expedições e inspirando novas gerações. O prêmio celebra décadas de dedicação, desde a conquista do Trango Tower até os dias de hoje.

Categoria Homenagem Póstuma

Domingos Giobbi

Homenageado: Domingos Giobbi. A Memória: Giobbi foi um pioneiro. Além de sua fama como colecionador de arte, foi um dos primeiros exploradores a desbravar a Serra da Mantiqueira e outras regiões selvagens do Brasil em uma época sem infraestrutura. Sua paixão pela natureza e seu espírito aventureiro ajudaram a moldar o que entendemos hoje como montanhismo no Brasil.


Para saber mais: Detalhes completos e fotos dos vencedores podem ser encontrados no site oficial da premiação: www.mosquetaodeouro.com.br.

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Sobre o autor

Natural de Itatiba-SP e residente em Curitiba-PR desde 2007, Pedro Hauck é uma figura proeminente no montanhismo brasileiro. Sua formação inclui graduação em Geografia pela Unesp Rio Claro e mestrado em Geografia Física pela UFPR. Com uma carreira de mais de 27 anos, ele é guia de montanha profissional e instrutor de escalada credenciado pela ABGM, a única associação de guias de escalada profissional do Brasil. Seu currículo inclui a ascensão de mais de 180 montanhas acima de 4 mil metros, com mais da metade ultrapassando os 6 mil metros, além de um pico de 8 mil metros no Himalaia e dois de 7 mil. Pedro Hauck também atua como empresário do setor outdoor, sendo sócio da Loja AltaMontanha, uma das mais conceituadas lojas de montanhismo do país, da Via AltaMontanha, um dos maiores ginásios de escalada de Curitiba, e da Soul Outdoor, agência especializada em ascensão, trekking e cursos de montanhismo. Acompanhe Pedro Hauck no Instagram: @pehauck.

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