Começa aqui a mais longa série de colunas que escrevi para o Alta Montanha. Resolvi investigar todas as principais serras brasileiras. Como você poderá ver logo abaixo, serão 25 textos, desde os profundos cânions da Serra Geral no extremo sul do país até nosso ponto culminante no Neblina, ao longo da Serra do Imeri no extremo norte.
Gostaria de explicar porque me atrevi a abordar um assunto tão vasto e difícil. Residindo no Sudeste, já naturalmente conhecia os principais acidentes, como a Mantiqueira, o Caparaó e a Canastra.
Como tantos montanhistas com tempo e curiosidade, já havia me aventurado por nossas duas montanhas emblemáticas ao norte, o Roraima e o Neblina. Mas nunca pensara no mundo que haveria entre elas.
E também achava que conhecia o Espinhaço – até que encontrei numa estrada mineira um mapa contendo inúmeros parques de que nunca tinha ouvido falar. Eles ficavam basicamente entre a Serra do Cipó ao sul e a Chapada Diamantina ao norte. Foram esplêndidos cinco anos para conhecê-los todos. E aí terminei o Espinhaço.
Durante este período, visitei Caiapônia e Pantanal (neste caso, foram mais de três anos para percorrer suas muitas regiões). Sem que então soubesse, atravessei duas formações importantes e alinhadas no Centro-Oeste: as Serras de Maracaju e do Caiapó. Elas me levaram a pesquisar outras formações próximas em arenito, como o Espigão Mestre.
Esta era a situação em que estava três ou quatro anos atrás. E, então, me fiz uma pergunta: mas que serranias haveria para a conexão do Centro-Oeste com a Amazônia? Reparei que existia uma grande e desconhecida espinha dorsal entre estas regiões: o Roncador.
O Roncador foi uma viagem longa e árdua, num seco e quente inverno. E ela me abriu as portas para aquelas outras formações que o acompanham, desde Carajás até o Estrondo. É esse conjunto de serras que chega até a depressão amazônica – a partir dela, eleva-se o Escudo das Guianas que já conhecera.
Mas meu programa não estava ainda terminado. Pois era necessário também investigar como acontecia nosso relevo não só ao norte, mas também a leste e a oeste. No primeiro caso, isto correspondia basicamente à Serra do Mar, que já conhecia, e ao Planalto da Borborema, que visitei em seguida.
O segundo caso me exigiu visitas bem exigentes, do Cachimbo ao Divisor, já na fronteira do Brasil. No fim, restou o feroz e isolado Tumucumaque, novamente no calor amazônico. Eu o conheci dois anos atrás e peço agora que me acompanhe pelos muitos meses que esta série de artigos deve levar.
Mas, antes, gostaria de lhe apresentar o conteúdo, que procurei manter tão uniforme quanto possível entre as diversas serras. Naturalmente, descrevo o aspecto, a localização e o tamanho de cada uma, junto com sua formação geológica e sua importância histórica. Como sempre faço, incluo relatos sobre a flora e a fauna associadas a cada qual. Comento por fim as principais reservas naturais e cidades próximas.
Agora, um aviso: você não encontrará descrições de conquistas dos picos (ou outros acidentes) dessas serras, elas pertencem a outros tipos de relato. Nem sempre pude conhecê-las em detalhe, mas preferi mesmo assim incluí-las – quem sabe isto estimule meu prezado leitor a visitá-las, especialmente as mais remotas.
2 Comentários
Show de bola! Aguardando próximas colunas!
Começando a ler os relatos agora, 3/3/21. Que oportunidade maravilhosa!